Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Confirmado o que todos já intuíam: Nelson Barbosa é o novo ministro da Fazenda.
Além das características que marcaram a escolha , das quais já tratei em post anterior, é preciso fixar alguns significados de sua escolha.
A primeira, óbvia, é que decai o peso do mercado financeiro nas prioridades de formulação de política econômica. Nenhuma virada radical, apenas não mais a total liberdade para o aumento da taxa de juros que, francamente, já há mais de ano se mostra incapaz de deter o avanço da inflação, pela simples razão que a inflação não é, aqui, de demanda por produtos ou crédito, mas um “correr atrás” do ganho financeiro que os altos juros proporcionam, na velhíssima ideia de que as taxas de lucro são, afinal, como vasos comunicantes e, portanto, buscam equilíbrio umas com as outras.
A reação de certa hostilidade do mercado financeiro a seu nome é um elogio. Normalmente, o mercado não quer um ministro, quer um agente das finanças ali.
A segunda é a retomada do pensamento econômico desenvolvimentista. Light, tanto pela formação pessoal do novo ministro – a FGV não é propriamente keynesiana – quanto pela situação das finanças públicas, cuja capacidade de fomento está, é claro, seriamente comprometida, neste momento.
Barbosa, ainda que se transfiram estas responsabilidades para quem o suceda no Ministério do Planejamento, deve colocar o Ministério da Fazenda em linha com os programas de parceria público privadas e de concessões, como forma de recuperar mais rapidamente a capacidade de investimento.
A terceira é que vai melhorar o relacionamento entre o Ministério da Fazenda e a máquina governamental. O trato pessoal e, sobretudo, os métodos de relacionamento de Barbosa com os demais integrantes do Governo ficam furos acima, para ser gentil, do que tinha Joaquim Levy. E os cortes serão mais negociados e suas consequências políticas sopesadas antes das decisões.
Digamos que Barbosa prefira fechar torneiras do que passar tesouras.
Em todas elas, erra quem acha que não haverá ajuste fiscal – inclusive com a retomada do debate sobre o volume e a natureza da carga tributária brasileira – e acerta quem acha que isso deixa de ser um fim em si mesmo.
Quem quiser ter certeza disso, leia o discurso de posse de Barbosa no Ministério do Planejamento, em janeiro, quando o “ajuste fiscal” tinha ainda foros de divindade:
“Ajustes nunca são um fim em si mesmos. Ajustes são medidas necessárias para a recuperação do crescimento da economia, que por sua vez é condição indispensável para continuar nosso projeto de desenvolvimento econômico.”
Com Barbosa, essa ideia deixa de ser apenas uma declaração vazia e passa a ser um objetivo.
Além das características que marcaram a escolha , das quais já tratei em post anterior, é preciso fixar alguns significados de sua escolha.
A primeira, óbvia, é que decai o peso do mercado financeiro nas prioridades de formulação de política econômica. Nenhuma virada radical, apenas não mais a total liberdade para o aumento da taxa de juros que, francamente, já há mais de ano se mostra incapaz de deter o avanço da inflação, pela simples razão que a inflação não é, aqui, de demanda por produtos ou crédito, mas um “correr atrás” do ganho financeiro que os altos juros proporcionam, na velhíssima ideia de que as taxas de lucro são, afinal, como vasos comunicantes e, portanto, buscam equilíbrio umas com as outras.
A reação de certa hostilidade do mercado financeiro a seu nome é um elogio. Normalmente, o mercado não quer um ministro, quer um agente das finanças ali.
A segunda é a retomada do pensamento econômico desenvolvimentista. Light, tanto pela formação pessoal do novo ministro – a FGV não é propriamente keynesiana – quanto pela situação das finanças públicas, cuja capacidade de fomento está, é claro, seriamente comprometida, neste momento.
Barbosa, ainda que se transfiram estas responsabilidades para quem o suceda no Ministério do Planejamento, deve colocar o Ministério da Fazenda em linha com os programas de parceria público privadas e de concessões, como forma de recuperar mais rapidamente a capacidade de investimento.
A terceira é que vai melhorar o relacionamento entre o Ministério da Fazenda e a máquina governamental. O trato pessoal e, sobretudo, os métodos de relacionamento de Barbosa com os demais integrantes do Governo ficam furos acima, para ser gentil, do que tinha Joaquim Levy. E os cortes serão mais negociados e suas consequências políticas sopesadas antes das decisões.
Digamos que Barbosa prefira fechar torneiras do que passar tesouras.
Em todas elas, erra quem acha que não haverá ajuste fiscal – inclusive com a retomada do debate sobre o volume e a natureza da carga tributária brasileira – e acerta quem acha que isso deixa de ser um fim em si mesmo.
Quem quiser ter certeza disso, leia o discurso de posse de Barbosa no Ministério do Planejamento, em janeiro, quando o “ajuste fiscal” tinha ainda foros de divindade:
“Ajustes nunca são um fim em si mesmos. Ajustes são medidas necessárias para a recuperação do crescimento da economia, que por sua vez é condição indispensável para continuar nosso projeto de desenvolvimento econômico.”
Com Barbosa, essa ideia deixa de ser apenas uma declaração vazia e passa a ser um objetivo.
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