Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
A trajetória do PTB (para quem não lembra, a sigla quer dizer Partido Trabalhista Brasileiro), de Getúlio Vargas, seu fundador, a Roberto Jefferson, atual dono da legenda, é emblemática da degradação do sistema político-partidário no país.
Getúlio criou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) na década de 40 do século passado, que acaba de ser desmontada em poucos meses pelo governo Michel Temer, ao implantar na íntegra o projeto de reforma apresentado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), sob a alegre batuta do agora ex-ministro Roberto Nogueira, do PTB gaúcho (gaúcho como Vargas!), indicado por Jefferson, que atendeu a todas as antigas reivindicações do patronato para acabar com os sindicatos, a Justiça Trabalhista e os direitos dos assalariados.
Ninguém sabia quem era Roberto Nogueira, que agora voltará para o anonimato do baixo clero, mas seu nome será lembrado como o do ministro do PTB que tentou revogar a Lei Áurea. Houve protestos até da ONU e Temer foi obrigado a recuar daquela barbaridade que praticamente liberava o trabalho escravo no Brasil.
Sob o pretexto de “modernizar a legislação trabalhista” para criar mais empregos, Nogueira apresentou um balanço da sua gestão na carta em que pediu demissão do cargo na quarta-feira.
“Saímos de um modelo de alta regulação estatal para uma forma moderna de autocomposição dos conflitos trabalhistas, colocando o Brasil ao lado das nações mais desenvolvidas do mundo”.
Que beleza, agora somos modernos! O que dirão disso as “nações mais desenvolvidas”? A quem eles pensam que enganam?
Colocar os trabalhadores para defender seus direitos em negociação direta com os patrões, sem a intermediação dos sindicatos e do Estado, é mais ou menos como botar o meu São Paulo para jogar de igual para igual com o Barcelona, no campo do Barcelona, num jogo sem juiz, com os direitos de transmissão de TV negociados por Marin, Teixeira, Del Nero e cia. bela.
Por ironia do destino, no mesmo dia, o ministro do PTB, que será substituído por outro deputado do PTB, também indicado pelo inefável Roberto Jefferson, foi obrigado a anunciar que em novembro o Brasil teve mais demissões do que contratações, com um saldo negativo de 12,3 mil vagas, justamente no mês em que foi implantada a nova legislação trabalhista. Em lugar de mais empregos, mais demissões.
Nos primeiros 11 meses de 2017, o saldo foi positivo em 299,6 mil vagas, bem longe do um milhão de novos empregos repetidamente anunciados pelo presidente Temer e o ministro Meirelles em seus discursos e na feérica e milionária campanha do governo “Agora, é avançar” veiculada dia e noite nos meios de comunicação.
Avançar para onde? A propaganda oficial só não fala que vivemos num país onde ainda há quase 13 milhões de desempregados e correm, ou melhor, dormem no Supremo Tribunal Federal 12 ações diretas de inconstitucionalidade contra a tal “Lei da Modernização Trabalhista”.
De mentira em mentira, de recuo em recuo, estão criando um Brasil de fantasia nas fake news com carimbos oficiais embaladas na propaganda pública e privada de que agora tudo vai melhorar.
Bem que poderia ser verdade nesta passagem de ano, um tempo em que sempre há uma renovação de esperanças, mas os números insistem em mostrar a realidade e os Maruns da vida nadam de braçada tirando um sarro da nossa cara.
Se os fatos negam a propaganda, danem-se os fatos.
Vida que segue.
Getúlio criou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) na década de 40 do século passado, que acaba de ser desmontada em poucos meses pelo governo Michel Temer, ao implantar na íntegra o projeto de reforma apresentado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), sob a alegre batuta do agora ex-ministro Roberto Nogueira, do PTB gaúcho (gaúcho como Vargas!), indicado por Jefferson, que atendeu a todas as antigas reivindicações do patronato para acabar com os sindicatos, a Justiça Trabalhista e os direitos dos assalariados.
Ninguém sabia quem era Roberto Nogueira, que agora voltará para o anonimato do baixo clero, mas seu nome será lembrado como o do ministro do PTB que tentou revogar a Lei Áurea. Houve protestos até da ONU e Temer foi obrigado a recuar daquela barbaridade que praticamente liberava o trabalho escravo no Brasil.
Sob o pretexto de “modernizar a legislação trabalhista” para criar mais empregos, Nogueira apresentou um balanço da sua gestão na carta em que pediu demissão do cargo na quarta-feira.
“Saímos de um modelo de alta regulação estatal para uma forma moderna de autocomposição dos conflitos trabalhistas, colocando o Brasil ao lado das nações mais desenvolvidas do mundo”.
Que beleza, agora somos modernos! O que dirão disso as “nações mais desenvolvidas”? A quem eles pensam que enganam?
Colocar os trabalhadores para defender seus direitos em negociação direta com os patrões, sem a intermediação dos sindicatos e do Estado, é mais ou menos como botar o meu São Paulo para jogar de igual para igual com o Barcelona, no campo do Barcelona, num jogo sem juiz, com os direitos de transmissão de TV negociados por Marin, Teixeira, Del Nero e cia. bela.
Por ironia do destino, no mesmo dia, o ministro do PTB, que será substituído por outro deputado do PTB, também indicado pelo inefável Roberto Jefferson, foi obrigado a anunciar que em novembro o Brasil teve mais demissões do que contratações, com um saldo negativo de 12,3 mil vagas, justamente no mês em que foi implantada a nova legislação trabalhista. Em lugar de mais empregos, mais demissões.
Nos primeiros 11 meses de 2017, o saldo foi positivo em 299,6 mil vagas, bem longe do um milhão de novos empregos repetidamente anunciados pelo presidente Temer e o ministro Meirelles em seus discursos e na feérica e milionária campanha do governo “Agora, é avançar” veiculada dia e noite nos meios de comunicação.
Avançar para onde? A propaganda oficial só não fala que vivemos num país onde ainda há quase 13 milhões de desempregados e correm, ou melhor, dormem no Supremo Tribunal Federal 12 ações diretas de inconstitucionalidade contra a tal “Lei da Modernização Trabalhista”.
De mentira em mentira, de recuo em recuo, estão criando um Brasil de fantasia nas fake news com carimbos oficiais embaladas na propaganda pública e privada de que agora tudo vai melhorar.
Bem que poderia ser verdade nesta passagem de ano, um tempo em que sempre há uma renovação de esperanças, mas os números insistem em mostrar a realidade e os Maruns da vida nadam de braçada tirando um sarro da nossa cara.
Se os fatos negam a propaganda, danem-se os fatos.
Vida que segue.
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