quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Unidade na pluralidade no Fórum Social

Por Viviande Fernandes, no jornal Brasil de Fato:

Com maioria de membros da Frente Brasil Popular, a mesa sobre “Democracia e desenvolvimento em tempos de golpismo e crise” ocorreu nesta quarta-feira (20), no Fórum Social Temático, em Porto Alegre (RS). A gravidade da crise e o caminho pela unidade foi o consenso entre os participantes, que, em avaliações distintas, abordaram as tentativas de impeachment e as ações dos setores conservadores.

Ainda que não descarte as investidas de setores da direita, o vice-presidente do PCdoB e representante da Fundação Maurício Grabois, Walter Sorrentino, declarou que “a ofensiva do impeachment foi contida por hora, graças à mobilização popular”. Citando o julgamento político da Lava Jato, ele afirma que “não é a ética ou a ilegalidade que geram o inconformismo da oposição, mas o fato de ter perdido quatro eleições”.

O objetivo da direita de derrubar o governo Dilma Rousseff é vista pelo ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, como “a menor das ameaças”. Para ele, “a partir da ofensiva contra o mandato de Dilma, o que se pretende é atingir o que ela simboliza. O que eles querem é destruir o PT e destruir todos o partidos progressistas e populares do Brasil. E destruindo eles, destruir sua maior liderança, o presidente Lula”.

Na mesma direção, o presidente do PT, Rui Falcão, lembrou o pedido de cassação do registro do PT, feito nesta quarta (20) pelo PSDB. “Aqueles que não ganharam a eleição tentam com todo tipo de manobra virar o jogo”, afirmou.

“A tese do impeachment é absolutamente ridícula. O que o governo fez foi, nada mais, tirar dinheiro de um caixa de propriedade do Estado e colocar em outro caixa para suprir programas sociais”, explicou o senador Roberto Requião (PMDB-PR), avaliando que a tentativa de deposição é alimentada por setores do capital internacional que querem interferir na economia brasileira.

Em uma análise de que as lutas populares não se resumem em manter ou não a presidenta Dilma, o representante da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Gilberto Leal, afirmou que “é pouco pensar que diversas organizações da Frente Brasil Popular saem às ruas para defender um partido ou alguém que está no governo. Nós saímos às ruas, pois estamos defendo a cidadania, os direitos do povo, do trabalhador. Algo que é mais permanente”.

Unidade

A duração da crise, apesar de incerta, será longa, garantem a maioria dos participantes do debate, entendendo que ela se dá no viés econômico, político e social. “O Brasil está sofrendo uma crise brutal, que parece estar só início”, declarou Rui Falcão.

Diante desse cenário de debilidade, Roberto Amaral questiona o ódio dos setores reacionários do país: “Por que tanto ódio se nós não fizemos a reforma agrária, a reforma política, a reforma fiscal e tributária? Por que essa ofensiva?”.

Para ele, “a direita latino-americana aceita quase tudo. Aceita a co-habitação, como vem tendo nos governos Lula e Dilma”, mas o que esses setores não aceitam são os avanços de direitos e conquistas sociais. “Democracia sim, participação popular não. Desenvolvimento sim, mas que permaneça a dependência”, sintetiza.

Em torno da Frente Brasil Popular, os debatedores afirmaram a unidade e a luta popular como as estratégias para superar esse momento difícil. “Mais esforços, mais lutas, mais unidade e companheirismo para seguir em frente”, defendeu Rui Falcão, que também citou a Frente Povo Sem Medo, que possui outra composição de forças.

“Nessa hora, assume com centralidade a luta pela volta do crescimento econômico. Ela é inseparável de um projeto nacional”, defende o representante do PCdoB, com a proposição de uma agenda nacional urgente.

“No movimento negro, temos uma máxima: contra o racismo, nenhum passo atrás. E essa máxima serve também para outros contextos. Contra a redução dos direitos, contra o golpismo, nenhum passo atrás”, finaliza Gilberto Leal, da Conen.

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