Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Finalmente a desigualdade foi colocada no centro do debate eleitoral.
O maior desafio do próximo presidente é tirar o Brasil da abjeta condição de um dos campeões mundiais em iniquidade social.
Gosto de citar Rousseau: a sociedade ideal é aquela em que não há extremos de opulência e miséria.
Houve avanços nisso nestes anos de PT no poder. Mas, por conta de tantos compromissos pela governabilidade, tais avanços ficaram aquém do que a situação pede.
Melhor, exige.
A ênfase na inclusão veio – finalmente – de Dilma. Marina tem dito que vai chamar as “pessoas boas” para governar com ela.
Ela citou até Serra.
Bons são aqueles com compromisso com inclusão social, respondeu Dilma.
Descontado o fato de que a própria Dilma se cercou de muitas pessoas sem qualquer compromisso com inclusão, a colocação é perfeita.
“Inflação alta e crescimento baixo” é uma expressão idiota, cínica e oca que vem sendo repetida oportunisticamente por muitos candidatos.
Ora, ainda que isso fosse verdade, controlar uma inflação que não chega a 7% ao ano – tivemos já uma de 80% ao mês – e fazer crescer mais uma economia que se beneficiará da mitigação da crise econômica mundial são coisas simples diante da dificuldade histórica do país em desconcentrar renda.
A mídia contribui poderosamente para isso: quantas vezes, ao longo da história da imprensa nacional, se viu uma campanha contra a miséria vergonhosa de tantos brasileiros?
Nenhuma. Nenhuma vez. Claro: a distorção social brasileira tem sido brutalmente benéfica para as famílias que são proprietárias das empresas jornalísticas.
Os Marinhos, no caso mais conspícuo, estão no topo da lista de bilionários brasileiros. Nada menos que isso.
A verdade é que não adianta nada a economia crescer 10%, 20%, 30% ao ano e a inflação ficar em 0% se a riqueza continuar a ir para aquele grupo restrito e privilegiado de sempre.
Delfim Netto, na ditadura militar, consagrou a máxima – que hoje ele renega depois de tê-la dito tanto e tanto – de que o bolo tem que crescer para ser distribuído depois.
O problema é que, nesta lógica, o bolo nunca é grande o bastante para ser distribuído.
Coisas básicas para melhorar o quadro são simplesmente ignoradas pelos candidatos.
Taxar grandes fortunas, por exemplo.
Marina falou nisso? A presença da banqueira Neca Setúbal a seu lado deve ser um inibidor e tanto para tocar em tais assuntos. Melhor falar platitudes como “nova política” e romper a polarização entre PT e PSDB.
A própria Dilma falou nisso?
Coube a Luciana Genro, do PSOL, tocar no assunto em cadeia nacional, no debate da Band.
Dada a baixíssima intenção de votos de Luciana, é um grão de areia ela ter falado na taxação das grandes fortunas.
Mas é um começo.
O que a gente ouve e lêm em revistas, jornais e telejornais é a mistificação em torno das “altas taxas” de imposto do Brasil, uma pregação que no fim tenta legitimar a sonegação serial do chamado 1%.
Fiquemos com o básico, para voltar ao tema deste texto: bom é quem se compromete com a inclusão social.
O resto é silêncio, para usar a monumental frase de Shakespeare.
O maior desafio do próximo presidente é tirar o Brasil da abjeta condição de um dos campeões mundiais em iniquidade social.
Gosto de citar Rousseau: a sociedade ideal é aquela em que não há extremos de opulência e miséria.
Houve avanços nisso nestes anos de PT no poder. Mas, por conta de tantos compromissos pela governabilidade, tais avanços ficaram aquém do que a situação pede.
Melhor, exige.
A ênfase na inclusão veio – finalmente – de Dilma. Marina tem dito que vai chamar as “pessoas boas” para governar com ela.
Ela citou até Serra.
Bons são aqueles com compromisso com inclusão social, respondeu Dilma.
Descontado o fato de que a própria Dilma se cercou de muitas pessoas sem qualquer compromisso com inclusão, a colocação é perfeita.
“Inflação alta e crescimento baixo” é uma expressão idiota, cínica e oca que vem sendo repetida oportunisticamente por muitos candidatos.
Ora, ainda que isso fosse verdade, controlar uma inflação que não chega a 7% ao ano – tivemos já uma de 80% ao mês – e fazer crescer mais uma economia que se beneficiará da mitigação da crise econômica mundial são coisas simples diante da dificuldade histórica do país em desconcentrar renda.
A mídia contribui poderosamente para isso: quantas vezes, ao longo da história da imprensa nacional, se viu uma campanha contra a miséria vergonhosa de tantos brasileiros?
Nenhuma. Nenhuma vez. Claro: a distorção social brasileira tem sido brutalmente benéfica para as famílias que são proprietárias das empresas jornalísticas.
Os Marinhos, no caso mais conspícuo, estão no topo da lista de bilionários brasileiros. Nada menos que isso.
A verdade é que não adianta nada a economia crescer 10%, 20%, 30% ao ano e a inflação ficar em 0% se a riqueza continuar a ir para aquele grupo restrito e privilegiado de sempre.
Delfim Netto, na ditadura militar, consagrou a máxima – que hoje ele renega depois de tê-la dito tanto e tanto – de que o bolo tem que crescer para ser distribuído depois.
O problema é que, nesta lógica, o bolo nunca é grande o bastante para ser distribuído.
Coisas básicas para melhorar o quadro são simplesmente ignoradas pelos candidatos.
Taxar grandes fortunas, por exemplo.
Marina falou nisso? A presença da banqueira Neca Setúbal a seu lado deve ser um inibidor e tanto para tocar em tais assuntos. Melhor falar platitudes como “nova política” e romper a polarização entre PT e PSDB.
A própria Dilma falou nisso?
Coube a Luciana Genro, do PSOL, tocar no assunto em cadeia nacional, no debate da Band.
Dada a baixíssima intenção de votos de Luciana, é um grão de areia ela ter falado na taxação das grandes fortunas.
Mas é um começo.
O que a gente ouve e lêm em revistas, jornais e telejornais é a mistificação em torno das “altas taxas” de imposto do Brasil, uma pregação que no fim tenta legitimar a sonegação serial do chamado 1%.
Fiquemos com o básico, para voltar ao tema deste texto: bom é quem se compromete com a inclusão social.
O resto é silêncio, para usar a monumental frase de Shakespeare.
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