sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Moro ataca hacker para salvar a própria pele

Charge: Aroeira/247
Por Altamiro Borges


No inflamável depoimento de Walter Delgatti à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas nesta quinta-feira (17), uma cena chamou a atenção dos presentes: a intervenção do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), que simplesmente atacou o depoente, numa tentativa patética de defender o próprio mandato. Diante do inusitado, o hacker da “Vaja-Jato” reagiu: “Li as conversas de Vossa Excelência, li a parte privada e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes”.

Como ironizou Carolina Brígido em postagem no UOL, “na primeira parte do depoimento de Delgatti, quando Moro partiu para o ataque, deu a impressão de defender Bolsonaro. Entretanto, o mais provável é que tenha agido em causa própria. As novas revelações do hacker colocam em risco não apenas o futuro de Bolsonaro na Justiça, mas também a tentativa de Moro se fincar na política”.

O desespero do "quase ex-senador"

De fato, a postura agressiva do ex-juizeco da midiática Lava-Jato somente revela seu medo. Acusado de abuso do poder econômico nas eleições de outubro passado, Sergio Moro já é tratado nos corredores do Congresso Nacional como “ex-senador”. Seu julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná pode ocorrer ainda neste ano e vários juristas já dão como certo que seu mandato será cassado. Para evitar o mesmo destino do seu capacho Deltan Dallagnol, que já foi defecado da Câmara dos Deputados, o senador está se mexendo.

Na semana passada, o site Metrópoles revelou que “preocupado com investigações das quais é alvo, o senador já se reuniu com mais da metade do STF. Dos onze ministros, o ex-juiz da Lava Jato contabiliza audiências com seis. Ele já se reuniu com a presidente Rosa Weber e com Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. Segundo fontes, nas conversas ele teria demonstrado temer suposta perseguição por parte do governo Lula”. Conversa fiada de quem é alvo de vários inquéritos no Judiciário.

Inaptidão e arrogância do ex-juizeco  

Em meados de julho, o jornalista Leonardo Sakamoto já antecipava que “Sergio Moro é visto como ‘ex-senador em atividade’, ‘quase ex-senador’ e ‘senador-zumbi’. As expressões foram relatadas à coluna por colegas, e não apenas da base do governo, que pediram reserva para não atrapalhar a convivência política... A preocupação com a descortesia, contudo, pode ser exagerada, uma vez que a classe política já dá como certa a cassação e não esperou o julgamento para começar as articulações visando à eleição suplementar que deve ser realizada. No Paraná, a pré-campanha para a vaga que pode ser aberta está a pleno vapor”. 

“O sentimento traduzido por um dos senadores ouvidos é que está se discutindo o espólio de alguém com a pessoa ainda viva. Outro aponta que Sergio Moro foi alvo de um misto de inaptidão de um novato na política partidária com a arrogância de achar que ainda estava à frente da 13ª Vara Federal de Curitiba quando disputou a eleição. Eles são unânimes em apontar que o ex-juiz é o único responsável pelo seu próprio destino”, completa o colunista. Diante do hacker Walter Delgatti, o ex-ministro do fascista demonstrou mais uma vez sua inaptidão e toda a sua arrogância.

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