Por Fernando Brito, em seu blog:
É triste e patética a entrevista do General Eduardo Villas Boas hoje, a O Globo.
Muito embora seu sofrimento físico desperte a natural simpatia de todas as pessoas de bons sentimentos, uma vez que ele decidiu não se retirar e manter-se em cargos e no debate político não pode, por aquela razão, estar imune a críticas e ao julgamento público, como qualquer integrante deste governo estaria.
A conversa já começa por uma situação que só o desejo de sugerir o uso do Exército pelo governo petista faz com que seja narrada: uma suposta “sondagem” sobre a decretação de um “estado de defesa” durante o impeachment, para suspender o direito de reunião e de manifestação.
Villas Boas nega que tenha sido sondado por Dilma ou por ministros de seu Governo.
Diz, entretanto, que “a sondagem existiu”, por parte de dois deputados “da esquerda” à assessoria parlamentar do Exército.
General, francamente, ninguém mais que o senhor deveria entender de patentes para saber que isso tem tanta importância quanto uma conversa de tenentes, na melhor das hipóteses.
Nem um lado nem outro têm estatura para este tipo de sondagem e basta olhar para o panorama do Congresso de então para saber que não havia nenhuma possibilidade de que ele referendasse o decreto de exceção.
Depois, fala de “três pilares” que definiu para a ação do Exército: legalidade (intervir apenas para a garantia da lei e da ordem quando solicitado por um dos três poderes”), estabilidade e legitimidade na ação.
Como, dos três, apenas o primeiro existe na Constituição, o general começa a mostrar que lançou-se ao perigoso terreno de fazer a Força Armada ir além de seu papel constitucional, decidindo o que é estabilidade e o que seria legitimidade.
Estável e legítimo é a constitucionalidade, não o arbítrio de comandantes militares e o de seu chefe.
É daí que parte o pensamento mais esdrúxulo do general, ao atribuir seu heterodoxo twitter com uma ameaça velada aos ministros do STF quando do julgamento do habeas corpus em favor de Lula. Diz que sua intenção foi evitar a “impunidade” – “O Exército compartilha o anseio de repúdio à impunidade” – e prevenir o que, segundo ele, seriam manifestações enfurecidas contra uma decisão que libertasse o ex-presidente.
Aí, há uma usurpação: cabe ao comandante do Exército definir o que seja impunidade ou decidir que deve ou não ser punido e como perante a lei civil?
Que não parou aí, porque ele diz que estava interpretando o “pensamento do Exército” – que não tem de pensar sobre decisões do Poder Judiciário, mas acatá-las, como todo servidor público tem de fazer – e agindo em “conformidade com a vontade da população”.
Ótimo, general, então agora temos o Comandante Ibope, que direciona as Forças Armadas ao que supõe ser “a vontade da população”!
O final da entrevista segue o mesmo tom patético.
Finge não saber a razão de Jair Bolsonaro ter-lhe dito em discurso que ele, Villas Boas” era “o motivo de estar ali”, na Presidência.
Diz que, apesar do grande número de militares no Governo Bolsonaro, a presença militar “não resulta influência direta sobre o presidente”. Quer dizer, então, que oito militares entre 22 ministros e centenas deles em cargos elevados da administração civil não exercem influência?
Então, o que fazem lá? Cuidam apenas de engordar o contracheque, elevar os soldos e serem lenientes do processo de entrega do patrimônio e da soberania nacional?
Isso vale ver o comando do país ser tomado por um bando de lunáticos, fascistoides e insanos, que detonam qualquer um – inclusive generais – que ainda tenta se portar com alguma lucidez ou dignidade?
Uma pena que alguém dissipe tão rapidamente a confiança em quem a Nação tinha como um militar moderno, apolítico e estritamente profissional.
Muito embora seu sofrimento físico desperte a natural simpatia de todas as pessoas de bons sentimentos, uma vez que ele decidiu não se retirar e manter-se em cargos e no debate político não pode, por aquela razão, estar imune a críticas e ao julgamento público, como qualquer integrante deste governo estaria.
A conversa já começa por uma situação que só o desejo de sugerir o uso do Exército pelo governo petista faz com que seja narrada: uma suposta “sondagem” sobre a decretação de um “estado de defesa” durante o impeachment, para suspender o direito de reunião e de manifestação.
Villas Boas nega que tenha sido sondado por Dilma ou por ministros de seu Governo.
Diz, entretanto, que “a sondagem existiu”, por parte de dois deputados “da esquerda” à assessoria parlamentar do Exército.
General, francamente, ninguém mais que o senhor deveria entender de patentes para saber que isso tem tanta importância quanto uma conversa de tenentes, na melhor das hipóteses.
Nem um lado nem outro têm estatura para este tipo de sondagem e basta olhar para o panorama do Congresso de então para saber que não havia nenhuma possibilidade de que ele referendasse o decreto de exceção.
Depois, fala de “três pilares” que definiu para a ação do Exército: legalidade (intervir apenas para a garantia da lei e da ordem quando solicitado por um dos três poderes”), estabilidade e legitimidade na ação.
Como, dos três, apenas o primeiro existe na Constituição, o general começa a mostrar que lançou-se ao perigoso terreno de fazer a Força Armada ir além de seu papel constitucional, decidindo o que é estabilidade e o que seria legitimidade.
Estável e legítimo é a constitucionalidade, não o arbítrio de comandantes militares e o de seu chefe.
É daí que parte o pensamento mais esdrúxulo do general, ao atribuir seu heterodoxo twitter com uma ameaça velada aos ministros do STF quando do julgamento do habeas corpus em favor de Lula. Diz que sua intenção foi evitar a “impunidade” – “O Exército compartilha o anseio de repúdio à impunidade” – e prevenir o que, segundo ele, seriam manifestações enfurecidas contra uma decisão que libertasse o ex-presidente.
Aí, há uma usurpação: cabe ao comandante do Exército definir o que seja impunidade ou decidir que deve ou não ser punido e como perante a lei civil?
Que não parou aí, porque ele diz que estava interpretando o “pensamento do Exército” – que não tem de pensar sobre decisões do Poder Judiciário, mas acatá-las, como todo servidor público tem de fazer – e agindo em “conformidade com a vontade da população”.
Ótimo, general, então agora temos o Comandante Ibope, que direciona as Forças Armadas ao que supõe ser “a vontade da população”!
O final da entrevista segue o mesmo tom patético.
Finge não saber a razão de Jair Bolsonaro ter-lhe dito em discurso que ele, Villas Boas” era “o motivo de estar ali”, na Presidência.
Diz que, apesar do grande número de militares no Governo Bolsonaro, a presença militar “não resulta influência direta sobre o presidente”. Quer dizer, então, que oito militares entre 22 ministros e centenas deles em cargos elevados da administração civil não exercem influência?
Então, o que fazem lá? Cuidam apenas de engordar o contracheque, elevar os soldos e serem lenientes do processo de entrega do patrimônio e da soberania nacional?
Isso vale ver o comando do país ser tomado por um bando de lunáticos, fascistoides e insanos, que detonam qualquer um – inclusive generais – que ainda tenta se portar com alguma lucidez ou dignidade?
Uma pena que alguém dissipe tão rapidamente a confiança em quem a Nação tinha como um militar moderno, apolítico e estritamente profissional.
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