Macapá, 28/4/17. Foto: Azyara |
Temer e seu governo não passam recibo mas sabem que a greve geral desta sexta-feira terá conseqüências. O recado foi claro: é ampla e geral a insatisfação dos brasileiros com as reformas que tiram direitos e com os rumos do governo. E sabendo ler um recado social tão claro, muitos deputados não votarão a favor da reforma previdenciária. Ainda mais se governo cumprir a ameaça de demitir os apadrinhados dos que votaram contra a reforma trabalhista ou dela se ausentaram, substituindo-os por indicados de governistas leais.
O recado foi claríssimo. O país parou, o centro funcional das grandes cidades ficou vazio, os transportes não rodaram, as lojas que abriram pela manhã desistiram, escolas públicas e particulares não tiveram aulas e o serviço público não teve expediente, inclusive em Brasília, noves fora os gabinetes de Temer e dos ministros. Apesar destas evidências, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, avaliou a greve geral como “um grande fracasso”. Ele sabe que não foi e sabe também que não pode passar recibo. Mas a verdade é que as coisas ficarão mais difíceis para o governo no Congresso, especialmente na votação da reforma previdenciária. O deus mercado, a quem o governo serve, e que já se havia ressabiado com a vitória pífia na reforma trabalhista, deve ter entendido isso também.
A situação já não foi fácil para Temer na na votação da reforma trabalhista, na quarta-feira, quando o governo obteve 296 votos, precisando de apenas 257. Tratava-se de um projeto de lei. Mas para aprovar a emenda constitucional da Previdência, precisará de 308 votos, e para este quórum, naquela votação faltaram 12 votos. Além dos que votaram contra, 40 governistas não compareceram. Ora, se não quiseram se expor na trabalhista, porque irão comprar briga com eleitorado votando a favor de uma reforma ainda mais odiada, como a previdenciária, e depois de uma manifestação tão forte como a desta sexta-feira?
Na quarta-feira, como o placar mostrou, Temer teria perdido se o que estivesse em pauta fosse uma PEC. E o risco de derrota aumentou muito depois da greve geral. Se ele retaliar governistas demitindo indicados, será pior ainda. Quando o Planalto usa o chicote contra as bancadas, o resultado quase sempre é o aumento da insurgência. Ainda mais quando as ruas dizem aos deputados, como disseram com a greve geral, que elas vão cobrar nas urnas o voto que derem agora.
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