Ilustração: http://pataxocartoons.blogspot.com.br/ |
A presidência de Michel Temer acabou, mesmo que ele continue. Isso acontece em muitos momentos não só da vida pública, mas também da privada. Muitos relacionamentos afetivos, por exemplo, se arrastam mesmo quando já não fazem o menor sentido para nenhuma das partes.
Se Dilma não errar muito nas suas próximas ações de articulação política (e Dilma tem sido precisa nos seus últimos lances) Temer se arrastará presidente até o meio de agosto. Mas se Dilma errar muito, Temer provavelmente prosseguirá. E mesmo assim seu governo já terá acabado ontem.
A delação de Sérgio Machado botou um ponto final na ex Era Temer.
O presidente interino que já teria grandes dificuldades de arrebatar parte da opinião pública por conta de ter atuado de forma nada ética no processo do impeachment de Dilma e por ter montado um governo branco-direito-macho, agora não conseguirá acenar nem de janelinha de avião para a população sem ouvir um “ladrão golpista”.
Temer não tem mais a menor condição de fazer um pronunciamento à Nação porque as panelas soarão na mesma intensidade das piores manifestações contra Dilma.
Temer não terá como apoiar sequer o candidato a prefeito de Tietê, porque ninguém mais vai querer o apoio de alguém que é acusado de ser propineiro. E que organizou um levante contra uma mulher contra quem nunca pesou uma acusação deste tipo.
Temer não terá como fazer uma viagem internacional, porque poucos governantes de países desenvolvidos vão querer recebê-lo, já que cada dia fica mais claro para o mundo que o Brasil sofreu um golpe organizado por um bando de ladrões.
Temer não conseguirá brincar na praça com o seu filho, porque será vítima de um escracho. Coisa que este blogueiro não acha correto, mas que se tornou um padrão de ação política nos dias de hoje.
Temer não conseguirá mais dormir tranquilo, porque sabe que outras delações como essa virão.
Anotem, essa foi apenas a primeira.
Temer em breve vai disputar com Aécio o título de delatado-mor.
No Palácio do Planalto os boatos estão fazendo ministros se demitirem.
Henrique Alves não deixou o ministério hoje apenas porque foi acusado, mas porque já descobriu que este governo estará em breve mais nas páginas policiais do que políticas. E preferiu sair do foco antes que seja tarde.
Temer hoje treme mais do que vara verde. Porque sabe o que vem por aí.
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