Por Alberto Kopittke, no site Carta Maior:
Observação inicial: escrevo esse texto “inspirado” pelo vídeo de um jovem que agoniza baleado no chão sendo xingado e que está disponível na minha página do Facebook. O vídeo possui centenas de comentários de apoio e celebração.
O fascismo não é a chegada de um líder de massas ou um Partido, com um projeto totalitário ao poder. Ele é antes de tudo um estado de espírito da sociedade.
As imagens de Hitler e dos campos de concentração têm a importância fundamental de nos alertar até onde uma sociedade pode chegar, independente do seu chamado “grau de desenvolvimento” cultural. No entanto, essas imagens fortíssimas de seres humanos sendo exterminados em massa acabam por encobrir as formas menos “agudas” dessa faceta do comportamento humano.
Hannah Arendt sempre chamou a atenção que o mais perigoso do fascismo era a forma como as pessoas – sejam elas juízes, políticos, jornalistas, professores ou de qualquer outro tipo de profissão – aceitam passivamente a escalada de ódio, até que começam a participar dos seus mecanismos, como se não houvesse alternativas entre silenciar ou aderir.
O fascismo se manifesta no cotidiano de formas muito mais tênues, que não precisam de homens vestindo uniformes e marchando pelas ruas, e não é dirigido apenas contra judeus. Ele é a implosão da capacidade de dialogar sobre os problemas da sociedade e da capacidade de conviver com as diferenças. Em seu lugar entram o que Zaffaroni chamou de discursos justificadores, que justificam e preparam o ambiente para as manifestações de ódio e extermínio contra os “inimigos”.
O pior resultado da atual crise política, é que o Brasil vive, mais uma vez, uma clara escalada do sentimento fascista. As pessoas sentem ódio, crescem os linchamentos públicos e aumenta o apoio a atitudes de “justiçamento” e tortura praticadas pelo aparato público.
Todas as forças democráticas têm responsabilidade sobre isso.
O PT e o Governo Dilma têm responsabilidade por ter interrompido as políticas públicas de prevenção a violência que estavam em curso e no seu lugar não ter colocado nenhum programa de grande escala ao longo de cinco anos. Com isso, as forças autoritárias passaram a se apresentar como alternativa para a redução da violência do Brasil.
FHC, os tucanos e o alto empresariado têm responsabilidade ao aceitarem partilhar a oposição ao PT com segmentos assumidamente fascistas e autoritários.
Ambos têm responsabilidade por não denunciarem o perigoso crescimento dos setores que misturam discursos religiosos fundamentalistas com ocupação de espaços políticos.
A grande mídia tem responsabilidade por não denunciar claramente o discurso do ódio e muitas vezes o difundir nos seus programas sensacionalistas e na falta de qualidade no debate sobre Segurança Pública.
A discussão sobre o fascismo não tem nada a ver com ser de esquerda ou de direita. Em ser liberal ou socialista. Em ser petista ou tucano. Em ser cristão ou ateu. Todas as linhas ideológicas e religiosas já serviram, num lugar ou outro, de justificativa para a barbárie. Trata-se de demarcar claramente a defesa dos princípios do estado democrático de direito e denunciar todos os discursos que justificam sua violação.
É absolutamente incerto o futuro político do Brasil. Nessa incerteza, os comportamentos de ódio ocorrem livremente no cotidiano, com cada vez mais apoio e aplauso. Quem demonstra contrariedade com as diversas manifestações de barbárie é chamado de fraco, de defensor de bandidos e passa a ser ameaçado.
Não é preciso que algum facínora suba a rampa do Palácio do Planalto, pelo voto ou pelas armas, para que o fascismo chegue no Brasil.
O fascismo não chegará. Ele já está.
Observação inicial: escrevo esse texto “inspirado” pelo vídeo de um jovem que agoniza baleado no chão sendo xingado e que está disponível na minha página do Facebook. O vídeo possui centenas de comentários de apoio e celebração.
O fascismo não é a chegada de um líder de massas ou um Partido, com um projeto totalitário ao poder. Ele é antes de tudo um estado de espírito da sociedade.
As imagens de Hitler e dos campos de concentração têm a importância fundamental de nos alertar até onde uma sociedade pode chegar, independente do seu chamado “grau de desenvolvimento” cultural. No entanto, essas imagens fortíssimas de seres humanos sendo exterminados em massa acabam por encobrir as formas menos “agudas” dessa faceta do comportamento humano.
Hannah Arendt sempre chamou a atenção que o mais perigoso do fascismo era a forma como as pessoas – sejam elas juízes, políticos, jornalistas, professores ou de qualquer outro tipo de profissão – aceitam passivamente a escalada de ódio, até que começam a participar dos seus mecanismos, como se não houvesse alternativas entre silenciar ou aderir.
O fascismo se manifesta no cotidiano de formas muito mais tênues, que não precisam de homens vestindo uniformes e marchando pelas ruas, e não é dirigido apenas contra judeus. Ele é a implosão da capacidade de dialogar sobre os problemas da sociedade e da capacidade de conviver com as diferenças. Em seu lugar entram o que Zaffaroni chamou de discursos justificadores, que justificam e preparam o ambiente para as manifestações de ódio e extermínio contra os “inimigos”.
O pior resultado da atual crise política, é que o Brasil vive, mais uma vez, uma clara escalada do sentimento fascista. As pessoas sentem ódio, crescem os linchamentos públicos e aumenta o apoio a atitudes de “justiçamento” e tortura praticadas pelo aparato público.
Todas as forças democráticas têm responsabilidade sobre isso.
O PT e o Governo Dilma têm responsabilidade por ter interrompido as políticas públicas de prevenção a violência que estavam em curso e no seu lugar não ter colocado nenhum programa de grande escala ao longo de cinco anos. Com isso, as forças autoritárias passaram a se apresentar como alternativa para a redução da violência do Brasil.
FHC, os tucanos e o alto empresariado têm responsabilidade ao aceitarem partilhar a oposição ao PT com segmentos assumidamente fascistas e autoritários.
Ambos têm responsabilidade por não denunciarem o perigoso crescimento dos setores que misturam discursos religiosos fundamentalistas com ocupação de espaços políticos.
A grande mídia tem responsabilidade por não denunciar claramente o discurso do ódio e muitas vezes o difundir nos seus programas sensacionalistas e na falta de qualidade no debate sobre Segurança Pública.
A discussão sobre o fascismo não tem nada a ver com ser de esquerda ou de direita. Em ser liberal ou socialista. Em ser petista ou tucano. Em ser cristão ou ateu. Todas as linhas ideológicas e religiosas já serviram, num lugar ou outro, de justificativa para a barbárie. Trata-se de demarcar claramente a defesa dos princípios do estado democrático de direito e denunciar todos os discursos que justificam sua violação.
É absolutamente incerto o futuro político do Brasil. Nessa incerteza, os comportamentos de ódio ocorrem livremente no cotidiano, com cada vez mais apoio e aplauso. Quem demonstra contrariedade com as diversas manifestações de barbárie é chamado de fraco, de defensor de bandidos e passa a ser ameaçado.
Não é preciso que algum facínora suba a rampa do Palácio do Planalto, pelo voto ou pelas armas, para que o fascismo chegue no Brasil.
O fascismo não chegará. Ele já está.
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