Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
O Brasil viveu vários acontecimentos importantes nos últimos dias. Mas é essencial não perder a noção correta sobre cada coisa. Hoje o Planalto respira mais oxigênio e a fase mais aguda da crise pode ter sido vencida, ao menos até o próximo ataque. O STF mostrou-se capaz de tomar uma decisão responsável em defesa das garantias democráticas no encaminhamento de um processo de impeachment que sequer deveria ter sido iniciado. Até a disputa interna do PMDB assume um aspecto menos doentio. A saída do ministro da Fazenda identificado com a pior recessão econômica enfrentada pelo país em 30 anos tornou-se inevitável.
Na origem de todas essas mudanças, que abrem a possibilidade do país seguir um novo curso político e retomar uma história interrompida por uma inaceitável iniciativa golpista nascida única e exclusivamente de uma derrota eleitoral, a quarta em seguida, é sempre bom lembrar, encontra-se num acontecimento principal: a mobilização do dia 16.
Quando o país foi colocado a beira do abismo, a população arregaçou as mangas e foi a rua defender seus direitos, sua liberdade e a história de uma democracia construída com esforço e vários momentos de luta. Os números do dia 16 são grandiosos, definitivos. Tão eloquentes que a tentativa de esconder sua grandeza, sua eloquência, sua força de manifesto político, não permite dúvidas nem divagações. Num país silenciado, manipulado, ouviu-se uma mensagem clara que recusa o retrocesso social e a vergonha política.
Apanhados de surpresa, o último esforço dos adversários do povo foi tentar comparar uma mobilização a outro, uma ideia e outra, um projeto contra outro, numa espécie de Fla x Flu exótico entre governo e oposição. Em vão. Embora tentem nos dar a impressão de que somos simples espectadores num programa de auditório, só se pode comparar aquilo que é semelhante, equivalente, permutável. E não é disso que se trata. Numa democracia, as comparações, as avaliações e escolhas são feitas nas urnas e através de outros caminhos legítimos de luta política. Fora disso, é golpe.
O dia 16 deixou claro que os brasileiros compreendem muito bem que é o destino de seu país que está em jogo. Tiveram maturidade de defender a legitimidade de um governo eleito por mais de 54 milhões de votos, sem deixar de manifestar seu desacordo com a situação, seu descontentamento com ameaças a direitos e conquistas. Essa lealdade indispensável de quem sabe distinguir o principal do secundário, mas não perdeu a noção de seus valores e interesses, permitiu a abertura de um novo momento político, tornando impossível a manutenção de tudo como está.
As articulações pela saída de Joaquim Levy, concretizada nesta sexta-feira, com sua substituição por Nelson Barbosa, já demonstravam o caráter urgente de uma mudança que pode equivaler a um segundo mandato para Dilma.
(Não custa registrar. Nos piores dias da campanha de 2014, foi um movimento semelhante que garantiu a vitória na reta final, o que demonstra o papel essencial da mobilização popular na formação deste governo.)
O momento permite esperar que elas ocorram na direção acertada, de erguer a esperança dos brasileiros que, no dia 16, foram a rua, acima de tudo, porque não perderam a confiança em suas próprias forças.
Por uma dessas coincidências felizes mas que fazem parte de um processo maior, no mesmo dia 16 ocorreu uma mudança no debate sobre o orçamento no Congresso. Através da redução de 2 pontos porcentuais no superávit primário, garantiu-se um reforço de R$ 10 bilhões nas verbas do Bolsa Família, ameaçado de um corte que iria devolver 7,9 milhões de brasileiros à miséria. Não mais. Ao menos o Bolsa Família saiu da linha de risco e está preservado para 2016. Não se fez uma melhoria. Evitou-se uma piora. No ambiente atual, é um avanço.
Embora os adversários do governo tenham tentado transformar a notícia da perda do grau de investimento pela agência Fitch numa grande novidade, ela é apenas um novo sinal de fracasso de uma política econômica que, sustentada a ferro e fogo pela oposição, vinha dando errado em todos os pontos fundamentais, inclusive do ponto de vista de seus próprios objetivos. A preservação do mais bem sucedido programa de distribuição de renda do país é um bom sinal. Pode até ser apenas um símbolo. É. Mas é um bom símbolo do que pode ser o Brasil pós-16 de dezembro. Veremos.
O Brasil viveu vários acontecimentos importantes nos últimos dias. Mas é essencial não perder a noção correta sobre cada coisa. Hoje o Planalto respira mais oxigênio e a fase mais aguda da crise pode ter sido vencida, ao menos até o próximo ataque. O STF mostrou-se capaz de tomar uma decisão responsável em defesa das garantias democráticas no encaminhamento de um processo de impeachment que sequer deveria ter sido iniciado. Até a disputa interna do PMDB assume um aspecto menos doentio. A saída do ministro da Fazenda identificado com a pior recessão econômica enfrentada pelo país em 30 anos tornou-se inevitável.
Na origem de todas essas mudanças, que abrem a possibilidade do país seguir um novo curso político e retomar uma história interrompida por uma inaceitável iniciativa golpista nascida única e exclusivamente de uma derrota eleitoral, a quarta em seguida, é sempre bom lembrar, encontra-se num acontecimento principal: a mobilização do dia 16.
Quando o país foi colocado a beira do abismo, a população arregaçou as mangas e foi a rua defender seus direitos, sua liberdade e a história de uma democracia construída com esforço e vários momentos de luta. Os números do dia 16 são grandiosos, definitivos. Tão eloquentes que a tentativa de esconder sua grandeza, sua eloquência, sua força de manifesto político, não permite dúvidas nem divagações. Num país silenciado, manipulado, ouviu-se uma mensagem clara que recusa o retrocesso social e a vergonha política.
Apanhados de surpresa, o último esforço dos adversários do povo foi tentar comparar uma mobilização a outro, uma ideia e outra, um projeto contra outro, numa espécie de Fla x Flu exótico entre governo e oposição. Em vão. Embora tentem nos dar a impressão de que somos simples espectadores num programa de auditório, só se pode comparar aquilo que é semelhante, equivalente, permutável. E não é disso que se trata. Numa democracia, as comparações, as avaliações e escolhas são feitas nas urnas e através de outros caminhos legítimos de luta política. Fora disso, é golpe.
O dia 16 deixou claro que os brasileiros compreendem muito bem que é o destino de seu país que está em jogo. Tiveram maturidade de defender a legitimidade de um governo eleito por mais de 54 milhões de votos, sem deixar de manifestar seu desacordo com a situação, seu descontentamento com ameaças a direitos e conquistas. Essa lealdade indispensável de quem sabe distinguir o principal do secundário, mas não perdeu a noção de seus valores e interesses, permitiu a abertura de um novo momento político, tornando impossível a manutenção de tudo como está.
As articulações pela saída de Joaquim Levy, concretizada nesta sexta-feira, com sua substituição por Nelson Barbosa, já demonstravam o caráter urgente de uma mudança que pode equivaler a um segundo mandato para Dilma.
(Não custa registrar. Nos piores dias da campanha de 2014, foi um movimento semelhante que garantiu a vitória na reta final, o que demonstra o papel essencial da mobilização popular na formação deste governo.)
O momento permite esperar que elas ocorram na direção acertada, de erguer a esperança dos brasileiros que, no dia 16, foram a rua, acima de tudo, porque não perderam a confiança em suas próprias forças.
Por uma dessas coincidências felizes mas que fazem parte de um processo maior, no mesmo dia 16 ocorreu uma mudança no debate sobre o orçamento no Congresso. Através da redução de 2 pontos porcentuais no superávit primário, garantiu-se um reforço de R$ 10 bilhões nas verbas do Bolsa Família, ameaçado de um corte que iria devolver 7,9 milhões de brasileiros à miséria. Não mais. Ao menos o Bolsa Família saiu da linha de risco e está preservado para 2016. Não se fez uma melhoria. Evitou-se uma piora. No ambiente atual, é um avanço.
Embora os adversários do governo tenham tentado transformar a notícia da perda do grau de investimento pela agência Fitch numa grande novidade, ela é apenas um novo sinal de fracasso de uma política econômica que, sustentada a ferro e fogo pela oposição, vinha dando errado em todos os pontos fundamentais, inclusive do ponto de vista de seus próprios objetivos. A preservação do mais bem sucedido programa de distribuição de renda do país é um bom sinal. Pode até ser apenas um símbolo. É. Mas é um bom símbolo do que pode ser o Brasil pós-16 de dezembro. Veremos.
0 comentários:
Postar um comentário