Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Energúmenos de todas as idades, estratos sociais e regiões do país chamam de “politicamente correto” o que é, tão-somente, comportamento civilizado. Essa guerra contra o comportamento civilizado vem surpreendendo os setores civilizados da sociedade.
Desse combate que esse tipo de gente vem dando têm decorrido atitudes assustadoras como a do homem que, bradando contra o “politicamente correto” e os “direitos humanos”, pôs fim às vidas de sua esposa, filho e mais 10 pessoas.
Os entusiastas do “politicamente incorreto” agridem (verbal ou fisicamente) as mulheres, os homossexuais e os nordestinos; pedem volta da ditadura militar e o fim da defesa de “direitos humanos”; defendem execuções sumárias e chacinas de infratores da lei – contanto que sejam pobres.
Os machões e as machistas sem sensibilidade social e preconceituosos estão virando quase um modelo de comportamento.
Até as manifestações de 2013, pensava-se que extremistas de direita estavam restritos a pessoas idosas, de alto poder econômico que se isolaram a partir do fim da ditadura militar. Nos últimos três anos, porém, descobrimos legiões de jovens que flertam com o nazifascismo. Muitos, de origem pobre.
Extremistas de direita que querem volta da ditadura, chacinas em presídios, execuções sumárias de “bandidos” sem nem julgamento podem ser encontrados até entre minorias que deveriam lutar contra toda forma de discriminação e violência contra grupos, como é o caso de homossexuais, ou mesmo entre maiorias como a dos afrodescendentes, que constituem mais da metade da população brasileira.
Os recentes episódios de chacinas em presídios nos oferecem uma dica sobre o que está fazendo ascender esse comportamento incivilizado, selvagem dos que, entre um culto religioso e outro, renegam todos os principais mais elementares do cristianismo, tais como piedade, generosidade, amor ao próximo, caridade, respeito à vida etc.
O que diriam esses pseudorreligiosos de extrema-direita sobre Jesus Cristo ter perdoado um homem (crucificado ao seu lado) que matou e roubou durante a vida? Se o “filho de Deus” vivesse nos dias de hoje, por “defender bandido” seria tachado de “petralha”.
Porém, quem lidera hoje no Brasil a selvageria, as pregações de ódio, de preconceito, de violência policial e carcerária são os grupos religiosos mais fanatizados. Quanto mais religioso, atualmente, maior é a intolerância com a diferença e o desejo de ver atrocidades como chacinas ocorrerem com aqueles que o cristianismo manda perdoar.
Mas de onde vêm essas aberrações? Por que, do nada, começaram a aparecer pessoas capazes de comemorar chacinas de seres humanos, por exemplo?
Esses recentes episódios de chacinas em presídios permitiram ver quem são os propagadores dessa mentalidade.
Na primeira semana de 2017, uma centena de encarcerados – muitos dos quais sequer foram julgados ainda – foi trucidada das formas mais cruéis que se possa conceber. A começar pelos de Manaus.
O que se esperaria do responsável maior pela segurança pública daquele Estado, o governador José Melo (PROS-AM), seria que manifestasse tristeza pela tragédia e se solidarizasse com as famílias dos detentos, as quais, obviamente, não cometeram crime algum.
A atitude do governador foi digna desses moleques que ficam barbarizando nas redes sociais. “Não havia nenhum santo entre os mortos nessa rebelião”, afirmou o chefe do Executivo amazonense, supostamente o líder político de um Estado da Federação.
Como o governador do Amazonas sabe que não havia inocentes entre os presos chacinados se grande parte deles sequer havia tido julgamento?
Mas a postura irresponsável desse governador foi só o aperitivo do que viria. E quando o assunto é ignorância, truculência, insensibilidade, não pode faltar a opinião de Jair Bolsonaro, que desponta como candidato competitivo à Presidência da República.
Para quem não tem conta no Facebook e, por isso, não conseguiu ver o vídeo, basta saber que Bolsonaro apoiou as chacinas em presídios.
Esse discurso é hoje uma febre. Pesquisa Datafolha de 2015 mostrou que a maioria dos brasileiros concorda com essas ideias.
Essa maioria não quer saber se todos os encarcerados são iguais ou não, se todos são inapelavelmente culpados ou não, ou o que acontecerá quando, após anos nesses infernos, forem colocados de volta nas ruas, já que grande parte dos que estavam presos não fora nem julgada e outra grande parte cumpria penas curtas por pequenos crimes e só ficou presa por não poder pagar advogado.
Concomitantemente aos outros energúmenos, apaniguado filho de aliado político de Temer dá sua contribuição à barbárie. O ex-secretário Nacional de Juventude Bruno Júlio diz, publicamente, que seria bom haver “uma chacina [de detentos] por semana”.
Na mesma leva de horror, o ex-candidato a prefeito de São Paulo “Major Olímpio”, atual deputado federal paulista, fez piada com a tragédia nos presídios de Manaus e Roraima, onde morreram, respectivamente, 56 e 30 detentos em uma chacina em que a principal forma de execução foi decapitação: exortou a presídio carioca de Bangu a superar o número de chacinados nos outros Estados.
Outro que alia religião com selvageria e violência é o “pastor” e deputado federal Marco Feliciano. Em vídeo sobre as chacinas em presídios foi mais sutil que os colegas e simplesmente pregou “destruir o problema”, ou seja, os presidiários brasileiros.
Até o “presidente da República”, mister Fora Temer, deu sua contribuição ao caos carcerário ao qualificar como “acidente” um caso claro de desleixo e irresponsabilidade das autoridades.
Poderíamos ficar aqui por horas buscando políticos de direita que, entre um culto religioso e outro, lideram essa onda de comemorações das chacinas em presídios, do extermínio cruel e anticristão de seres humanos.
Apesar de a mídia conservadora abrigar colunistas, apresentadores etc. que chegam perto de propor atrocidades como “uma chacina por semana”, no geral ela se portou bem. Manteve o tema em evidência em tom de reprovação, ainda que não tenha tido coragem de explicar por que ninguém ganha com prisões desumanas.
Quem lidera hoje no Brasil essa mentalidade, portanto, são políticos de partidos como PMDB, DEM, PSDB, PTB, PP, PSC, PROS, SOLIDARIEDADE, PPS e as conhecidas legendas de aluguel. Enfim: quem insufla mediocridade e truculência em nosso povo – e, sobretudo, entre nossos jovens – são os políticos.
Neste exato momento, quantas crianças não estão ouvindo os pais comemorarem massacres de pessoas, pregarem violência, enfim, desvalorizarem a vida humana em prol do sentimento mais venenoso que existe, o desejo de vingança? Em que essas crianças se transformarão quando chegarem na vida adulta?
Esses políticos legarão ao Brasil gerações de pessoas monstruosas, insensíveis, sádicas, burras ao extremo, adeptas de teorias nazifascistas. Eles contaminam os país das crianças brasileiras, que ensinarão essas loucuras aos filhos.
Como a história já se cansou de mostrar, nada tem potencial maior que a política para gerar tragédias às nações. Todas as guerras, todas as perseguições, todas as injustiças já vistas originaram-se de discursos políticos como os supra reproduzidos.
Energúmenos de todas as idades, estratos sociais e regiões do país chamam de “politicamente correto” o que é, tão-somente, comportamento civilizado. Essa guerra contra o comportamento civilizado vem surpreendendo os setores civilizados da sociedade.
Desse combate que esse tipo de gente vem dando têm decorrido atitudes assustadoras como a do homem que, bradando contra o “politicamente correto” e os “direitos humanos”, pôs fim às vidas de sua esposa, filho e mais 10 pessoas.
Os entusiastas do “politicamente incorreto” agridem (verbal ou fisicamente) as mulheres, os homossexuais e os nordestinos; pedem volta da ditadura militar e o fim da defesa de “direitos humanos”; defendem execuções sumárias e chacinas de infratores da lei – contanto que sejam pobres.
Os machões e as machistas sem sensibilidade social e preconceituosos estão virando quase um modelo de comportamento.
Até as manifestações de 2013, pensava-se que extremistas de direita estavam restritos a pessoas idosas, de alto poder econômico que se isolaram a partir do fim da ditadura militar. Nos últimos três anos, porém, descobrimos legiões de jovens que flertam com o nazifascismo. Muitos, de origem pobre.
Extremistas de direita que querem volta da ditadura, chacinas em presídios, execuções sumárias de “bandidos” sem nem julgamento podem ser encontrados até entre minorias que deveriam lutar contra toda forma de discriminação e violência contra grupos, como é o caso de homossexuais, ou mesmo entre maiorias como a dos afrodescendentes, que constituem mais da metade da população brasileira.
Os recentes episódios de chacinas em presídios nos oferecem uma dica sobre o que está fazendo ascender esse comportamento incivilizado, selvagem dos que, entre um culto religioso e outro, renegam todos os principais mais elementares do cristianismo, tais como piedade, generosidade, amor ao próximo, caridade, respeito à vida etc.
O que diriam esses pseudorreligiosos de extrema-direita sobre Jesus Cristo ter perdoado um homem (crucificado ao seu lado) que matou e roubou durante a vida? Se o “filho de Deus” vivesse nos dias de hoje, por “defender bandido” seria tachado de “petralha”.
Porém, quem lidera hoje no Brasil a selvageria, as pregações de ódio, de preconceito, de violência policial e carcerária são os grupos religiosos mais fanatizados. Quanto mais religioso, atualmente, maior é a intolerância com a diferença e o desejo de ver atrocidades como chacinas ocorrerem com aqueles que o cristianismo manda perdoar.
Mas de onde vêm essas aberrações? Por que, do nada, começaram a aparecer pessoas capazes de comemorar chacinas de seres humanos, por exemplo?
Esses recentes episódios de chacinas em presídios permitiram ver quem são os propagadores dessa mentalidade.
Na primeira semana de 2017, uma centena de encarcerados – muitos dos quais sequer foram julgados ainda – foi trucidada das formas mais cruéis que se possa conceber. A começar pelos de Manaus.
O que se esperaria do responsável maior pela segurança pública daquele Estado, o governador José Melo (PROS-AM), seria que manifestasse tristeza pela tragédia e se solidarizasse com as famílias dos detentos, as quais, obviamente, não cometeram crime algum.
A atitude do governador foi digna desses moleques que ficam barbarizando nas redes sociais. “Não havia nenhum santo entre os mortos nessa rebelião”, afirmou o chefe do Executivo amazonense, supostamente o líder político de um Estado da Federação.
Como o governador do Amazonas sabe que não havia inocentes entre os presos chacinados se grande parte deles sequer havia tido julgamento?
Mas a postura irresponsável desse governador foi só o aperitivo do que viria. E quando o assunto é ignorância, truculência, insensibilidade, não pode faltar a opinião de Jair Bolsonaro, que desponta como candidato competitivo à Presidência da República.
Para quem não tem conta no Facebook e, por isso, não conseguiu ver o vídeo, basta saber que Bolsonaro apoiou as chacinas em presídios.
Esse discurso é hoje uma febre. Pesquisa Datafolha de 2015 mostrou que a maioria dos brasileiros concorda com essas ideias.
Essa maioria não quer saber se todos os encarcerados são iguais ou não, se todos são inapelavelmente culpados ou não, ou o que acontecerá quando, após anos nesses infernos, forem colocados de volta nas ruas, já que grande parte dos que estavam presos não fora nem julgada e outra grande parte cumpria penas curtas por pequenos crimes e só ficou presa por não poder pagar advogado.
Concomitantemente aos outros energúmenos, apaniguado filho de aliado político de Temer dá sua contribuição à barbárie. O ex-secretário Nacional de Juventude Bruno Júlio diz, publicamente, que seria bom haver “uma chacina [de detentos] por semana”.
Na mesma leva de horror, o ex-candidato a prefeito de São Paulo “Major Olímpio”, atual deputado federal paulista, fez piada com a tragédia nos presídios de Manaus e Roraima, onde morreram, respectivamente, 56 e 30 detentos em uma chacina em que a principal forma de execução foi decapitação: exortou a presídio carioca de Bangu a superar o número de chacinados nos outros Estados.
Outro que alia religião com selvageria e violência é o “pastor” e deputado federal Marco Feliciano. Em vídeo sobre as chacinas em presídios foi mais sutil que os colegas e simplesmente pregou “destruir o problema”, ou seja, os presidiários brasileiros.
Até o “presidente da República”, mister Fora Temer, deu sua contribuição ao caos carcerário ao qualificar como “acidente” um caso claro de desleixo e irresponsabilidade das autoridades.
Poderíamos ficar aqui por horas buscando políticos de direita que, entre um culto religioso e outro, lideram essa onda de comemorações das chacinas em presídios, do extermínio cruel e anticristão de seres humanos.
Apesar de a mídia conservadora abrigar colunistas, apresentadores etc. que chegam perto de propor atrocidades como “uma chacina por semana”, no geral ela se portou bem. Manteve o tema em evidência em tom de reprovação, ainda que não tenha tido coragem de explicar por que ninguém ganha com prisões desumanas.
Quem lidera hoje no Brasil essa mentalidade, portanto, são políticos de partidos como PMDB, DEM, PSDB, PTB, PP, PSC, PROS, SOLIDARIEDADE, PPS e as conhecidas legendas de aluguel. Enfim: quem insufla mediocridade e truculência em nosso povo – e, sobretudo, entre nossos jovens – são os políticos.
Neste exato momento, quantas crianças não estão ouvindo os pais comemorarem massacres de pessoas, pregarem violência, enfim, desvalorizarem a vida humana em prol do sentimento mais venenoso que existe, o desejo de vingança? Em que essas crianças se transformarão quando chegarem na vida adulta?
Esses políticos legarão ao Brasil gerações de pessoas monstruosas, insensíveis, sádicas, burras ao extremo, adeptas de teorias nazifascistas. Eles contaminam os país das crianças brasileiras, que ensinarão essas loucuras aos filhos.
Como a história já se cansou de mostrar, nada tem potencial maior que a política para gerar tragédias às nações. Todas as guerras, todas as perseguições, todas as injustiças já vistas originaram-se de discursos políticos como os supra reproduzidos.
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