Por Martín Fernández Lorenzo, no blog Socialista Morena:
A revista norte-americana Forbes foi lapidar: “é a hora de cair fora da Argentina, de sair correndo”. Especialista nos países do BRICS, o colunista Kenneth Rapoza ouve especialistas do mercado financeiro sobre o país do direitista Mauricio Macri e as opiniões são devastadoras.
“Vi este jogo antes: o governo está usando as reservas do Banco Central para artificialmente inflar o peso e nós temos uma irritante inflação alta”, disse Fernando Pertini, que chefia a consultoria de finanças do Millenia Asset Management, da Costa Rica. “A equipe econômica argentina parece perdida.” “Podemos assistir uma repetição do que houve em 2001”, vaticina outro especialista, em referência ao desastroso governo de Fernando de la Rúa.
O Financial Times foi na mesma toada: “Argentina volta a subir as taxas de juros à medida que o peso despenca”. “O drástico movimento vem em um momento que a moeda local continua caindo”, diz o jornal. “Não estamos longe de as coisas ficarem ainda mais amargas”, prevê um especialista.
Em setembro de 2017, o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, apresentou o orçamento para 2018, projetando um crescimento de 3,5%, um peso médio para 19,30 em relação ao dólar e uma inflação anual de 10%, mas em dezembro a meta foi corrigida para 15%. Nesta quinta-feira, o peso desvalorizou 8% em um só dia e chegou a U$23,30. A inflação já é de 9% ao ano. Os números não mentem: a moeda argentina é a que mais se desvalorizou no mundo.
As ações das empresas argentinas em Wall Street também caíram 8%. Já se espera um aumento no preço dos combustíveis de 5% a 10%, já que o presidente da câmara do setor afirma que as tarifas estão defasadas em torno de 20%.
Os números não mentem: a moeda argentina é a que mais se desvalorizou no mundo. As ações das empresas argentinas em Wall Street também caíram 8%
Os relatórios privados recebidos pelo Banco Central Argentino elevaram a expectativa de inflação anual para 22%, e crescimento zero. Mas o governo Macri continua a tentar passar uma mensagem positiva à população. Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda deu uma entrevista coletiva ao lado do ministro das Finanças, Luis Caputo. Os dois têm algo em comum: Dujovne é acusado de lavar e evadir dinheiro e Caputo, de ocultar suas sociedades em empresas off-shore, em paraísos fiscais.
Na entrevista, Duovne falou que a pobreza baixou, que a inflação caiu, que há recordes históricos, que há uma retomada econômica… E, para variar, culpa a oposição pelo tarifazo na conta de energia elétrica. O mais incrível foi que, ao contrário do que disse o informe do Banco Central, continuou ratificando que a meta de inflação é de 15%. Acredite se quiser. Enquanto acontecia a entrevista, o diário oficial do macrismo, o jornal Clarín, tratava de ecoar o “otimismo” da equipe econômica.
Mas as palavras do ministro da Fazenda já são famosas por serem pouco confiáveis, para dizer o mínimo. Estas são as últimas declarações que fez sobre o dólar:
Junho de 2017: “O dólar saiu das capas dos jornais e deixou de ser uma preocupação para os argentinos”
Dezembro de 2017: “O dólar vai deixar de ser um problema para os argentinos”
Fevereiro de 2018: “O movimento do dólar não foi muito forte”
27 de Abril de 2018: “Não fique nervoso com a alta do dólar”
Entende-se o porquê da falta de confiança? O fracasso de Macri na economia explica por que sites brasileiros de extrema-direita já estão dizendo que ele na verdade nunca foi liberal, mas… social-democrata.
Se a Argentina afundar mais um pouco, logo, logo, Macri vira comunista.
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