Há duas semanas, recebi uma ligação da sala de ações do Santander. O corretor insistia para que eu vendesse uma aplicação que tenho em ações da Petrobras. Com os papéis em alta, ele argumentava que era hora de vender. Como tenho também ações da Vale, igualmente em alta, argumentei que, por essa lógica, era melhor vender também estas.
Aí ele disse que era diferente. A Petrobras, segundo relatório a que ele disse ter tido acesso, estaria em dificuldades e a perspectiva para os próximos meses seria de queda na produção de petróleo.
Achei estranho e decidi que era melhor continuar com as ações da Petrobras e também da Vale. Minhas aplicações são bem modestas (é a minha poupança), e imagino que, para se lembrar de mim, o corretor deve antes ter feito o mesmo com clientes de maior expressão. Quando recebi o telefonema do funcionário do Santander, a ação estava em torno de R$ 19,00. Hoje, passa de R$ 20,00.
Imagino que outros aplicadores devem ter tomado a mesma decisão que a minha porque, se tivesse havido um grande movimento de venda dos papéis da Petrobras, como sugeria o corretor, o preço teria despencado. Escrevo este artigo porque penso que a orientação de venda de ações da Petrobras por parte do corretor está alinhada à carta que o Santander mandou aos clientes alertando para o risco de deterioração econômica no caso da reeleição de Dilma Rousseff.
Tanto no caso da carta quanto no da Petrobras, houve uma tentativa de manipulação de mercado, com repercussões políticas. Como repórter, não tenho interesse de defender nenhum governo. Meu trabalho é contar o que se passa. Também não é usual que eu me inclua nessas histórias. Mas, neste caso, o depoimento pessoal se torna imprescindível para entender um período relevante da história do nosso país.
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