Da revista CartaCapital:
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta quarta-feira, 13, em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a versão do ex-ministro Antonio Palocci a respeito de um “pacto de sangue” que teria sido firmado em 2010 entre Lula e Emilio Odebrecht, então comandante da empreiteira. Lula atribuiu as “mentiras” de Palocci ao desejo do ex-ministro de “querer ser livre”.
Na semana passada, também em depoimento a Moro, Palocci afirmou que o “pacto” foi firmado em duas reuniões nos dias finais do segundo mandato de Lula. Em uma delas, estavam supostamente presentes o então presidente, a presidenta eleita Dilma Rousseff e Emilio Odebrecht. Palocci não estava em ambas as reuniões, mas disse que ouviu o resumo dela do próprio Lula. Segundo o ex-ministro, Lula teria relatado o recebimento de uma oferta de um “pacote de propinas” que envolveria um fundo de 300 milhões de reais para Lula realizar “atividades políticas” após deixar o Planalto.
Nesta quarta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná questionou Lula sobre a reunião com base em um documento apresentado no fim de agosto por Marcelo Odebrecht, no âmbito de seu acordo de delação premiada. É uma ata de reunião realizada em 30 de dezembro de 2010, penúltimo dia do mandato de Lula, entre ele, Dilma e Emilio, no qual constam temas como “estádio do Corinthians” e “Instituto Lula”. Lula confirmou a realização da reunião, mas disse que o encontro “não deve ter durado dez minutos”.
“A desfaçatez do companheiro Palocci foi de tal magnitude que ele inventou uma história, que o Emilio foi lá, foi discutir um fundo que tinha sido criado e foi discutir a manutenção desse fundo, a manutenção da relação dele com a Dilma...”, disse Lula. Segundo ele, a reunião foi solicitada por Emilio Odebrecht e era normal o empresário querer conversar com Dilma. “A Dilma foi a mulher que cuidou do PAC. Todo e qualquer empresário que tinha obra nesse país conversava com ela”, afirmou.
Lula ainda negou ter tratado de financiamento de campanha com Emilio Odebrecht e desmentiu Palocci a respeito do papel deste na arrecadação de fundos. “Jamais o Emilio Odebrecht tratou comigo de qualquer dinheiro”, afirmou Lula. “Nunca foi dada autorização ao Palocci para negociar recursos com qualquer empresário. Era papel do tesoureiro da campanha”, disse.
Lula também negou saber qual relaçãoPalocci mantinha com o empresário Marcelo Odebrecht. "Os dois têm mais de 35 anos, têm autonomia e nunca me pediram para conversar. Se eles conversaram coisas, o Palocci que explique, Marcelo que explique", disse.
O Ministério Público também questionou se Lula nunca "identificou essa faceta tão negativa" em Palocci.
"Ele veio [prestar depoimento] para cumprir um ritual. Foi um conjunto de simulações que o Palocci fez, por isso utilizei a palavra simulador, tudo com o objetivo de duas coisas: diminuir a pena dele pelo benefício da delação e quem sabe ficar com um pouco do recurso que foi bloqueado e ele ganhou como consultor. É isso que ficou claro quando ele disse: estou aqui para ter os benefícios da lei", afirmou o ex-presidente.
"Eu lamento, sou um cara que gostei muito do Palocci e tive boa relação com ele, acho que o Brasil deve ao Palocci, mas, lamentavelmente, ele se prestou a um serviço pequeno. Porque inventar inverdades para tentar criminalizar uma pessoa que ele sabe que não cometeu os crimes que ele alegou, é muito desagradável. Eu fico imaginando o que estão pensando as pessoas que militavam com ele no PT. É lamentável. Sinceramente, eu não tenho raiva do Palocci, eu tenho pena dele ter terminado uma carreira tão brilhante da forma como terminou"
Críticas ao MPF e à PF
Durante a oitiva, Lula fez duras críticas à atuação do MPF-PR e voltou a dizer que é alvo de perseguição. Ao ser questionado sobre o pagamento do aluguel de um apartamento que é vizinho ao seu em São Bernardo do Campo, tema que é também parte da ação, Lula insinuou que o MPF age politicamente. “Isso é suposição de vocês, ilação de vocês, sabe, porque o que menos preocupa vocês agora é prova”, afirmou. Moro interveio. “Senhor ex-presidente, talvez o senhor esteja um pouco rancoroso, mas é a oportunidade que o senhor tem de responder”, disse o juiz.
“Eu não estou rancoroso, mas fico preocupado porque as pessoas inventaram uma história e tentam transformar uma inverdade em verdade. Eles contaram uma grande mentira com o PowerPoint, e quero ver como vão sair dessa”, afirmou Lula. Mais à frente, Lula questionou a veracidade de um documento apreendido em sua casa pela Polícia Federal, uma cópia de um e-mail trocado entre Roberto Teixeira, seu advogado, e uma corretora de imóveis chamada Edna. “Eu tenho muita suspeita do comportamento da Polícia Federal nessas ocupações, por isso não posso dar crédito a uma cópia de um e-mail”.
Confira a íntegra do depoimento [aqui].
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta quarta-feira, 13, em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a versão do ex-ministro Antonio Palocci a respeito de um “pacto de sangue” que teria sido firmado em 2010 entre Lula e Emilio Odebrecht, então comandante da empreiteira. Lula atribuiu as “mentiras” de Palocci ao desejo do ex-ministro de “querer ser livre”.
Na semana passada, também em depoimento a Moro, Palocci afirmou que o “pacto” foi firmado em duas reuniões nos dias finais do segundo mandato de Lula. Em uma delas, estavam supostamente presentes o então presidente, a presidenta eleita Dilma Rousseff e Emilio Odebrecht. Palocci não estava em ambas as reuniões, mas disse que ouviu o resumo dela do próprio Lula. Segundo o ex-ministro, Lula teria relatado o recebimento de uma oferta de um “pacote de propinas” que envolveria um fundo de 300 milhões de reais para Lula realizar “atividades políticas” após deixar o Planalto.
Nesta quarta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná questionou Lula sobre a reunião com base em um documento apresentado no fim de agosto por Marcelo Odebrecht, no âmbito de seu acordo de delação premiada. É uma ata de reunião realizada em 30 de dezembro de 2010, penúltimo dia do mandato de Lula, entre ele, Dilma e Emilio, no qual constam temas como “estádio do Corinthians” e “Instituto Lula”. Lula confirmou a realização da reunião, mas disse que o encontro “não deve ter durado dez minutos”.
“A desfaçatez do companheiro Palocci foi de tal magnitude que ele inventou uma história, que o Emilio foi lá, foi discutir um fundo que tinha sido criado e foi discutir a manutenção desse fundo, a manutenção da relação dele com a Dilma...”, disse Lula. Segundo ele, a reunião foi solicitada por Emilio Odebrecht e era normal o empresário querer conversar com Dilma. “A Dilma foi a mulher que cuidou do PAC. Todo e qualquer empresário que tinha obra nesse país conversava com ela”, afirmou.
Lula ainda negou ter tratado de financiamento de campanha com Emilio Odebrecht e desmentiu Palocci a respeito do papel deste na arrecadação de fundos. “Jamais o Emilio Odebrecht tratou comigo de qualquer dinheiro”, afirmou Lula. “Nunca foi dada autorização ao Palocci para negociar recursos com qualquer empresário. Era papel do tesoureiro da campanha”, disse.
Lula também negou saber qual relaçãoPalocci mantinha com o empresário Marcelo Odebrecht. "Os dois têm mais de 35 anos, têm autonomia e nunca me pediram para conversar. Se eles conversaram coisas, o Palocci que explique, Marcelo que explique", disse.
O Ministério Público também questionou se Lula nunca "identificou essa faceta tão negativa" em Palocci.
"Ele veio [prestar depoimento] para cumprir um ritual. Foi um conjunto de simulações que o Palocci fez, por isso utilizei a palavra simulador, tudo com o objetivo de duas coisas: diminuir a pena dele pelo benefício da delação e quem sabe ficar com um pouco do recurso que foi bloqueado e ele ganhou como consultor. É isso que ficou claro quando ele disse: estou aqui para ter os benefícios da lei", afirmou o ex-presidente.
"Eu lamento, sou um cara que gostei muito do Palocci e tive boa relação com ele, acho que o Brasil deve ao Palocci, mas, lamentavelmente, ele se prestou a um serviço pequeno. Porque inventar inverdades para tentar criminalizar uma pessoa que ele sabe que não cometeu os crimes que ele alegou, é muito desagradável. Eu fico imaginando o que estão pensando as pessoas que militavam com ele no PT. É lamentável. Sinceramente, eu não tenho raiva do Palocci, eu tenho pena dele ter terminado uma carreira tão brilhante da forma como terminou"
Críticas ao MPF e à PF
Durante a oitiva, Lula fez duras críticas à atuação do MPF-PR e voltou a dizer que é alvo de perseguição. Ao ser questionado sobre o pagamento do aluguel de um apartamento que é vizinho ao seu em São Bernardo do Campo, tema que é também parte da ação, Lula insinuou que o MPF age politicamente. “Isso é suposição de vocês, ilação de vocês, sabe, porque o que menos preocupa vocês agora é prova”, afirmou. Moro interveio. “Senhor ex-presidente, talvez o senhor esteja um pouco rancoroso, mas é a oportunidade que o senhor tem de responder”, disse o juiz.
“Eu não estou rancoroso, mas fico preocupado porque as pessoas inventaram uma história e tentam transformar uma inverdade em verdade. Eles contaram uma grande mentira com o PowerPoint, e quero ver como vão sair dessa”, afirmou Lula. Mais à frente, Lula questionou a veracidade de um documento apreendido em sua casa pela Polícia Federal, uma cópia de um e-mail trocado entre Roberto Teixeira, seu advogado, e uma corretora de imóveis chamada Edna. “Eu tenho muita suspeita do comportamento da Polícia Federal nessas ocupações, por isso não posso dar crédito a uma cópia de um e-mail”.
Confira a íntegra do depoimento [aqui].
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