Festival Lula Livre pela liberdade e pela democracia Praça da República, São Paulo/SP, 02/6/19 Foto: Ricardo Stuckert |
“Bolsonaro já está perdendo apoio e popularidade. Esses primeiros meses serviram para destronar o mito. Quando tinha o mito, as pessoas não tinham ouvido aberto para conversar contigo. As pessoas iam naquela onda. Essa onda acabou. As pessoas no mínimo estão mais dispostas a escutar. Você começa a sentir uma mudança no clima nas periferias.”
É o que afirma Guilherme Boulos, líder nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), em entrevista ao Tutaméia em que analisou a atual situação do país e comentou perspectivas para a esquerda (veja a íntegra no vídeo).
Denunciou que o projeto de Bolsonaro e Paulo Guedes é um projeto de devastação do estado brasileiro, submissão do Brasil aos interesses dos Estados Unidos e destruição dos direitos sociais e trabalhistas. “É a aniquilação de tudo o que se conquistou não só na Constituição de 1988, mas das conquistas que vem de 1930, a legislação trabalhista.”
Apontou, porém, que o apoio a Bolsonaro já está desinflando, em parte porque ele não consegue cumprir suas promessas:
“As promessas de Bolsonaro estão se mostrando uma farsa, em todos os sentidos. Já se passaram quatro meses, e o cara não conseguiu apresentar uma política de geração de emprego. Isso não está na agenda dele, não está no discurso. Pelo contrário: sua política é recessiva. Ele dizia que era o cara, que ia acabar com a corrupção, “com tudo isso que estava aí”. Em três meses, aparece escândalo de laranjas, o filho dele com sessenta e tantos imóveis, o Queiroz, o envolvimento dele com a milícia… As pessoas veem isso. O povo começa a refletir.”
E há um início de reação, representado pelo movimento dos estudantes, pelas convocações às manifestações, pela decisão do movimento sindical de realizar uma greve geral no dia 14 de junho.
“A juventude está na linha de frente”, diz Boulos, continuando: “Fiz um giro pelo Brasil, falei com gente em todo o país, e o que eu sinto é que a juventude está com a faca nos dentes, está com sangue nos olhos, como se diz. Os jovens, e isso ficou muito claro no dia 15 (de maio), já passaram de uma perplexidade com a vitória de Bolsonaro, há uma indignação, um sentimento de esperança, uma disposição de ir para a rua, há uma mobilização…
Mesmo considerando que, na periferia, esse movimento está mais lento, Boulos aponta:
“A capacidade de mobilização do bolsonarismo, vendo o que ele já perdeu nesses cinco meses, essa capacidade está chegando num teto. A esquerda ainda não está numa ofensiva e o Bolsonaro numa defensiva, não é esse o cenário no Brasil. Mas a esquerda saiu das cordas, ganhou possibilidade de reação mais forte, as manifestações do dia 15 foram uma expressão simbólica disso, e o Bolsonaro está chegando no seu teto, no seu limite. No mínimo deixa de avançar e começa a recuar em alguns setores, o que se expressa na perda de popularidade dele.”
Para Boulos, é o momento de as forças progressistas e democráticas se unirem.
“No enfrentamento ao governo, mais do que palavras de ordem, a esquerda tem de ter um rumo. E esse rumo, no meu entendimento, deve ser a aposta no crescimento das ruas. Nós precisamos derrotar a agenda do Bolsonaro. Porque derrotar a agenda do Bolsonaro é derrotar o Bolsonaro, o Mourão e o Maia numa só tacada. Nós temos de mudar a correlação de forças na sociedade brasileira. Isso implica uma aposta nas ruas, em torna da derrota da agenda.”
O que não significa deixar de lado a luta institucional, no Congresso e mesmo na Justiça, afirma Guilherme Boulos:
“Nós precisamos exigir que o TSE investigue as denúncias de fraude eleitoral, de abuso do poder econômico e de fake News durante na campanha eleitoral, o que levaria à cassação da chapa, no limite. Se houver a condenação, e a conclusão, com provas, de que houve abuso de poder econômico, houve crime eleitoral, a chapa é cassada e chamam-se novas eleições em 90 dias. Isso é o que diz a Constituição. O TSE precisa ser cobrado. Isso está na gaveta. E nós tivemos indícios muito fortes. Houve uma matéria na Folha de São Paulo que mostrou três crimes eleitorais, passíveis de cassação da chapa: primeiro, uso de dinheiro de empresas. É o proibido o financiamento empresarial de campanhas no Brasil, que veio da Havan e de outras empresas que pagaram os disparos de Whats app; segundo: caixa dois, porque isso não foi contabilizado na campanha do Bolsonaro; terceiro: difusão de mentiras pelas redes sociais, desrespeitando a regulamento do uso de redes sociais no processo eleitoral, que diz que não podia comprar bacos de dados, e compraram. Então há três crimes eleitorais para cassação de chapa. O TSE não está investigando. Por que não está investigando? A esquerda precisa exigir isso.”
O importante é que os progressistas trabalhem juntos, onde e como for possível: “Num momento como este, em que nós temos valores democráticos em risco, direitos sociais históricos em risco, a oposição precisa ter a maturidade de compreender de que muito do que nos separa, as diferenças que existem são menores do que aquilo que nos separa do programa do Bolsonaro. Aquilo que nos une é maior do que aquilo que nos separa. E isso deve propiciar um esforço de construção de uma frente solidária. Eu tenho trabalhado muito nesse sentido, junto com outras lideranças.”
Lembra também a necessidade da continuação, com firmeza, da campanha Lula Livre: “A pauta pela liberdade de Lula é a meu ver muito importante nessa conjuntura. A prisão de Lula é uma prisão política e simboliza algo muito expressivo hoje, é um ataque à democracia”.
E reafirma: “O que está em jogo é muita coisa. Nós temos uma responsabilidade muito grande de impedir retrocessos maiores, e eu acredito que isso vai se dar com unidade. As próximas batalhas, aqui falando de batalhas de rua, vão ser muito importantes.”
É o que afirma Guilherme Boulos, líder nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), em entrevista ao Tutaméia em que analisou a atual situação do país e comentou perspectivas para a esquerda (veja a íntegra no vídeo).
Denunciou que o projeto de Bolsonaro e Paulo Guedes é um projeto de devastação do estado brasileiro, submissão do Brasil aos interesses dos Estados Unidos e destruição dos direitos sociais e trabalhistas. “É a aniquilação de tudo o que se conquistou não só na Constituição de 1988, mas das conquistas que vem de 1930, a legislação trabalhista.”
Apontou, porém, que o apoio a Bolsonaro já está desinflando, em parte porque ele não consegue cumprir suas promessas:
“As promessas de Bolsonaro estão se mostrando uma farsa, em todos os sentidos. Já se passaram quatro meses, e o cara não conseguiu apresentar uma política de geração de emprego. Isso não está na agenda dele, não está no discurso. Pelo contrário: sua política é recessiva. Ele dizia que era o cara, que ia acabar com a corrupção, “com tudo isso que estava aí”. Em três meses, aparece escândalo de laranjas, o filho dele com sessenta e tantos imóveis, o Queiroz, o envolvimento dele com a milícia… As pessoas veem isso. O povo começa a refletir.”
E há um início de reação, representado pelo movimento dos estudantes, pelas convocações às manifestações, pela decisão do movimento sindical de realizar uma greve geral no dia 14 de junho.
“A juventude está na linha de frente”, diz Boulos, continuando: “Fiz um giro pelo Brasil, falei com gente em todo o país, e o que eu sinto é que a juventude está com a faca nos dentes, está com sangue nos olhos, como se diz. Os jovens, e isso ficou muito claro no dia 15 (de maio), já passaram de uma perplexidade com a vitória de Bolsonaro, há uma indignação, um sentimento de esperança, uma disposição de ir para a rua, há uma mobilização…
Mesmo considerando que, na periferia, esse movimento está mais lento, Boulos aponta:
“A capacidade de mobilização do bolsonarismo, vendo o que ele já perdeu nesses cinco meses, essa capacidade está chegando num teto. A esquerda ainda não está numa ofensiva e o Bolsonaro numa defensiva, não é esse o cenário no Brasil. Mas a esquerda saiu das cordas, ganhou possibilidade de reação mais forte, as manifestações do dia 15 foram uma expressão simbólica disso, e o Bolsonaro está chegando no seu teto, no seu limite. No mínimo deixa de avançar e começa a recuar em alguns setores, o que se expressa na perda de popularidade dele.”
Para Boulos, é o momento de as forças progressistas e democráticas se unirem.
“No enfrentamento ao governo, mais do que palavras de ordem, a esquerda tem de ter um rumo. E esse rumo, no meu entendimento, deve ser a aposta no crescimento das ruas. Nós precisamos derrotar a agenda do Bolsonaro. Porque derrotar a agenda do Bolsonaro é derrotar o Bolsonaro, o Mourão e o Maia numa só tacada. Nós temos de mudar a correlação de forças na sociedade brasileira. Isso implica uma aposta nas ruas, em torna da derrota da agenda.”
O que não significa deixar de lado a luta institucional, no Congresso e mesmo na Justiça, afirma Guilherme Boulos:
“Nós precisamos exigir que o TSE investigue as denúncias de fraude eleitoral, de abuso do poder econômico e de fake News durante na campanha eleitoral, o que levaria à cassação da chapa, no limite. Se houver a condenação, e a conclusão, com provas, de que houve abuso de poder econômico, houve crime eleitoral, a chapa é cassada e chamam-se novas eleições em 90 dias. Isso é o que diz a Constituição. O TSE precisa ser cobrado. Isso está na gaveta. E nós tivemos indícios muito fortes. Houve uma matéria na Folha de São Paulo que mostrou três crimes eleitorais, passíveis de cassação da chapa: primeiro, uso de dinheiro de empresas. É o proibido o financiamento empresarial de campanhas no Brasil, que veio da Havan e de outras empresas que pagaram os disparos de Whats app; segundo: caixa dois, porque isso não foi contabilizado na campanha do Bolsonaro; terceiro: difusão de mentiras pelas redes sociais, desrespeitando a regulamento do uso de redes sociais no processo eleitoral, que diz que não podia comprar bacos de dados, e compraram. Então há três crimes eleitorais para cassação de chapa. O TSE não está investigando. Por que não está investigando? A esquerda precisa exigir isso.”
O importante é que os progressistas trabalhem juntos, onde e como for possível: “Num momento como este, em que nós temos valores democráticos em risco, direitos sociais históricos em risco, a oposição precisa ter a maturidade de compreender de que muito do que nos separa, as diferenças que existem são menores do que aquilo que nos separa do programa do Bolsonaro. Aquilo que nos une é maior do que aquilo que nos separa. E isso deve propiciar um esforço de construção de uma frente solidária. Eu tenho trabalhado muito nesse sentido, junto com outras lideranças.”
Lembra também a necessidade da continuação, com firmeza, da campanha Lula Livre: “A pauta pela liberdade de Lula é a meu ver muito importante nessa conjuntura. A prisão de Lula é uma prisão política e simboliza algo muito expressivo hoje, é um ataque à democracia”.
E reafirma: “O que está em jogo é muita coisa. Nós temos uma responsabilidade muito grande de impedir retrocessos maiores, e eu acredito que isso vai se dar com unidade. As próximas batalhas, aqui falando de batalhas de rua, vão ser muito importantes.”
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