Por Altamiro Borges
Jagunço da tropa de choque de Eduardo Cunha, o deputado federal Paulinho da Força é famoso por sua língua solta. Ele adora arrotar valentia! Sem precisar dos grampos ilegais da Polícia Federal, nesta semana ele foi flagrado em áudio que vazou na internet. Nele, o golpista afirma descaradamente que “tem muita gente pra financiar o impeachment” de Dilma. Quem seriam estes ricaços? Quais as suas motivações? No mesmo áudio, ele confirma o que todos já sabem, mas a mídia tenta esconder: “O impeachment só está acontecendo por causa do Eduardo Cunha”. Ao final, o deputado se mostra embriagado com a possibilidade do golpe ser concluído rapidamente. “Eu acho que até dia 5, dia 10 de abril, a Dilma está fora”.
A pressa de Paulinho da Força é plenamente justificada. Caso a presidenta reeleita democraticamente não seja derrubada no próximo período, o risco é o do chefão da sigla Solidariedade ser preso em breve. Paulinho da Força acumula processos na Justiça por corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e outros crimes. Em dezembro passado, o empresário Ricardo Pessoa, um dos delatores da Lava-Jato, confirmou que doou R$ 1,6 milhão ao deputado e a seu partido, entre 2010 e 2015, para sabotar greves e lutas trabalhistas.
Na ocasião, o jornal O Globo vazou o depoimento em que o dono da UCT explica porque decidiu financiar a sigla: "Que em razão dessas doações a Paulinho, o declarante tinha a liberdade para poder pedir a ele, a qualquer momento, que intercedesse em movimentos sindicais liderados por ele que pudessem vir a causar problemas em seus negócios". O empresário relata ainda que telefonou pessoalmente ao deputado "para pedir interferência numa ameaça de paralisação na construção da hidrelétrica São Manoel, no Rio Teles Pires". A propina antigreve não é o único motivo do desespero de Paulinho da Força.
Em setembro passado, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) abriu ação penal contra o deputado federal pelos crimes de lavagem de dinheiro e de ação contra o sistema financeiro nacional. Os ministros acataram, por unanimidade, a denúncia apresentada à Procuradoria-Geral da República (PGR). “De acordo com a procuradoria, o parlamentar foi beneficiário de um esquema de desvios de dinheiro em empréstimos de financiamento entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a prefeitura de Praia Grande (SP) e as Lojas Marisa. Os fatos foram investigados na Operação Santa Tereza, deflagrada pela Polícia Federal em 2008”, descreveu o jornalista André Richter, da Agência Brasil.
Ainda segundo a reportagem, “o esquema de desvios ocorria por meio da falsificação de notas fiscais para tentar explicar a aplicação do dinheiro repassado pelo banco, cujos montantes eram divididos entre os envolvidos. De acordo com a denúncia, os crimes eram facilitados por João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado e ex-integrante da Força Sindical no conselho do BNDES. Segundo o subprocurador Paulo Gonet, o valor cobrado nos contratos era de 4%. ‘O denunciado [deputado], em troca de favores políticos, recebia uma parte das comissões, que era paga à quadrilha e aos beneficiários desses empréstimos concedidos pelo BNDES’, disse”.
Na ocasião da denúncia, o ministro Teori Zavascki considerou que as conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal indicaram que houve o desvio dos recursos. “Segundo o ministro, planilhas manuscritas e cheques apreendidos mostram a divisão dos valores, que foram recebidos por intermédio de consultorias inexistentes e depositados na conta da ONG Meu Guri, ligada ao deputado, para ocultar a origem dos recursos. ‘A denúncia apontou que a suposta associação criminosa seria composta, entre outros, pelo acusado [Paulinho], que se utilizaria da sua influência junto ao BNDES para conseguir aprovação do financiamento, cobrando como contrapartida, comissões, que variavam de 2% e 4% do valor financiado. A influência exercida decorreria dos cargos ocupados pelo acusado, deputado federal, e de presidente da Força Sindical’, disse o ministro”.
Estes e outros fatos gravíssimos ajudam a entender porque Paulinho da Força é hoje o principal jagunço do correntista suíço Eduardo Cunha e porque tem tanta pressa em derrubar Dilma Rousseff. A turma que está disposta a “financiar o impeachment” também deve fazer parte deste time dos moralistas sem moral. Só mesmo os “midiotas” para acreditarem na falsa campanha contra a corrupção incentivada pela mídia – que hoje esconde os podres de Paulinho da Força!
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