domingo, 3 de novembro de 2013

Chile e Honduras: derrota da direita?

Por Altamiro Borges

As forças de direita podem sofrer duas fragorosas derrotadas no novo ciclo eleitoral que se inicia na "rebelde" América Latina. No Chile, a líder da oposição Michelle Bachelet desponta para vencer já no primeiro turno, marcado para 17 de novembro. Já em Honduras, os golpistas que depuseram o ex-presidente Manuel Zelaya podem ser desalojados legalmente do poder com a vitória de sua esposa, Xiomara Castro, nas eleições de 24 de novembro. A tensão promete aumentar nas próximas semanas, já que os dois pleitos afetam interesses poderosos dos EUA, das oligarquias locais e de suas mídias. 



No caso do Chile, pesquisa divulgada na última terça-feira (29) pelo instituto CEP, o mais prestigiado do país, aponta Bachelet com 47% das intenções de voto, enquanto todos os seus concorrentes juntos somam 36%. Considerando somente os votos válidos, descontando brancos e nulos, a líder do Partido Socialista obtém 61% da preferência, segundo o CEP. "Diante desse cenário, os competidores pelo segundo lugar mudaram suas estratégias, priorizando os ataques tanto ao programa da ex-presidente, quanto à sua imagem pessoal", relata o sítio Opera Mundi.

A principal mudança ocorreu na campanha da ex-ministra Evelyn Matthei, a candidata do presidente direitista Sebastián Piñera. Segunda colocada na pesquisa CEP, com 14% das preferências, ela agora concentra os seus ataques contra Bachelet. "Durante jantar com empresários na quarta-feira (30/10), o discurso da ex-ministra se baseou na desconstrução do programa de governo da adversária socialista, e terminou definindo que, “nesta eleição, vamos escolher se preferimos as políticas econômicas deste governo, para seguir no caminho de ser como a Alemanha de Angela Merkel, ou se queremos regredir ao modelo da Alemanha Oriental (em referência ao programa de Bachelet)”.

A líder da corrida presidencial também é alvo de críticas à esquerda. Dissidente do Partido Socialista, o candidato Marco Enríquez-Ominami, que aparece na pesquisa CEP com 9%, também desistiu das críticas ao governo "pinochetista" e à sua candidata de direita para mirar em Bachelet. A complexa questão das alianças é o mote dos seus ataques. "O projeto de Bachelet fala em educação gratuita e uma nova constituição para o Chile, mas ela está numa aliança com o Partido Democrata Cristão e outros grupos independentes que sabemos que não querem isso, que já se manifestaram contra. Por isso, o meu compromisso com essas bandeiras é mais realista”, afirmou em recente debate televisivo.

Apesar desta violenta onda, Michelle Bachelet tende a vencer as eleições no Chile - mesmo que seja no segundo turno. Também há forte expectativa de aumento da bancada progressista no Congresso Nacional, inclusive com a eleição de várias lideranças jovens que protagonizaram os protestos de rua contra a "reforma da educação" do neoliberal Sebastián Piñera. O cenário ainda não é tão promissor em Honduras, nação centro-americana que foi abalada por um golpe de Estado em 2009. A candidata oposicionista Xiomara Castro Zelaya, do partido Libre (Liberdade e Refundação), segue à frente nas pesquisas, mas a disputa é bem mais apertada e o jogo sujo é bem mais truculento.

Em entrevista ao Opera Mundi publicada neste sábado (2), Xiomara Castro se disse otimista com a vitória em 24 de novembro e apresentou suas propostas de governo. A ex-primeira-dama afirmou que será necessário construir uma ampla aliança política para refundar o país, por meio da instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte e de uma nova Constituição, “para que a nação recupere a institucionalidade gravemente prejudicada por causa do golpe de 2009”. Ela também afirmou que sua prioridade será "desmilitarizar a sociedade" - hoje o país se parece com uma base militar dos EUA - criar mecanismos de democracia participativa.   

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