Charge: Toni D'Agostinho |
Desde que assumiu, percebemos nesse governo que o discurso anticorrupção não passava disso: um discurso vazio, já que desde seu início inúmeros casos de desvios de dinheiro público vieram a público. Nesta quarta-feira (22), no entanto, a operação “Acesso Pago”, da Polícia Federal, prendendo um ex-ministro pelo qual Bolsonaro colocou a “cara no fogo”, põe a nu, para o grande público, o verdadeiro caráter desse governo. Como se não bastasse ser incompetente e retrógrado, é corrupto.
Além da prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, foram alvos também os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. Os três são suspeitos de operar um verdadeiro balcão de negócio no Ministério da Educação (MEC) e na liberação de verbas do Fundo Nacional e Desenvolvimento (FNDE). As suspeitas começaram com o vazamento de áudio do ex-ministro Ribeiro, em março último, no qual diz atender o pedido do presidente para priorizar amigos e pastores no MEC.
Na Comissão de Educação do Senado, em abril, três prefeitos confirmaram as denúncias de corrupção no MEC. Eles afirmaram ter recebido dos dois pastores evangélicos pedidos de propina para facilitar a liberação de recursos do FNDE. Dois prefeitos do Maranhão, cujos municípios receberam recursos para obras de creches e escolas, admitiram ter tido contato com os pastores acusados de tráfico de influência.
Os prefeitos que confirmaram as denúncias relataram que, em almoços depois de reuniões no MEC para tratar de demandas de reforma e construção de creches e escolas, um dos pastores os abordava pedindo propina em troca para destravar a verba do FNDE. Portanto, a Polícia Federal tem vasto material a embasar as prisões.
Os presos são muito próximos a Bolsonaro. Isso atinge em cheio a base de apoio do bolsonarismo e joga mais um balde de água fria nas pretensões de reeleição do atual mandatário. Quando surgiram as primeiras denúncias de que o MEC havia se transformada num bunker de corrupção onde alguns pastores mandavam e desmandavam, Bolsonaro publicou vários vídeo e áudios apoiando os que foram em cana.
Nos bastidores da campanha de Bolsonaro seus principais assessores preparam a defesa tratando o caso como um fato isolado, mas sabemos que não é. No auge da covid-19, a CPI da Pandemia realizada no Senado, não poupou Bolsonaro e acusou o presidente de ter cometido nove crimes: prevaricação; charlatanismo; epidemia com resultado morte; infração a medidas sanitárias preventivas; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documentos particulares; crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade.
É certo que nenhum governo está completamente livre de casos de corrupção, mas é necessário que se criem mecanismo para evitar que isso ocorra; garantir a lisura dos processos de compra e de liberação de recursos seguindo critérios republicanos; não é possível liberar para o amigo do amigo e ainda por cima os municípios terem que pagar propina. Garantir acesso total ao Portal da Transparência e possibilitar que a sociedade tenha acesso às informações é um grande passo para evitar a corrupção. Não podemos aceitar, por exemplo, o sigilo de 100 anos que Bolsonaro impôs sobre alguns temas, porque isso desfavorece a democracia.
Lembramos que isso foi feito com o cartão de vacinação de Bolsonaro, para que o povo não saiba se ele tomou a vacina da Covid ou não, já que ele propagou muita fake news, leia-se mentiras, sobre supostos efeitos adversos da vacina.
Também colocou sob sigilo centenário, documentos ligados aos seus filhos, assim como os documentos dos encontros entre o presidente e os mesmos lobistas alvos da Polícia Federal.
O que Bolsonaro está escondendo? Se mesmo com todo esse “cuidado” a Polícia reuniu provas de seus malfeitos, o que haverá de ainda mais podre que não sabemos?
Fato é que daqui até o dia 2 de outubro, quando acontece o primeiro turno das eleições presidenciais, Bolsonaro vai ter de dançar miudinho para escapar do rótulo de corrupto, mais uma qualificação para acompanhar outros que o povo já sabe: incompetente, golpista, mentiroso e preguiçoso. Você lembra de mais algum?
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