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Enquanto esta edição era concluída, a presidenta Dilma Rousseff tentava, com uma reforma ministerial e um pacote fiscal, abrandar a crise de governabilidade; afastar riscos de o Congresso se aventurar em um processo de impeachment, ilegítimo e perigoso; evitar que esse mesmo Congresso, que cobra austeridade da presidenta, aprove pautas que levariam a rombos orçamentários; e garantir ainda que o Parlamento aprove medidas do ajuste fiscal, que a equipe econômica considera vitais para resistir à crise.
No mesmo período, começou a repercutir um documento de um grupo de intelectuais e formadores de opinião no campo progressista. O trabalho, tema de reportagem desta edição, defende que a crise econômica por que passa o país não poderá ser debelada com um ajuste tão apertado a ponto de prolongar a recessão de efeitos perversos no mercado de trabalho. Segundo o documento, enquanto persistir nesse aperto, o governo não vai retomar o caminho do crescimento sustentável, combinado com os eleitores há um ano.
Sem deixar de travar a batalha pela agenda econômica, esses mesmos setores se preocupam com a estabilidade democrática. Como você verá em outra reportagem desta edição, a Frente Brasil Popular, um amplo leque de organizações e integrantes de diferentes partidos, abraça também a tese de que toda tentativa de golpe contra a presidenta, mais do que derrubá-la, tem a finalidade de impedir a expansão dos direitos sociais e do crescimento com distribuição de renda. As “forças ocultas” querem destruir não apenas o governo, como também todo pensamento e força política ameaçadora dos interesses que dominam o país desde Cabral.
Enquanto você lê esta edição, é provável que nem a oposição partidária e midiática acredite mais em impeachment e já esteja dedicada apenas ao esforço de “sangrar” a presidenta. O objetivo será manter inflamada a crise política, econômica e moral, e explodir qualquer possibilidade de Lula voltar em 2018. Os jornais, provavelmente, estarão enlameando a reputação do ex-presidente. E encobrindo a gravidade dos crimes de que é acusado o presidente da Câmara, Eduardo Cunha – o que nivela a índole da imprensa à de seu protegido.
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