Por Jannis Papadimitriou, de Atenas, na revista CartaCapital:
Ainda era antes da meia-noite desta segunda-feira 21, no centro de Atenas, quando Alexis Tsipras surgiu, junto aos seus colegas de partido, para festejar uma clara e surpreendente vitória do Syriza. Mesmo com cofres públicos vazios, controle de capital e turbulências internas, o partido esquerdista alcançou mais de 35% dos votos, deixando para trás seu maior adversário, o conservador Nova Democracia – liderado pelo ex-presidente do Parlamento Evangelos Meimarakis e que conseguiu 28%.
Contra todos os prognósticos, o partido Gregos Independentes, da direita populista, que fez parte da coalizão com a esquerda no último governo, também conseguiu assentos no Parlamento.
Assim, junto com ele, o Syriza ocupou 155 de 300 cadeiras, assegurando o direito de voltar a reger o país. Não se descarta, ainda, que outras legendas menores se unam à coalizão, que deve ser formada já nesta terça-feira. No dia seguinte, é possível que Tsipras já esteja presente da cúpula de emergência da União Europeia sobre a crise migratória.
"Foi uma grande vitória do Syriza e nada menos que um triunfo pessoal de Tsipras", comentou o jornalista político Antonis Dellatolas, da emissora de televisão Antenna.
Pela primeira vez desde a eclosão da crise, afirmou Dellatolas, um político conseguiu ser reeleito – apesar de ter concordado com um novo pacote de austeridade. Outro motivo citado pelo analista foi a derrota do Partido Popular, dissidente do Syriza, que ficou de fora do novo governo.
No fim de agosto, a sigla foi criada pela ala mais radical do partido de Tsipras, com a intenção de reverter as reformas previstas e reintroduzir uma moeda própria no país. Em uma entrevista à televisão local, Stathis Leoutsakos, antigo parceiro político de Tsipras e agora candidato do Partido Popular, afirmou que não foi equivocada a escolha de criar um novo partido.
"A escolha foi correta, mas o tempo foi curto para nós", disse o candidato derrotado, que também reclamou que o período de 20 dias entre a convocação das novas eleições e o pleito impossibilitou que o novo partido informasse os eleitores em tempo hábil.
O Nova Democracia (ND), partido conservador de oposição, assistiu às eleições com sentimentos conflitantes de alegria e tristeza. Dentro de seis semanas, o líder Evangelos Meimarakis viu a sigla diminuir consideravelmente uma distância de 20 pontos percentuais nas pesquisas. A vitória, porém, não se concretizou – e Tsipras acabou sendo um nome grande demais para ele.
Em uma das primeiras declarações após o anúncio do resultado, Meimarakis disse que, mesmo consentindo com o acordo com os credores, não aprovou integralmente o pacote de austeridade, insinuando que o Nova Democracia, no futuro, não deverá votar a favor de um "cheque em branco" para as reformas. Pelo contrário, a sigla de Meimarakis deverá definir, caso por caso, quais cortes de Orçamento apoiará.
Para o político Georgios Koumoutsakos, também membro do ND, agora é a hora para os partidos conservadores da Grécia se "renovarem". Assim, disse, se fazem necessários não apenas novas figuras, mas também novos conteúdos políticos. "Nosso partido tem que ser mais atraente", disse Koumoutsakos à televisão local.
Já o partido de extrema direita Aurora Dourada foi responsável por causar apreensão, ao se tornar a terceira força no Parlamento. O resultado é preocupante, principalmente quando se leva em consideração que toda a liderança do partido está sendo processada por "formação de organização criminosa". Além disso, o chefe da sigla, Nikos Michaloliakos, já havia assumido a "responsabilidade política" pela morte do ativista de esquerda e músico Nikos Fyssas, assassinado em setembro de 2013.
Na noite de domingo 20, Michaloliakos declarou que o partido vai continuar "lutando contra a imigração ilegal". Os radicais querem inclusive se opor ao chefe de governo grego caso o socialista Tsipras e o conservador Meimarakis formem, como emergência, uma grande coalizão – o que inclusive não pode ser totalmente descartado.
O cenário partidário da política grega passa pelo momento de maior fragmentação desde a volta da democracia e o fim da ditadura, em 1974. Oito partidos foram eleitos para o Parlamento e, entre eles, uma curiosidade é o União de Centristas. A sigla foi fundada por Vassilis Leventis, cultuado apresentador de um programa de TV "trash" nacional. Durante a corrida eleitoral, ele defendeu o fim de todos os privilégios concedidos aos políticos gregos.
No total, dez milhões de gregos foram convocados a eleger o novo Parlamento. Porém, o percentual de eleitores não passou de 56%, mesmo com o voto sendo obrigatório no país. A abstenção só foi maior durante as eleições europeias de 2009 – na ocasião, quase metade dos gregos deixaram de ir às urnas.
Ainda era antes da meia-noite desta segunda-feira 21, no centro de Atenas, quando Alexis Tsipras surgiu, junto aos seus colegas de partido, para festejar uma clara e surpreendente vitória do Syriza. Mesmo com cofres públicos vazios, controle de capital e turbulências internas, o partido esquerdista alcançou mais de 35% dos votos, deixando para trás seu maior adversário, o conservador Nova Democracia – liderado pelo ex-presidente do Parlamento Evangelos Meimarakis e que conseguiu 28%.
Contra todos os prognósticos, o partido Gregos Independentes, da direita populista, que fez parte da coalizão com a esquerda no último governo, também conseguiu assentos no Parlamento.
Assim, junto com ele, o Syriza ocupou 155 de 300 cadeiras, assegurando o direito de voltar a reger o país. Não se descarta, ainda, que outras legendas menores se unam à coalizão, que deve ser formada já nesta terça-feira. No dia seguinte, é possível que Tsipras já esteja presente da cúpula de emergência da União Europeia sobre a crise migratória.
"Foi uma grande vitória do Syriza e nada menos que um triunfo pessoal de Tsipras", comentou o jornalista político Antonis Dellatolas, da emissora de televisão Antenna.
Pela primeira vez desde a eclosão da crise, afirmou Dellatolas, um político conseguiu ser reeleito – apesar de ter concordado com um novo pacote de austeridade. Outro motivo citado pelo analista foi a derrota do Partido Popular, dissidente do Syriza, que ficou de fora do novo governo.
No fim de agosto, a sigla foi criada pela ala mais radical do partido de Tsipras, com a intenção de reverter as reformas previstas e reintroduzir uma moeda própria no país. Em uma entrevista à televisão local, Stathis Leoutsakos, antigo parceiro político de Tsipras e agora candidato do Partido Popular, afirmou que não foi equivocada a escolha de criar um novo partido.
"A escolha foi correta, mas o tempo foi curto para nós", disse o candidato derrotado, que também reclamou que o período de 20 dias entre a convocação das novas eleições e o pleito impossibilitou que o novo partido informasse os eleitores em tempo hábil.
O Nova Democracia (ND), partido conservador de oposição, assistiu às eleições com sentimentos conflitantes de alegria e tristeza. Dentro de seis semanas, o líder Evangelos Meimarakis viu a sigla diminuir consideravelmente uma distância de 20 pontos percentuais nas pesquisas. A vitória, porém, não se concretizou – e Tsipras acabou sendo um nome grande demais para ele.
Em uma das primeiras declarações após o anúncio do resultado, Meimarakis disse que, mesmo consentindo com o acordo com os credores, não aprovou integralmente o pacote de austeridade, insinuando que o Nova Democracia, no futuro, não deverá votar a favor de um "cheque em branco" para as reformas. Pelo contrário, a sigla de Meimarakis deverá definir, caso por caso, quais cortes de Orçamento apoiará.
Para o político Georgios Koumoutsakos, também membro do ND, agora é a hora para os partidos conservadores da Grécia se "renovarem". Assim, disse, se fazem necessários não apenas novas figuras, mas também novos conteúdos políticos. "Nosso partido tem que ser mais atraente", disse Koumoutsakos à televisão local.
Já o partido de extrema direita Aurora Dourada foi responsável por causar apreensão, ao se tornar a terceira força no Parlamento. O resultado é preocupante, principalmente quando se leva em consideração que toda a liderança do partido está sendo processada por "formação de organização criminosa". Além disso, o chefe da sigla, Nikos Michaloliakos, já havia assumido a "responsabilidade política" pela morte do ativista de esquerda e músico Nikos Fyssas, assassinado em setembro de 2013.
Na noite de domingo 20, Michaloliakos declarou que o partido vai continuar "lutando contra a imigração ilegal". Os radicais querem inclusive se opor ao chefe de governo grego caso o socialista Tsipras e o conservador Meimarakis formem, como emergência, uma grande coalizão – o que inclusive não pode ser totalmente descartado.
O cenário partidário da política grega passa pelo momento de maior fragmentação desde a volta da democracia e o fim da ditadura, em 1974. Oito partidos foram eleitos para o Parlamento e, entre eles, uma curiosidade é o União de Centristas. A sigla foi fundada por Vassilis Leventis, cultuado apresentador de um programa de TV "trash" nacional. Durante a corrida eleitoral, ele defendeu o fim de todos os privilégios concedidos aos políticos gregos.
No total, dez milhões de gregos foram convocados a eleger o novo Parlamento. Porém, o percentual de eleitores não passou de 56%, mesmo com o voto sendo obrigatório no país. A abstenção só foi maior durante as eleições europeias de 2009 – na ocasião, quase metade dos gregos deixaram de ir às urnas.
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