Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
“Cada grupo de interesse pegou um pedaço, uma teta, sempre perguntando o que podia tirar. Nosso grupo tem outra mentalidade” (Paulo Guedes, ministro da Economia, ao dar posse a presidentes de bancos públicos no Palácio do Planalto).
No mesmo dia, o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, promoveu e triplicou o salário do funcionário Antônio Hamilton Rossell Mourão, que passou a ganhar R$ 36,3 mil por mês.
Rossell Mourão vem a ser filho do general Hamilton Mourão, que tomou posse na vice-presidência da República oito dias antes.
“Quando o vento era outro, ele era prejudicado. Agora, que o vento é a favor, ele foi favorecido por suas qualidades”, justificou o papai Mourão, e deu o assunto por encerrado.
De fato, quando o vento era outro, no início do primeiro mandato de Lula, em 2003, houve um caso semelhante no gabinete do vice-presidente José Alencar, que nomeou um irmão para o gabinete.
Só que a reação de Alencar, ao ser confrontado com as normas éticas do serviço público e as críticas da imprensa, foi oposta à de Mourão:
Em vez de defender o parente, o vice de Lula imediatamente voltou atrás, e exonerou o irmão no dia seguinte.
Lembro-me bem do episódio porque ajudei Alencar a redigir a nota em que ele comunicava sua decisão.
E não se falou mais deste assunto na imprensa, tendo José Alencar completado seus oito anos de mandato como vice com uma conduta impecável nos 398 dias em que assumiu a presidência da República durante as viagens de Lula
Alencar também manteve em seu gabinete os assessores herdados de Marco Maciel, o vice de FHC, porque eram funcionários de carreira, ao contrário do que fez agora o ministro Onyx Lorenzoni, que demitiu 320 integrantes da Casa Civil, para “despetizar” o governo.
Quando assumi a Secretaria de Imprensa e Divulgação da PR, fiz como Alencar: mantive quase todos os 70 funcionários que trabalhavam com a competentíssima Ana Tavares, que exerceu esta função nos oito anos de FHC.
Fiz várias reuniões com eles durante a transição. Eram excelentes profissionais, funcionários de carreira de diferentes órgãos do Estado, cedidos para a Presidência da República. Por que mudar o que está funcionando bem?
A ninguém perguntei em quem tinham votado e se eram filiados a algum partido, bem diferente do que o governo Bolsonaro está fazendo agora. Até as secretárias ficaram comigo.
São casos exemplares que demonstram comportamentos opostos dos governos diante da mesma questão, revelando a hipocrisia de quem se arroga o monopólio da moral e dos bons costumes.
Até o momento em que escrevo, Paulo Guedes ainda não se manifestou sobre a “teta” gorda do funcionário do Banco do Brasil, por acaso filho do general Mourão.
Dá para ver como “nosso grupo” tem mesmo outra mentalidade.
Como escreveu o internauta Pedro Luis Cândido, deve ser esta a “mouralização” do governo.
Vida que segue.
No mesmo dia, o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, promoveu e triplicou o salário do funcionário Antônio Hamilton Rossell Mourão, que passou a ganhar R$ 36,3 mil por mês.
Rossell Mourão vem a ser filho do general Hamilton Mourão, que tomou posse na vice-presidência da República oito dias antes.
“Quando o vento era outro, ele era prejudicado. Agora, que o vento é a favor, ele foi favorecido por suas qualidades”, justificou o papai Mourão, e deu o assunto por encerrado.
De fato, quando o vento era outro, no início do primeiro mandato de Lula, em 2003, houve um caso semelhante no gabinete do vice-presidente José Alencar, que nomeou um irmão para o gabinete.
Só que a reação de Alencar, ao ser confrontado com as normas éticas do serviço público e as críticas da imprensa, foi oposta à de Mourão:
Em vez de defender o parente, o vice de Lula imediatamente voltou atrás, e exonerou o irmão no dia seguinte.
Lembro-me bem do episódio porque ajudei Alencar a redigir a nota em que ele comunicava sua decisão.
E não se falou mais deste assunto na imprensa, tendo José Alencar completado seus oito anos de mandato como vice com uma conduta impecável nos 398 dias em que assumiu a presidência da República durante as viagens de Lula
Alencar também manteve em seu gabinete os assessores herdados de Marco Maciel, o vice de FHC, porque eram funcionários de carreira, ao contrário do que fez agora o ministro Onyx Lorenzoni, que demitiu 320 integrantes da Casa Civil, para “despetizar” o governo.
Quando assumi a Secretaria de Imprensa e Divulgação da PR, fiz como Alencar: mantive quase todos os 70 funcionários que trabalhavam com a competentíssima Ana Tavares, que exerceu esta função nos oito anos de FHC.
Fiz várias reuniões com eles durante a transição. Eram excelentes profissionais, funcionários de carreira de diferentes órgãos do Estado, cedidos para a Presidência da República. Por que mudar o que está funcionando bem?
A ninguém perguntei em quem tinham votado e se eram filiados a algum partido, bem diferente do que o governo Bolsonaro está fazendo agora. Até as secretárias ficaram comigo.
São casos exemplares que demonstram comportamentos opostos dos governos diante da mesma questão, revelando a hipocrisia de quem se arroga o monopólio da moral e dos bons costumes.
Até o momento em que escrevo, Paulo Guedes ainda não se manifestou sobre a “teta” gorda do funcionário do Banco do Brasil, por acaso filho do general Mourão.
Dá para ver como “nosso grupo” tem mesmo outra mentalidade.
Como escreveu o internauta Pedro Luis Cândido, deve ser esta a “mouralização” do governo.
Vida que segue.
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