Por Altamiro Borges
Depois do “falsificado” Ricardo Vélez, do provocador Abraham
Weintraub e do plagiador Alberto Decotelli, o Ministério da Educação tem agora
um titular "decorativo". Segundo levantamento da Folha, o pastor
Milton Ribeiro adora viajar, mas até hoje não fez nada de útil nesta área
estratégica.
Como aponta a reportagem de Paulo Saldaña, "prestes a
completar quatro meses no cargo, o ministro da Educação, o pastor Milton
Ribeiro, tem privilegiado viagens, agendas com o presidente Jair Bolsonaro sem
relação com a área e, até agora, pouco se envolveu nos temas da pasta".
Nomeado para agradar a ala evangélica
A postura omissa e "festiva" do quarto ministro da pasta já
estaria gerando mal-estar até em outros integrantes do laranjal de Bolsonaro. A
reportagem especula que o pastor tem causado "preocupação nos bastidores
do governo. Para interlocutores, saíram os ministros ideológicos, entrou o
decorativo".
Ainda segundo a Folha, "Milton Ribeiro não tem experiência em
políticas públicas. Ele foi nomeado para agradar a ala evangélica que apoia o
governo e cessar as crises criadas pelos ex-ministros de perfil ideológico".
Nos corredores do Palácio do Planalto, do Ministério da Educação e do
Congresso, ele já virou motivo de piada.
Desde que assumiu o cargo, em meados de julho, “Ribeiro
abriu mão das atividades no MEC para participar de 14 cerimônias com Bolsonaro
sem qualquer relação com a educação. O ministro já acumula 24 dias em viagem: a
cada 10 dias no cargo, em dois ele esteve fora, às vezes por motivos alheio à
pasta”.
14 cerimônias oficiais e Fernando de Noronha
“Na véspera do feriado de Finados, ele foi parar em Fernando
de Noronha (PE) com uma comitiva liderada pelos ministros Ricardo Salles
(Meio Ambiente) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). A viagem foi para anúncios da
área ambiental e de turismo, mas Ribeiro aparece em fotos e vídeos da
programação”.
A ministro festivo e viajante, que adora bajular o “capetão”,
adequou a sua agenda oficial para estar sempre ao lado do presidente. “Milton Ribeiro
fez quatro viagens com Bolsonaro. Em só uma delas, em 14 de agosto, havia
relação com a área: a inauguração de uma escola cívico-militar no Rio de
Janeiro”.
O “pastor” também não abandona seus crentes. A origem religiosa
tem se refletido na agenda do ministro. “Além de nove reuniões com
congressistas da bancada religiosa, Ribeiro teve outros 13 encontros com
religiosos, reunindo-se com pastores, padres e bispos”, detalha a Folha.
O “decorativo” também evita contatos com a imprensa, até
para evitar falar besteiras. “Em entrevistas que concedeu, disse que está no
MEC para cumprir a agenda conservadora de Bolsonaro na educação e causou
polêmica ao relacionar a homossexualidade a ‘famílias desajustadas’”.
Abandono da educação básica
Enquanto aproveita o exercício do cargo para passear, bajular o presidente e privilegiar sua base evangélica, o Ministério da Educação segue no abandono no triste reinado de Jair Bolsonaro. Segundo matéria publicada nesta quarta-feira (11) no jornal Valor, o “MEC gastou só 6% de recursos livres para educação básica”.
“O MEC entrou no segundo semestre com baixo ritmo de
execução do orçamento aprovado para 2020, arrastando uma situação que ocorre
com mais força desde 2019 e ganha contornos mais críticos em meio à crise da
covid-19 e o aumento da pressão por gastos pelas redes de ensino”, relata o
jornal.
“É um resultado muito fora da curva, com certeza é umas das
menores execuções orçamentárias dos últimos anos, o que é incompatível com uma
gestão eficiente”, alerta Lucas Hoogerbrugge, coordenador de relações
governamentais do movimento Todos Pela Educação.
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