Por Cecília Oliveira, no site The Intercept-Brasil:
O Brasil continua atraindo holofotes. Outrora pela Copa do Mundo e Olimpíadas, agora pelo o caos político e a violência generalizada, uma diretamente ligada a outra, inclusive. A situação é tão ruim, as políticas públicas são tão equivocadas, que o Rio – especialmente – virou um lugar em que todo bom pesquisador de política de drogas precisa fazer pelo menos uma peregrinação na sua carreira. Para o professor de neurociência da Universidade Columbia, Carl Hart, esta já é a sexta.
Desta vez, Hart se encontrou com jovens que integram o Movimentos – um grupo de jovens de várias favelas e periferias do Brasil que acredita que uma nova política de drogas é urgente e precisa ser discutida com eles, que sofrem o impacto direto da “guerra às drogas”. O papo foi no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro, na última sexta feira (08). “Nós somos a população que mais morre em circunstância dessa ‘guerra’, mas a gente não faz parte de nenhum dos debates que pensam as políticas para a sociedade e especificamente para dentro da favela”, reitera Jéssica Souto, membro do Movimentos, fundadora do Estúdio Abaeté, uma empresa de serviços em audiovisual, e moradora do Complexo do Alemão.
Hart é autor do livro “Um Preço Muito Alto“, que conta a história da sua infância e juventude num dos bairros mais violentos de Miami e como – a despeito da desigualdade e da falta de oportunidades – tornou-se o primeiro professor negro da Universidade de Columbia e foi levado a um trabalho inovador no terreno da dependência química e das drogas. E exatamente por isso ele vê muitas similaridades com o Brasil, mas sempre destacando o atraso gritante do país ao lidar com as questões que envolvem drogas.
“Uma das coisas que me perturbam quando venho ao Brasil: Eu odeio ouvir as pessoas falando sobre os traficantes. O tipo de linguagem coloca a culpa no lugar errado. As pessoas que estão lucrando com o tráfico de drogas no Brasil são os poderosos, políticos, autoridades. Mas na mídia e na TV o que se mostra é que a juventude negra é o problema das drogas. Fizemos isso nos EUA 30 anos atrás e percebemos que é uma cilada, um truque. Mas era tarde demais, porque todos os meninos e homens negros dos EUA já estão na prisão. E vejo que o mesmo pode vir a acontecer ou já está acontecendo aqui no Brasil”, compara.
De fato, o Brasil importa políticas de segurança racistas e falidas implantadas nos EUA do século passado, e mesmo John Ehrlichman, então chefe de política doméstica do presidente Nixon, tendo admitido para o jornalista Dan Baum o objetivo claramente racista da política de drogas, as coisas seguem intocadas, com negros matando negros na base da pirâmide, enquanto o dinheiro do tráfico de drogas movimenta bilhões, inclusive na economia formal.
Desta vez, Hart se encontrou com jovens que integram o Movimentos – um grupo de jovens de várias favelas e periferias do Brasil que acredita que uma nova política de drogas é urgente e precisa ser discutida com eles, que sofrem o impacto direto da “guerra às drogas”. O papo foi no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro, na última sexta feira (08). “Nós somos a população que mais morre em circunstância dessa ‘guerra’, mas a gente não faz parte de nenhum dos debates que pensam as políticas para a sociedade e especificamente para dentro da favela”, reitera Jéssica Souto, membro do Movimentos, fundadora do Estúdio Abaeté, uma empresa de serviços em audiovisual, e moradora do Complexo do Alemão.
Hart é autor do livro “Um Preço Muito Alto“, que conta a história da sua infância e juventude num dos bairros mais violentos de Miami e como – a despeito da desigualdade e da falta de oportunidades – tornou-se o primeiro professor negro da Universidade de Columbia e foi levado a um trabalho inovador no terreno da dependência química e das drogas. E exatamente por isso ele vê muitas similaridades com o Brasil, mas sempre destacando o atraso gritante do país ao lidar com as questões que envolvem drogas.
“Uma das coisas que me perturbam quando venho ao Brasil: Eu odeio ouvir as pessoas falando sobre os traficantes. O tipo de linguagem coloca a culpa no lugar errado. As pessoas que estão lucrando com o tráfico de drogas no Brasil são os poderosos, políticos, autoridades. Mas na mídia e na TV o que se mostra é que a juventude negra é o problema das drogas. Fizemos isso nos EUA 30 anos atrás e percebemos que é uma cilada, um truque. Mas era tarde demais, porque todos os meninos e homens negros dos EUA já estão na prisão. E vejo que o mesmo pode vir a acontecer ou já está acontecendo aqui no Brasil”, compara.
De fato, o Brasil importa políticas de segurança racistas e falidas implantadas nos EUA do século passado, e mesmo John Ehrlichman, então chefe de política doméstica do presidente Nixon, tendo admitido para o jornalista Dan Baum o objetivo claramente racista da política de drogas, as coisas seguem intocadas, com negros matando negros na base da pirâmide, enquanto o dinheiro do tráfico de drogas movimenta bilhões, inclusive na economia formal.
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