Uma longa reportagem da Deutsche Welle (DW), intitulada "São Paulo entre hospitais sem leitos e cemitérios lotados", mostra a tragédia da pandemia no estado mais rico do Brasil. Ela confirma o colapso do sistema de saúde e até funerário num país desgovernado pelo genocida e negacionista Jair Bolsonaro.
"No cemitério Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo, os enterros de adultos estão suspensos. Com 28 mil sepulturas, o segundo maior cemitério da cidade mais populosa do país não tem mais espaço para abrigar os corpos que chegam ao local, a maioria vítima da Covid-19”. O serviço segue disponível apenas para jazigos já reservados e nas quadras destinadas a crianças”, descreve a perturbadora matéria do site de origem alemã.
Exaustão e tristeza dos coveiros
Desde o fim de março, os funcionários do serviço funerário trabalham para liberar as sepulturas. "Ossadas de pessoas enterradas há mais de três anos estão sendo retiradas das covas, exumadas e depositadas num ossário". Os cemitérios de São Paulo também já estão realizando enterros noturnos.
Com jornadas de trabalho estendidas, os servidores dos cemitérios relatam exaustão e tristeza profunda com as mortes de colegas para a Covid-19. "É um trabalho pesado, os funcionários estão muito angustiados. As máquinas abrem as covas, mas eles têm que ajeitar tudo. Eles têm visto famílias inteiras sendo enterradas", explica João Gomes, dirigente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep).
Ausência de leitos nos hospitais
O site DW ainda faz previsões bem pessimistas para o futuro próximo. "No estado de São Paulo, o mês de abril começa com um cenário pouco animador. Há preocupação com escassez de oxigênio em algumas cidades e, na capital, mais de 700 pacientes em situação grave aguardam na fila de espera por um leito de UTI".
A sobrecarga no sistema de saúde não deve ser aliviada no próximo período, conforme prevê o matemático Osmar Neto, autor de um estudo publicado na renomada revista científica Nature. Suas projeções apontam que serão necessários 14.150 leitos de UTI em abril, mas São Paulo tem apenas 12.630 vagas. “A conta, portanto, não fecha: seriam necessários mais 1.520 novos leitos, número bem acima dos 167 extras que o estado disse que disponibilizaria”.
A culpa do presidente negacionista
"O modelo matemático também aponta para um pico de 500 mortes diárias no fim de abril na média móvel no estado", adiciona Osmar Neto. Para Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da USP, trata-se de uma tragédia anunciada: “É uma situação prevista desde o ano passado. Quando começou a haver uma redução de casos e mortes, no final de agosto, houve redução das medidas de isolamento e a consequência são esses números de março".
Entrevistado pelo site DW, o pesquisador Paulo Lotufo conclui que a postura dos governantes é decisiva para evitar as mortes – além dos cuidados e das vacinas. "O comportamento das pessoas é muito de acordo com as lideranças. E o que temos é uma liderança negacionista, jogando contra. No governo federal e em alguns estaduais e municipais também", afirma, lembrando que Jair Bolsonaro desencorajou o uso de máscaras e as medidas de isolamento social desde o início da pandemia.
Com jornadas de trabalho estendidas, os servidores dos cemitérios relatam exaustão e tristeza profunda com as mortes de colegas para a Covid-19. "É um trabalho pesado, os funcionários estão muito angustiados. As máquinas abrem as covas, mas eles têm que ajeitar tudo. Eles têm visto famílias inteiras sendo enterradas", explica João Gomes, dirigente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep).
Ausência de leitos nos hospitais
O site DW ainda faz previsões bem pessimistas para o futuro próximo. "No estado de São Paulo, o mês de abril começa com um cenário pouco animador. Há preocupação com escassez de oxigênio em algumas cidades e, na capital, mais de 700 pacientes em situação grave aguardam na fila de espera por um leito de UTI".
A sobrecarga no sistema de saúde não deve ser aliviada no próximo período, conforme prevê o matemático Osmar Neto, autor de um estudo publicado na renomada revista científica Nature. Suas projeções apontam que serão necessários 14.150 leitos de UTI em abril, mas São Paulo tem apenas 12.630 vagas. “A conta, portanto, não fecha: seriam necessários mais 1.520 novos leitos, número bem acima dos 167 extras que o estado disse que disponibilizaria”.
A culpa do presidente negacionista
"O modelo matemático também aponta para um pico de 500 mortes diárias no fim de abril na média móvel no estado", adiciona Osmar Neto. Para Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da USP, trata-se de uma tragédia anunciada: “É uma situação prevista desde o ano passado. Quando começou a haver uma redução de casos e mortes, no final de agosto, houve redução das medidas de isolamento e a consequência são esses números de março".
Entrevistado pelo site DW, o pesquisador Paulo Lotufo conclui que a postura dos governantes é decisiva para evitar as mortes – além dos cuidados e das vacinas. "O comportamento das pessoas é muito de acordo com as lideranças. E o que temos é uma liderança negacionista, jogando contra. No governo federal e em alguns estaduais e municipais também", afirma, lembrando que Jair Bolsonaro desencorajou o uso de máscaras e as medidas de isolamento social desde o início da pandemia.
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