Por Bajonas Teixeira, no blog Cafezinho:
A primeira coisa que chama atenção na denúncia de Marcelo Odebrecht é que já começa com duas versões, as duas contadas pelo mesmo Marcelo: primeiro diz que destinou a Lula 35 milhões mas, logo depois, sobe esse valor para 40 milhões. E faz isso sem explicação nenhuma. A hipótese mais provável é que essa falta de explicação tenha uma boa explicação: agradar à Lava Jato e angariar os benefícios de uma delação premiada.
Em toda essa denúncia não há sequer uma prova, não há o mínimo indício, não existem comprovantes, nenhuma gravação, nenhum cheque, nenhum local em que os encontros tivessem ocorrido, nada enfim que pudesse gerar a menor expectativa de comprovação.
Vejamos o que ele diz. Primeiro, afirma que o valor destinado a Lula seria de 35 milhões:
“A gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do instituto, para outras coisas. Então vamos pegar e provisionar uma parte desse saldo, aí botamos R$ 35 milhões no saldo ‘amigo’, que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula“.
No entanto, logo a seguir, como se fosse vítima de amnésia, ou fosse um péssimo ator que esqueceu o script e se vê obrigado a improvisar, diz que o valor foi de 40 milhões:
“A gente botou 40 milhões que viriam para atender demandas que viessem de Lula. Eu sei disso… É, veja bem, o Lula nunca me pediu diretamente, essa informação eu combinei via Palocci. Óbvio que ao longo de alguns usos, ficou claro que era pro Lula porque ele teve usos que ficou evidente para mim que era uso.”
É engraçado, não? Um juiz com um detector de mentiras implantado no cérebro, ou com uma sensibilidade medianamente apurada para a mentira, teria parado o depoimento aí e perguntado meio enfezado: “Afinal, o senhor deu 35 ou 40 milhões para o ex-presidente Lula?”. Claro que teria feito isso, justamente porque se trata de uma informação vital. Mas Moro, para o espanto de quem analisa a situação, nada disse, como se não estivesse percebendo o despropósito.
Mas o pior está por vir.
O ridículo ‘saldo’ Amigo
Diz Marcelo Odebrecht que o combinado foi destinar um fundo exclusivo para as desmandas de Lula, para “a questão do instituto, para outras coisas”. Primeiro, não se vê bem o motivo para constituir um “fundo” apenas para supostas despesas de Lula. E, menos ainda, quando se está no momento da sua saída do poder, 2010, já que Dilma assumiria em 01 de janeiro de 2011. Se fosse para constituir tal “provisão”, por que não fizeram antes, quando Lula estava no auge da sua glória e poder? Porque deixaram o suborno para depois de sua saída do poder? Esquisito, não?
A lógica do mundo político sempre foi “rei morto, rei posto”. Saindo Lula do Planalto, que nem podia voltar após dois mandatos e pela idade, qualquer interesse seria imediatamente transferido para Dilma. E ponto final.
O mais curioso é que, depois de ter dito que constituiu uma provisão financeira, um fundo, exclusivo para Lula – e sem que Lula precisasse pedir, já que tudo teria sido combinado com Palocci –, Marcelo Odebrecht diz uma pérola: só depois, através de alguns usos é que “ficou claro”, “que ficou evidente para mim”, que era mesmo para Lula.
Mas como?? Como pode ter dito que combinou com Palocci criar um fundo para atender às demandas de dinheiro de Lula se, em seguida, diz que só depois foi que se convenceu, por “certos usos”, que o dinheiro era pra Lula?? Não faz sentido, é absurdo.
O que há de mais cômico, porém, é que ele conclui sua denúncia com essa baboseira digna de um débil mental:
“As duas únicas comprovações que eu teria de que Lula, de certo modo, tinha conhecimento dessa provisão foi quando veio o pedido para a compra do terreno do instituto IL [Instituto Lula]”.
Isso é uma aberração intelectual: ele começa dizendo que a Odebrecht decidiu criar um fundo para Lula, sem que Lula tenha pedido, para despesas como o Instituto, e, depois, vem nos dizer que foi através de despesas do instituto (compra do terreno) que concluiu que o fundo era para Lula. É pura idiotice.
Como dizia Sócrates aquele que, a cada vez, apresenta versões diferentes sobre as mesmas coisas é um mentiroso. E, não há dúvida possível, Marcelo Odebrecht está contando mentiras grosseiras e ridículas. Mas que farão sucesso, porque são justamente as mentiras que a Lava Jato queria ouvir. E quer ouvir porque Sérgio Moro tem pressa em sentenciar Lula e, se possível, prendê-lo.
A primeira coisa que chama atenção na denúncia de Marcelo Odebrecht é que já começa com duas versões, as duas contadas pelo mesmo Marcelo: primeiro diz que destinou a Lula 35 milhões mas, logo depois, sobe esse valor para 40 milhões. E faz isso sem explicação nenhuma. A hipótese mais provável é que essa falta de explicação tenha uma boa explicação: agradar à Lava Jato e angariar os benefícios de uma delação premiada.
Em toda essa denúncia não há sequer uma prova, não há o mínimo indício, não existem comprovantes, nenhuma gravação, nenhum cheque, nenhum local em que os encontros tivessem ocorrido, nada enfim que pudesse gerar a menor expectativa de comprovação.
Vejamos o que ele diz. Primeiro, afirma que o valor destinado a Lula seria de 35 milhões:
“A gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do instituto, para outras coisas. Então vamos pegar e provisionar uma parte desse saldo, aí botamos R$ 35 milhões no saldo ‘amigo’, que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula“.
No entanto, logo a seguir, como se fosse vítima de amnésia, ou fosse um péssimo ator que esqueceu o script e se vê obrigado a improvisar, diz que o valor foi de 40 milhões:
“A gente botou 40 milhões que viriam para atender demandas que viessem de Lula. Eu sei disso… É, veja bem, o Lula nunca me pediu diretamente, essa informação eu combinei via Palocci. Óbvio que ao longo de alguns usos, ficou claro que era pro Lula porque ele teve usos que ficou evidente para mim que era uso.”
É engraçado, não? Um juiz com um detector de mentiras implantado no cérebro, ou com uma sensibilidade medianamente apurada para a mentira, teria parado o depoimento aí e perguntado meio enfezado: “Afinal, o senhor deu 35 ou 40 milhões para o ex-presidente Lula?”. Claro que teria feito isso, justamente porque se trata de uma informação vital. Mas Moro, para o espanto de quem analisa a situação, nada disse, como se não estivesse percebendo o despropósito.
Mas o pior está por vir.
O ridículo ‘saldo’ Amigo
Diz Marcelo Odebrecht que o combinado foi destinar um fundo exclusivo para as desmandas de Lula, para “a questão do instituto, para outras coisas”. Primeiro, não se vê bem o motivo para constituir um “fundo” apenas para supostas despesas de Lula. E, menos ainda, quando se está no momento da sua saída do poder, 2010, já que Dilma assumiria em 01 de janeiro de 2011. Se fosse para constituir tal “provisão”, por que não fizeram antes, quando Lula estava no auge da sua glória e poder? Porque deixaram o suborno para depois de sua saída do poder? Esquisito, não?
A lógica do mundo político sempre foi “rei morto, rei posto”. Saindo Lula do Planalto, que nem podia voltar após dois mandatos e pela idade, qualquer interesse seria imediatamente transferido para Dilma. E ponto final.
O mais curioso é que, depois de ter dito que constituiu uma provisão financeira, um fundo, exclusivo para Lula – e sem que Lula precisasse pedir, já que tudo teria sido combinado com Palocci –, Marcelo Odebrecht diz uma pérola: só depois, através de alguns usos é que “ficou claro”, “que ficou evidente para mim”, que era mesmo para Lula.
Mas como?? Como pode ter dito que combinou com Palocci criar um fundo para atender às demandas de dinheiro de Lula se, em seguida, diz que só depois foi que se convenceu, por “certos usos”, que o dinheiro era pra Lula?? Não faz sentido, é absurdo.
O que há de mais cômico, porém, é que ele conclui sua denúncia com essa baboseira digna de um débil mental:
“As duas únicas comprovações que eu teria de que Lula, de certo modo, tinha conhecimento dessa provisão foi quando veio o pedido para a compra do terreno do instituto IL [Instituto Lula]”.
Isso é uma aberração intelectual: ele começa dizendo que a Odebrecht decidiu criar um fundo para Lula, sem que Lula tenha pedido, para despesas como o Instituto, e, depois, vem nos dizer que foi através de despesas do instituto (compra do terreno) que concluiu que o fundo era para Lula. É pura idiotice.
Como dizia Sócrates aquele que, a cada vez, apresenta versões diferentes sobre as mesmas coisas é um mentiroso. E, não há dúvida possível, Marcelo Odebrecht está contando mentiras grosseiras e ridículas. Mas que farão sucesso, porque são justamente as mentiras que a Lava Jato queria ouvir. E quer ouvir porque Sérgio Moro tem pressa em sentenciar Lula e, se possível, prendê-lo.
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