quinta-feira, 16 de abril de 2015

A crueldade na rádio Ku Klus Pan

Por Altamiro Borges

A rádio Jovem Pan – que hoje é um antro de direitistas furiosos e até foi rebatizada de rádio Ku Klus Pan – demitiu nesta semana um dos seus jornalistas mais respeitados. Cláudio Carsughi trabalhava na emissora há quase 60 anos e era conhecido por seus comentários esportivos. De forma truculenta, ele foi dispensado sob o argumento de redução de custos. Poucos dias antes, porém, a rádio Ku Klus Pan anunciou a contratação do provocador Danilo Gentile. Ela já havia incorporado a sua "equipe" outros dois fascistas notórios – Reinaldo Azevedo e Rachel Sheherazade. A crueldade contra Carsughi gerou uma onda de revolta entre os ouvintes e de críticas de outros profissionais da imprensa.

Segundo Flávio Ricco, jornalista do UOL, "foi impressionante o alto número de e-mails recebidos pela coluna, a partir do momento em que foi divulgada a notícia do Cláudio Carsughi. É de chamar atenção também a quantidade de pessoas que 'demitiram' a Jovem Pan de suas vidas". Luis Costa Pinto, ex-editor de Veja e Época, lamentou a postura da emissora e decretou o seu fim próximo. "O juízo já se havia ido há muito. Agora, está claro que perderam as estribeiras. A terceira geração descerrará a lápide da Jovem Pan". Já Humberto Mesquita, que foi apresentador e editor da Band e do SBT, protestou:

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Cláudio Carsughi. A grande sacanagem

Para poder abrigar esta geração reacionária que invadiu a outrora tradicional Jovem Pan, a direção resolveu demitir o mais antigo e competente profissional, o comentarista de esportes Cláudio Carsughi. A injustiça se comete em nome da reação, da deslealdade, da safadeza. Paulo Machado de Carvalho que foi o maior admirador de Carsughi certamente está se remoendo no túmulo com o absurdo praticado pelos seus filhos. O Dr. Paulo era um homem de visão, uma pessoa de bom caráter e que agia sempre com muita imparcialidade na condução da emissora. Hoje a Jovem Pan segue os passos dessa parte da mídia reacionária, parcial e aventureira que torce pela destruição do Brasil. Lamento pelo meu amigo e companheiro Cláudio Carsughi com quem trabalhei na antiga Rádio Pan -americana. Minha solidariedade ao grande jornalista.

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No mesmo rumo, o jornalista Tão Gomes Pinto, ex-diretor de redação da revista IstoÉ, lamentou:

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Quero juntar minha voz (já um pouco rouca) aos que protestam contra a demissão de Cláudio Carsughi, depois de sessenta (eu disse SESSENTA...) anos de grandes serviços prestados por esse jornalista notável à Jovem Pan, que na época de sua chegada, eu creio, era ainda a "Panamericana, a emissora dos esportes é fantástica...". Carsughi, com quem tive o prazer de trabalhar na extinta Edição de Esportes do Estado de São Paulo, era inesquecível, até pelo seu sotaque italo-brasileiro. Sempre foi muito mais do que um simples jornalista esportivo. É um homem de cultura, fala 5 idiomas, acompanha com tristeza a decadência moral do futebol brasileiro (e internacional). Sempre o considerei um 'mestre' e um mestre não pode ser demitido sumariamente. Ou melhor, poder, pode. Mas jamais deveria.

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O comentarista esportivo Cláudio Carsughi, de 82 anos, trabalhou na Pan entre 1957 e 1960; depois passou três anos na Bandeirantes e retornou à rádio Jovem Pan em 1963, permanecendo até 2015. Ele era figura constante nas transmissões de F1 da emissora paulistana e também era conhecido por seus comentários futebolísticos. Nascido em Arezzo em 13 de outubro de 1932, chegou ao Brasil em 1946 e fez carreira no jornalismo brasileiro, sem nunca perder seu sotaque italiano. Logo após a demissão, ele explicou a guinada recente da emissora:

A rádio está passando por uma mudança de perfil. Ela assumiu uma postura de direita, que nunca tinha tido. Sempre se ouvia os dois lados. Hoje tem uma posição frontalmente contrária ao PT, à Dilma, ao Lula. Talvez com isso espere o retorno publicitário com empresas do mesmo perfil.

Mais um dos seus comentários certeiros. Lamentável! É de se esperar que os ouvintes ainda não contaminados pelos fascistóides da emissora "demitam a Jovem Pan [ou Ku Klus Pan] de suas vidas".

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