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Ontem, Pedro Bial, aquele do Big Brother, lançou um programa destinado, basicamente, à defesa do preconceito. Despolitização é a palavra que melhor se encaixa.
E o fez consciente e descaradamente. Primeiro, promoveu a defesa do músico Alexandre Pires, acusado de promover o sexismo, o machismo, o preconceito racial, com o clipe da música Kong. Segundo a Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, “o vídeo usa clichês e estereótipos contra a população negra” e “reforça estereótipos equivocados das mulheres como símbolo sexual”.
E o apresentador do Big Brother o fez usando – ele e seus convidados, escolhidos intencionalmente pela sua produção – do velho argumento falacioso e manipulador da censura, da ditadura disfarçada.
Como se não bastasse defender o vídeo que fala de negros e é ilustrado com macacos, ainda reforçou o discurso preconceituoso ao levar ao palco do seu programa pessoas vestidas de gorila e mulheres “popozudas”, que apresentam uma visão sexista do papel da mulher na sociedade, vista como objeto. E ó, eu não faço parte de nenhum movimento feminista, mas como mulher me sinto ofendida com esse uso da imagem, com a consolidação, o reforço de algo que há tanta luta para romper, que é estereotipar a mulher, mostrá-la como um ser que não pensa. Além do apelo sexual da figura da mulher, é um incentivo ao tratamento superficial das pessoas, reduzidas à aparência.
Da mesma forma que a mídia não pode condenar antecipadamente acusados ainda não julgados de algum crime, também não cabe a ela inocentá-los, principalmente quando se trata de um suposto crime contra a coletividade. Qual era o propósito de absolver Alexandre Pires em rede nacional? Para que comprar essa história?
Isso sem falar que o assunto está velho, o caso já foi até arquivado. E o irônico é que Bial começou o programa criticando assédio sexual e assédio moral, que esse tipo de apelo sexual e rebaixadamento da mulher à categoria de objeto incentivam absurdamente.
A linha do programa já ficava clara pela escolha dos participantes. Destaco o reacionarissimo Luís Felipe Pondé, tratado a pão de ló. Apesar de estar presente também Antônio Carlos Queiroz, a diferença de tratamento foi evidente. Queiroz é autor da cartilha “Politicamente correto & Direitos”, criada pelo governo federal como uma tentativa de combater preconceitos e criticada pelo apresentador, o mesmo que diz que críticas não servem pra nada, que nem ouve as direcionadas a ele.
“A cartilha foi dedicada a professores, policiais etc. etc. (aqui entrou uma lista de profissões que eu não vou saber repetir, todas passíveis de receber orientação externa) e… tchan tchan tchan, jornalistas (os intocáveis). E aí você mexe com a liberdade de expressão.” Fora o que está dentro dos parênteses e os et ceteras, foi bem assim que o Bial falou, com o tom dramático que traduz em absurdo jornalistas sofrerem qualquer tipo de influência, inclusive a de uma orientação.
Opa, jornalista, como formador de opinião, não pode receber orientações sobre preconceito, para evitar na sua prática diária que forme opiniões discriminatórias contribuindo para que as diferenças de gênero, classe, cor etc. nunca tenham fim. É a velha história do jornalista como dono da verdade. A gente não erra, não mente, não manipula, não tem ideologia (não pode!), então não tem por que ter nosso trabalho observado. Jornalista tem direito a fazer o que quiser, mesmo que isso ofenda a dignidade de outras pessoas. Afinal, somos semideuses, perfeitos. Vai ver é por isso que o diploma é desnecessário. Afinal, a faculdade orienta, e jornalistas estão acima desse tipo de coisa.
Não vou falar em decepção com esse programa porque né, 12 anos de BBB não deixam criar nenhuma expectativa. Mas um mínimo de bom senso vinha bem, viu.
Isso tudo sem contar o nome do programa, que seria bacaninha uns 15 anos atrás, quando a gíria era moderninha.
5 comentários:
Pedro Boçal é 'falso-profeta' a serviço do preconceito, do consumismo e da baixeza. O que poderíamos esperar do tiozinho apresentador modernoso do BBB, um dos baluartes do jornalixo gloBBBoçasl??? Nada além de LIXO...
"O BRASIL PARA TODOS não passa na glObo - O que passa na glOBo é u~m braZil para TOLOS"
Sobre o "Na Moral", novo programa do "poeta" Bial.
O Bial falar sobre assedio SEXUAL e assedio MORAL sem citar o mundo GLOBAL...
É no mínimo IMORAL.
Pegou MAL.
O melhor mesmo é mudar de CANAL.
Vai sem rima mesmo.... ELES SÃO UNS HIPÓCRITAS
Realmente o programa deixou muito a desejar, acredito que o Bial com todo seu conhecimento seria capaz de propor discussões muito mais interessantes que esta mas, na emissora que se encontra não esperava nada diferente disso.
Ilustrar o vídeo com macacos é algo complexo de comentar, muitos negros que conheço se chamam de macaco e brincam com isso e outros se sentem fortemente ofendidos. Nesses casos, acho melhor evitar a brincadeira para não deixar ninguém ofendido que ignorar ou simplesmente desacreditar que alguém se ofende com isso.
Falar da mulher estereotipada justo neste vídeo é algo que me parece um pouco de perseguição. Achei inclusive que ninguém mais ligava para isso. Concordo que o vídeo reforça essa imagem, que é ridícula, mas a grande maioria da mídia faz isso o tempo inteiro, com mais ou menos intensidade e pouca gente comenta.
Estou cansada de ouvir as pessoas dando voltas em discussões sobre como, ou não, falar. Não digo que isso não seja importante discutir, mas será que esse é o tema mais importante sobre preconceito?
Na minha opnião, o maior problema não são as palavras, mas as ações dissimuladas que geram dados, como os apresentados na última pesquisa do IBGE, onde se percebe que as diferenças entre brancos e negros são muito maiores do que se pensa.
Gostaria de ver as pessoas que realmente se importam em lutar contra o preconceito discutindo ações afirmativas para alterar a realidade apresentada nas pesquisas ao invés de perder tanto tempo tentando "moldar" discursos.
Tá faltando o quê para colocar o "minino" na ABL ao lado do merval...?
a propósito da cartilha...sou do tempo que lazarento era passível de um tapa (da mãe) nos beiços!! Hj hanseníase tem cura e lazarento se transformou num advérbio de intensidade..."lazarento de grande"...tenho sérios problemas em relação a essas questões linguísticas e tenho comigo, desculpem-me,à intencionalidade..como carga semântica pejorativa...
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