“Depois de um longo inverno, parece que a luz se acendeu no horizonte”, diz Michel Temer encerrando o vídeo que faz o balanço oficial de seus seis meses de governo, completados no dia 12. Na segunda, 14, na entrevista com jornalistas amistosos no programa Roda Viva, ele declarou-se satisfeitíssimo com seu governo. O autoengano é o ópio dos governantes, principalmente dos maus governantes. A frase que melhor cabe ao Brasil dos últimos seis meses é a que proferiu Barack Obama, ontem na Grécia, pensando em Trump: “A História não se move em linha reta. Ela faz zigue-zagues. Às vezes se move para frente, outra para trás”.
Para o Brasil, em seis meses sob Temer, o giro para trás foi acelerado, e tudo indica que ainda haverá mais retrocesso, até que a roda seja travada para mudar de curso. Afora a punhalada na democracia e o agravamento da recessão, o mais grave é que no final destes seis meses o Brasil não enxerga luz nem rumo no horizonte. O governo Temer é uma pinguela, como já disse FHC, mas uma pinguela para o nada, com o nome de ajuste fiscal.
O vídeo de Temer é uma salada de fatos isolados, costurados de modo a parecer que as coisas estão melhorando, enquanto a vida real grita em cada esquina que o golpe foi uma roubada, que a derrubada de Dilma e sua substituição por Temer não levaram à prometida recuperação da economia, e sim ao aprofundamento da recessão. Disso o vídeo não fala, embora destaque a desaceleração da inflação, a queda nos juros e no risco Brasil e a recuperação das bolsas, que com a eleição de Trump, voltaram a cair.
O vídeo de Temer é uma salada de fatos isolados, costurados de modo a parecer que as coisas estão melhorando, enquanto a vida real grita em cada esquina que o golpe foi uma roubada, que a derrubada de Dilma e sua substituição por Temer não levaram à prometida recuperação da economia, e sim ao aprofundamento da recessão. Disso o vídeo não fala, embora destaque a desaceleração da inflação, a queda nos juros e no risco Brasil e a recuperação das bolsas, que com a eleição de Trump, voltaram a cair.
O que há de real na economia, neste momento, é a revisão para baixo das projeções de crescimento para 2017, começando pelo próprio Banco Central, que rebaixou a sua de 1,7% para 1,0%. Se os investimentos e o emprego não dão o ar de sua graça, é porque a confiança não voltou, apesar das loas palacianas. Agora há um bonde expiatório na praça, tudo pode ser debitado à eleição de Trump, mas a confiança não volta porque ninguém sabe para onde vai o governo, nem até quando ele vai durar.
O vídeo apresenta como sinais de progresso os mais eloquentes retrocessos promovidos pelo governo. A mudança da lei do pré-sal é festejada como um avanço, pois permitirá o ingresso de empresas estrangeiras na exploração desta riqueza. Se o governo acha isso uma beleza, mais felizes estão as petroleiras estrangeiras. A PEC 55 é apresentada como o elixir maravilhoso que permitirá o ordenamento das contas públicas, mas o vídeo nem sequer rebate as críticas ao desordenamento social que ela causará, sucateando o ensino público e o sistema de saúde que atendem os mais pobres do país, sem falar nas outras políticas públicas que, com o gasto congelado, terão que sumir do mapa.
O vídeo apresenta como sinais de progresso os mais eloquentes retrocessos promovidos pelo governo. A mudança da lei do pré-sal é festejada como um avanço, pois permitirá o ingresso de empresas estrangeiras na exploração desta riqueza. Se o governo acha isso uma beleza, mais felizes estão as petroleiras estrangeiras. A PEC 55 é apresentada como o elixir maravilhoso que permitirá o ordenamento das contas públicas, mas o vídeo nem sequer rebate as críticas ao desordenamento social que ela causará, sucateando o ensino público e o sistema de saúde que atendem os mais pobres do país, sem falar nas outras políticas públicas que, com o gasto congelado, terão que sumir do mapa.
A redução de ministérios é lembrada como medida de economia mas não esclarece que mulheres, negros e direitos humanos perderam o espaço institucional de formulação e execução de políticas específicas. O vídeo confunde política externa com viagens oficiais, apresenta Temer como um “global player”, omitindo o fato de que foi tratado como patinho feio tanto na reunião do G20 como na dos Brics.
É com a anulação das principais conquistas civilizatórias das últimas décadas, rumo ao estado mais próximo do bem-estar social, que a roda da História gira mais veloz para trás. O vídeo de Temer fala dos 12% de aumento para o Bolsa Família (aumento dado por Dilma, que ele elevou em um ponto porcentual para fazer bonito) mas o que seu governo está fazendo é o escracho do programa, suprimindo mais de um milhão de famílias que não teriam direito a receber o benefício. Primeiro a desmoralização, depois a supressão.
É com a anulação das principais conquistas civilizatórias das últimas décadas, rumo ao estado mais próximo do bem-estar social, que a roda da História gira mais veloz para trás. O vídeo de Temer fala dos 12% de aumento para o Bolsa Família (aumento dado por Dilma, que ele elevou em um ponto porcentual para fazer bonito) mas o que seu governo está fazendo é o escracho do programa, suprimindo mais de um milhão de famílias que não teriam direito a receber o benefício. Primeiro a desmoralização, depois a supressão.
Todos os dias um direito a menos, é o que faz o governo, ao anular aposentadorias por invalidez e auxílios-saúde do INSS. Ou negando-se ao diálogo e ofendendo os estudantes que ocupam as escolas em protesto contra a PEC 55 e uma reforma do ensino médio que lhes negará o desenvolvimento do senso crítico. A roda anda para trás quando até a Comissão de Anistia é alvo de revanchismo e tem seus quadros históricos substituídos. Quando a comunicação pública é golpeada com uma intervenção autoritária na EBC. Quando a Funai é militarizada como nos tempos da ditadura. Quando a reforma agrária some do dicionário do governo e o MDA é extinto.
Ah, mas agora tem governabilidade, o governo aprova tudo no Congresso, festejam o governo, os analistas do mercado e os aliados. Sim, Temer tem uma vasta base, que abraça o governo como sua boia de salvação, que vem aprovando tudo mas exigindo apoio do governo à urdidura de medidas para “estancar a sangria” da Lava Jato. Não foi para isso que deram o golpe?
Nesta quinta-feira o Senado tentará aprovar a PEC 55 em primeiro turno. Em dezembro ela será promulgada após a votação em segundo turno e Temer enviará ao Congresso a reforma da Previdência, determinando que todos trabalhem até os 65 anos para terem o direito de se aposentar. Uma medida na contramão da realidade, pois para continuar na ativa as pessoas precisarão de emprego, ficarão no mercado de trabalho bloqueando o caminho dos mais jovens que precisam começar a vida. Diferentemente da PEC 55, esta reforma vai mexer com públicos específicos, que vão reagir. Mas a “base” é coesa, promete aprovar também este retrocesso.
Mas há um êxito que o governo pode mesmo celebrar: o de estar conseguindo se vingar, todos os dias, com sucessivas medidas, daqueles que nos últimos anos conseguiram conquistar um direito, uma ascensão, um lugarzinho modesto nesta República que nada teve a festejar no 15 de novembro.
Ah, mas agora tem governabilidade, o governo aprova tudo no Congresso, festejam o governo, os analistas do mercado e os aliados. Sim, Temer tem uma vasta base, que abraça o governo como sua boia de salvação, que vem aprovando tudo mas exigindo apoio do governo à urdidura de medidas para “estancar a sangria” da Lava Jato. Não foi para isso que deram o golpe?
Nesta quinta-feira o Senado tentará aprovar a PEC 55 em primeiro turno. Em dezembro ela será promulgada após a votação em segundo turno e Temer enviará ao Congresso a reforma da Previdência, determinando que todos trabalhem até os 65 anos para terem o direito de se aposentar. Uma medida na contramão da realidade, pois para continuar na ativa as pessoas precisarão de emprego, ficarão no mercado de trabalho bloqueando o caminho dos mais jovens que precisam começar a vida. Diferentemente da PEC 55, esta reforma vai mexer com públicos específicos, que vão reagir. Mas a “base” é coesa, promete aprovar também este retrocesso.
Mas há um êxito que o governo pode mesmo celebrar: o de estar conseguindo se vingar, todos os dias, com sucessivas medidas, daqueles que nos últimos anos conseguiram conquistar um direito, uma ascensão, um lugarzinho modesto nesta República que nada teve a festejar no 15 de novembro.
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