Por Flavio Aguiar, no site Carta Maior:
Donald Trump está em todas. Parece um daqueles guris de pelada que quer bater escanteio, cabecear na área, defender no gol e depois bater o tiro de meta.
Evidentemente está disputando espaço e beleza com Barack Obama, querendo fazer crer que o presidente eleito já é o presidente de facto.
Os temas em torno dele são vários, que ele considera com seu estilo belicoso, histriônico e fanfarrão.
O confronto com Obama tem uma razão muito clara, embora de bastidor. Trump precisa se afirmar junto à cúpula, ao establishment e aos parlamentares republicanos. Então nada melhor do que se apresentar dede já como o melhor anti-Obama. Está em jogo também o programa de saúde pública posto de pé pelo presidente sainte. Vamos ver o que sobre dele. Trump tem consciência de que este programa é odiado pelos republicanos e pelos ricos e abonados destes partido, mas ao mesmo tempo sabe que se destruí-lo completamente, estará pondo em risco uma de suas principais bases de sustentação, os trabalhadores empobrecidos que acham que ele (Trump) é capaz de reergue-los da fossa em que se sentem abandonados (fossa no sentido de fosso mas também no sentido de depressão coletiva).
No plano externo, Trump está às voltas com o tema “Rússia”. Putin é acusado pelos democratas e pelos dirigentes do aparato de inteligência dos EUA de ter ordenado o favorecimento de Trump através de hackers que atingiram os emails do PD, e de ter assim garantido a vitória do candidato republicano. A acusação até o momento apresentou “convicção” e a afirmação de que o aparato norte-americano tem “provas”, mas estas provas não vieram à luz até o momento, o que demonstra que os procuradores e juízes de Curitiba, antes discípulos do Norte, agora estão fazendo escola por lá. Inicialmente Trump negou a acusação, coisa que também faz Putin. Agora, mais malandramente, Trump na nega a possibilidade da ação de Putin, mas nega que ela tenha influenciado a eleição. Não deixa de ter razão: sua vitória foi garantida não por um Putin da vida, mas pela distorção anacrônica do sistema eleitoral norte-americano, que prevê a eleição do presidente por um colégio eleitoral que refrata o voto popular.
Trump teve dois milhões de votos a menos do que Hillary, e assim mesmo esta perdeu a eleição.
Mas o mais importante é o que acontecerá com as relações entre ambos os países depois que ele tomar posse, por exemplo, em relação à Síria. De momento Putin, com o acordo da Turquia, conseguiu por para escanteio a política equivocada de Washington, dando as cartas, tanto quanto isto é possível em meio ao mosaico de insanidades daquela guerra civil, nas (im)prováveis negociações que avançam a passos de tartaruga em meio a uma hecatombe com tentáculos de polvo gigante, daqueles de 20 mil léguas submarinas. Mas e depois? A ver.
Outro tema importante é o que acontecerá com as sanções impostas pelos Estados Unidos à Rússia devido à reanimação, por esta, da Crimeia, que ela havia cedido à Ucrânia anteriormente, ainda na época de Khrushchev. (Até hoje ninguém foi capaz de explicar inteiramente por que o então primeiro-ministro soviético fez a concessão).
Já com a China a posição de Trump é mais belicosa e beligerante. Telefonou, antes mesmo da posse, para a presidenta de Taiwan. Isto fez a temperatura subir dezenas de graus em Pequim, ao ponto da ebulição. Fez outros movimentos turbulentos, como dizer que o Japão devia ter suas próprias armas nucleares (!!!), o que faz balançar o coreto chinês e o norte-coreano. Além do próprio japonês: afinal, e o único país que foi alvo de um ataque nuclear até hoje.
Mas a China não dorme de touca. Ameaça Trump no terreno em que ele está assumindo posições problemáticas: o México. Trump garante que este país vai pagar pelo muro que ele pretende, reitera, construir. Decidiu impedir que a Ford construa nova fábrica de automóveis ao sul do Rio Bravo (Grande, para os norte-americanos), em nome de proteger os empregos dos trabalhadores de seu país. E Pequim está prometendo preencher, com seus investimentos, este vácuo que está sendo aberto pela - ainda não política - retórica explosiva do candidato eleito que quer passar por já empossado.
Há um tema a mais na “agenda Trump”. Trata-se do que vai acontecer com sua relação com os eleitores empobrecidos que ajudaram sua eleição. Trump está nomeando para seu secretariado (que equivale ao nosso ministério brasileiro) o que a política norte-americana apresenta de pior, de financistas de Wall Street e proximidades e falcões guerreiros na Defesa e Segurança. Isto não vai representar, no longo prazo, boas notícias para aquele eleitorado. A ver como é que fica. Se Trump perder este apoio, ele vai precisar mais do apoio institucional do Partido Republicano, o que está longe de ser uma certeza.
Donald Trump está em todas. Parece um daqueles guris de pelada que quer bater escanteio, cabecear na área, defender no gol e depois bater o tiro de meta.
Evidentemente está disputando espaço e beleza com Barack Obama, querendo fazer crer que o presidente eleito já é o presidente de facto.
Os temas em torno dele são vários, que ele considera com seu estilo belicoso, histriônico e fanfarrão.
O confronto com Obama tem uma razão muito clara, embora de bastidor. Trump precisa se afirmar junto à cúpula, ao establishment e aos parlamentares republicanos. Então nada melhor do que se apresentar dede já como o melhor anti-Obama. Está em jogo também o programa de saúde pública posto de pé pelo presidente sainte. Vamos ver o que sobre dele. Trump tem consciência de que este programa é odiado pelos republicanos e pelos ricos e abonados destes partido, mas ao mesmo tempo sabe que se destruí-lo completamente, estará pondo em risco uma de suas principais bases de sustentação, os trabalhadores empobrecidos que acham que ele (Trump) é capaz de reergue-los da fossa em que se sentem abandonados (fossa no sentido de fosso mas também no sentido de depressão coletiva).
No plano externo, Trump está às voltas com o tema “Rússia”. Putin é acusado pelos democratas e pelos dirigentes do aparato de inteligência dos EUA de ter ordenado o favorecimento de Trump através de hackers que atingiram os emails do PD, e de ter assim garantido a vitória do candidato republicano. A acusação até o momento apresentou “convicção” e a afirmação de que o aparato norte-americano tem “provas”, mas estas provas não vieram à luz até o momento, o que demonstra que os procuradores e juízes de Curitiba, antes discípulos do Norte, agora estão fazendo escola por lá. Inicialmente Trump negou a acusação, coisa que também faz Putin. Agora, mais malandramente, Trump na nega a possibilidade da ação de Putin, mas nega que ela tenha influenciado a eleição. Não deixa de ter razão: sua vitória foi garantida não por um Putin da vida, mas pela distorção anacrônica do sistema eleitoral norte-americano, que prevê a eleição do presidente por um colégio eleitoral que refrata o voto popular.
Trump teve dois milhões de votos a menos do que Hillary, e assim mesmo esta perdeu a eleição.
Mas o mais importante é o que acontecerá com as relações entre ambos os países depois que ele tomar posse, por exemplo, em relação à Síria. De momento Putin, com o acordo da Turquia, conseguiu por para escanteio a política equivocada de Washington, dando as cartas, tanto quanto isto é possível em meio ao mosaico de insanidades daquela guerra civil, nas (im)prováveis negociações que avançam a passos de tartaruga em meio a uma hecatombe com tentáculos de polvo gigante, daqueles de 20 mil léguas submarinas. Mas e depois? A ver.
Outro tema importante é o que acontecerá com as sanções impostas pelos Estados Unidos à Rússia devido à reanimação, por esta, da Crimeia, que ela havia cedido à Ucrânia anteriormente, ainda na época de Khrushchev. (Até hoje ninguém foi capaz de explicar inteiramente por que o então primeiro-ministro soviético fez a concessão).
Já com a China a posição de Trump é mais belicosa e beligerante. Telefonou, antes mesmo da posse, para a presidenta de Taiwan. Isto fez a temperatura subir dezenas de graus em Pequim, ao ponto da ebulição. Fez outros movimentos turbulentos, como dizer que o Japão devia ter suas próprias armas nucleares (!!!), o que faz balançar o coreto chinês e o norte-coreano. Além do próprio japonês: afinal, e o único país que foi alvo de um ataque nuclear até hoje.
Mas a China não dorme de touca. Ameaça Trump no terreno em que ele está assumindo posições problemáticas: o México. Trump garante que este país vai pagar pelo muro que ele pretende, reitera, construir. Decidiu impedir que a Ford construa nova fábrica de automóveis ao sul do Rio Bravo (Grande, para os norte-americanos), em nome de proteger os empregos dos trabalhadores de seu país. E Pequim está prometendo preencher, com seus investimentos, este vácuo que está sendo aberto pela - ainda não política - retórica explosiva do candidato eleito que quer passar por já empossado.
Há um tema a mais na “agenda Trump”. Trata-se do que vai acontecer com sua relação com os eleitores empobrecidos que ajudaram sua eleição. Trump está nomeando para seu secretariado (que equivale ao nosso ministério brasileiro) o que a política norte-americana apresenta de pior, de financistas de Wall Street e proximidades e falcões guerreiros na Defesa e Segurança. Isto não vai representar, no longo prazo, boas notícias para aquele eleitorado. A ver como é que fica. Se Trump perder este apoio, ele vai precisar mais do apoio institucional do Partido Republicano, o que está longe de ser uma certeza.
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