segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Marcela, a Maria Antonieta do Brasil

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Um dia após a consumação do golpe no Brasil, o jornal suíço “Tagesanzeiger” ironiza o mais famoso ‘conto de fadas’ brasileiro: Die brasilianische Marie Antoinette.

Marcela Temer é comparada à rainha francesa Maria Antonieta, cujos hábitos extravagantes, de luxo e riqueza, contrastavam com a miséria a que o povo fora submetido.

Filha do imperador Francisco I, Maria Antonieta se casou com Luís XVI aos 14 anos. A ideia era fortalecer a aliança franco-austríaca.

No dia 14 de julho de 1789, fartos por não conseguirem comer nem o pão que o diabo amassou e, após ouvirem a suposta resposta da rainha sobre sua condição de miséria extrema (Se não têm pão, que comam brioches), os camponeses resolveram por abaixo a Bastilha (para onde eram mandados os ‘inimigos do reino’).

Luiz XVI que, segundo consta, não conseguia conter os gastos astronômicos da esposa, acabou guilhotinado. Nove meses depois foi a vez de Maria Antonieta perder, de vez, a cabeça.

A comparação feita pelo jornalista suíço Beat Metzler é curiosa e só reforça o que já sabemos: viramos uma espécie de piada de mau gosto do mundo político contemporâneo.

Leia, abaixo, o artigo do Tagesanzeiger, que não é nenhum jornalzinho: tem “só” 133 anos de circulação…

*****

A Maria Antonieta brasileira

A nova primeira-dama Marcela Temer gasta com prazer o dinheiro dos outros. Ela ocupa em sua residência 50 empregados. Às custas do Estado.

Marcela Temer, desde a última quarta-feira primeira-dama do Brasil, poderia ter saído de um catálogo de desejos cunhado por uma publicação voltada para o público masculino. Foi descrita por uma revista como “bela, recatada e do lar”. E isso foi entendido como elogio.

O afastamento da presidente de esquerda Dilma Roussef por Michel Temer divide o país. A esposa de Temer, Marcela, aprofunda o abismo. Para seus críticos, ela incorpora o caráter reacionário do novo governo, ocupado apenas por homens brancos, grisalhos e ricos.

Marcela escolheu o caminho mais rápido para subir: ela casou-se com um homem branco, grisalho e rico. E tinha apenas 19 anos, quando encontrou Michel Temer. Ele tinha 62. Marcela cresceu como filha de classe média em uma cidade do interior de São Paulo. Além de carregar o título de vice-rainha-da-beleza, trabalhava na recepção de um jornal local, quando, em 2002, acompanhou parentes a um evento do PMDB. Foi onde viu Michel Temer, milionário conhecido e há muitos anos deputado pelo PMDB. Ela pediu para tirar uma foto com ele, o que de fato ocorreu. E pediu também seu número de telefone. A mãe acompanhou-a no primeiro encontro e um ano depois eles já se casavam. Foi uma festa secreta, pois o abismo de 43 anos entre os dois não era exatamente apresentável.
“Bela, recatada e do lar”

Os pais de Marcela não estão incomodados: “Isso é só o choro dos invejosos” disse a mãe.

Marcela disse recentemente: “É como se Michel tivesse 30 anos. A idade não importa ” .

Quando Michel Temer ainda era Vice- Presidente, em 2011, rapidamente sua esposa se tornou a queridinha dos tablóides.

Louvavam seu bom estilo e ela chegou até a ser comparada com Carla Bruni e Jackie Kennedy. Temer publicou um livro de poemas sobre sua vida amorosa, fotos eróticas de Marcela foram divulgadas. Ela faz o papel de uma dona de casa fiel, que leva seu filho para a escola e tem "Michel" tatuado em seu pescoço.

Marcela desfrutava da riqueza. Na residência oficial do vice-presidente, ela mandou executar reformas milionárias “para que seu filho se sentisse em casa”. A família de três membros ocupa 50 funcionários, entre eles quatro empregadas, que cuidam apenas de lavar e passar roupas. Tudo isso pago pelo Estado. Além disso, Marcela viajou ao lado da mãe e de uma irmã, em voo de primeira classe rumo a Nova York e Miami, para fazer compras durante um dia – o que ela própria documentou alegremente na internet. Durante um encontro de cúpula da ONU, cujo tema era a sustentabilidade, ela mandou organizar um desfile de moda de jóias.

1 comentários:

Anônimo disse...

Na falta de pão, comeremos BRIOCHES !!!