Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
A entrada de Zúñiga em Neymar ainda vai render muito calor por muito tempo. O Comitê Disciplinar da Fifa abriu um processo e está analisando vídeos e relatórios da joelhada.
Zúñiga divulgou numa carta aberta: “Quero te enviar uma saudação especial, Neymar. Te admiro, respeito e te considero um dos melhores jogadores do mundo”, disse. “Espero sua recuperação, que volte logo, para que continue animado, vendo o futebol como um esporte cheio de virtudes e qualidades, que, sem dúvidas, sempre pus em práticas ao longo dos meus 12 anos como jogador profissional”.
Sim, a entrada foi dura - numa partida que teve 54 faltas, 31 delas cometidas pela seleção brasileira. Foi o jogo mais faltoso da Copa. Fernandinho, em particular, estava inspirado. Thiago Silva e Júlio César receberam cartão amarelo. James Rodríguez sofreu.
O homem foi imprudente, sem dúvida. Mas dificilmente quis rachar Neymar e tirá-lo do mundial. Para Thiago, Zúñiga não é “um cara maldoso”. Felipão afirmou que achava que a entrada “não foi intencional”.
Nada disso impediu Zúñiga de ser linchado nas redes sociais. Recebeu ameaças de morte, foi chamado de “macaco”, “preto sem vergonha”, “preto safado”, “monstro” e “maior vilão da história do futebol”. No Instagram, sua filha de 2 anos foi xingada de p…a, entre outras gentilezas. Sobrou para sua mãe também.
Faz parte, de certa maneira, do pacote de irracionalidade da torcida. O que não faz sentido é o estímulo e o endosso a essa atitude.
Como Sheherazades desportivas, Galvão Bueno e Luciano Huck se puseram a promover uma malhação covarde e demagógica de Camilo Zúñiga. Para Galvão, o colombiano praticou um “atentado”, usando de “maldade pura”.
Sua trupe de convidados, como sempre, foi instada a concordar com ele. Um humorista classificou Zúñiga de “marginal”. Caio Ribeiro, o comentarista mais anódino do Brasil, o Geraldo Alckmin da crônica, cravou que o inimigo “não visou a bola”.
No dia seguinte, tirando a sua casquinha costumeira, Luciano Huck definiu Zúñiga como “carniceiro” e “sem noção”. “Uma agressão, na verdade, que ofuscou a ousadia e alegria do futebol de Neymar Jr. Uma verdadeira sacanagem”, declarou em seu programa. “Não era a cena que gostaríamos de ver jamais. Um carniceiro tira o sangue de um moleque iluminado de 22 anos. Disseram no início que a arbitragem iria ajudar o Brasil. Pelo contrário. A arbitragem para mim está prejudicando o Brasil. Espero que a comissão de arbitragem [da Fifa] entenda a gravidade do lance e puna esse agressor”.
A indignação dos brasileiros é legítima, até o momento em que vira barbárie. Os berros raivosos e oportunistas de Galvão, Huck e seus asseclas, que teriam a obrigação de analisar os fatos com sobriedade para suas audiências, não têm desculpa. São incitadores da violência, espertalhões que estão de mãos dadas com cada maluco que ameaçou espancar uma garotinha de 2 anos.
Zúñiga divulgou numa carta aberta: “Quero te enviar uma saudação especial, Neymar. Te admiro, respeito e te considero um dos melhores jogadores do mundo”, disse. “Espero sua recuperação, que volte logo, para que continue animado, vendo o futebol como um esporte cheio de virtudes e qualidades, que, sem dúvidas, sempre pus em práticas ao longo dos meus 12 anos como jogador profissional”.
Sim, a entrada foi dura - numa partida que teve 54 faltas, 31 delas cometidas pela seleção brasileira. Foi o jogo mais faltoso da Copa. Fernandinho, em particular, estava inspirado. Thiago Silva e Júlio César receberam cartão amarelo. James Rodríguez sofreu.
O homem foi imprudente, sem dúvida. Mas dificilmente quis rachar Neymar e tirá-lo do mundial. Para Thiago, Zúñiga não é “um cara maldoso”. Felipão afirmou que achava que a entrada “não foi intencional”.
Nada disso impediu Zúñiga de ser linchado nas redes sociais. Recebeu ameaças de morte, foi chamado de “macaco”, “preto sem vergonha”, “preto safado”, “monstro” e “maior vilão da história do futebol”. No Instagram, sua filha de 2 anos foi xingada de p…a, entre outras gentilezas. Sobrou para sua mãe também.
Faz parte, de certa maneira, do pacote de irracionalidade da torcida. O que não faz sentido é o estímulo e o endosso a essa atitude.
Como Sheherazades desportivas, Galvão Bueno e Luciano Huck se puseram a promover uma malhação covarde e demagógica de Camilo Zúñiga. Para Galvão, o colombiano praticou um “atentado”, usando de “maldade pura”.
Sua trupe de convidados, como sempre, foi instada a concordar com ele. Um humorista classificou Zúñiga de “marginal”. Caio Ribeiro, o comentarista mais anódino do Brasil, o Geraldo Alckmin da crônica, cravou que o inimigo “não visou a bola”.
No dia seguinte, tirando a sua casquinha costumeira, Luciano Huck definiu Zúñiga como “carniceiro” e “sem noção”. “Uma agressão, na verdade, que ofuscou a ousadia e alegria do futebol de Neymar Jr. Uma verdadeira sacanagem”, declarou em seu programa. “Não era a cena que gostaríamos de ver jamais. Um carniceiro tira o sangue de um moleque iluminado de 22 anos. Disseram no início que a arbitragem iria ajudar o Brasil. Pelo contrário. A arbitragem para mim está prejudicando o Brasil. Espero que a comissão de arbitragem [da Fifa] entenda a gravidade do lance e puna esse agressor”.
A indignação dos brasileiros é legítima, até o momento em que vira barbárie. Os berros raivosos e oportunistas de Galvão, Huck e seus asseclas, que teriam a obrigação de analisar os fatos com sobriedade para suas audiências, não têm desculpa. São incitadores da violência, espertalhões que estão de mãos dadas com cada maluco que ameaçou espancar uma garotinha de 2 anos.
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