Por Wanderley Guilherme, no blog O Cafezinho:
O linguajar da pré-candidata Marina Silva não usa xale. O chega prá lá que deu em Ronaldo Caiado surgiu meio extemporâneo e truculento, mas foi esperto. Quem se abalaria a defender o conhecido ícone do reacionarismo? Ocorre que o senador expulso do noivado Rede-PSB é também um dos representantes parlamentares do agronegócio e foi a este que Marina enviou claro e duro recado. Contribuinte importante do PIB brasileiro por intermédio da produção de alimentos para o mercado interno, o agronegócio responde ainda por enorme fatia das exportações do País.
Em meio a intenso conflito de interesses com o sistema financeiro, disputa com este os valores da taxa de juros e as oscilações do câmbio. A ambos falta a possibilidade de elevar a taxa de extração de mais-valia, vedada pela legislação social existente e pela defesa do valor real do salário mínimo. O lacrimejante empresariado industrial tem sido subalterno nesta peleja, incapaz de aproveitar as oportunidades de negócios constantemente criadas pelas políticas de governo, aguardando, talvez, o cenário em que os investimentos venham a ter risco zero. Foi nesta operação de divide e multiplica que a pré-candidata Marina Silva meteu sua colher, revelando em que prato comeria: o do sistema financeiro.
Menos pelas relações de amizade com familiares do Banco Itaú e muito mais pelos assessores próximos, alguns autorizados, Marina só embroma com seu vocabulário peculiar quando fala para o povo. Aos que mandam na economia suas declarações são, agora, cristalinas. Foi só depois dessa tomada de posição, enfiada sem aviso prévio goela abaixo de Eduardo Campos, que o levou pelas mãos para um encontro com banqueiros em São Paulo. Declarações posteriores igualando os governos de Fernando Henrique Cardoso aos de Luiz Inácio Lula da Silva nada tem de surpreendentes. São avanços naturais no quintal de Aécio Neves, tendo tomado conta, desde já, do de Eduardo Campos. Novas e intensas emoções aguardam o mundo político.
Não dou muito valor aos quase vinte milhões de votos que Marina Silva obteve em 2010. Inesperados, sim, mas sem capacidade de me convencer de que representavam um eleitorado cativo, como o de José Serra, antes que resultado de variáveis conjunturais. Ao contingente anti-petista por convicção, mas ao qual o candidato José Serra não apetecia, como não apetece, somaram-se os desgarrados da esquerda que encontraram na então verde Marina uma saída honrosa, deixando-os em paz com a lembrança da própria consciência. Mais os votos verdes, claro, mas não é para ser esquecido que volume significativo do eleitorado verde encontra-se nas áreas urbanas do Sudeste.
Afirmações contra-factuais são imunes a falsificação e não muito bem vistas. Mas suspeito que se o Rede existisse como partido independente, sua eventual candidata Marina Silva, agora madura, e há muito em circulação, dificilmente chegaria à dezena de milhões de votos em 2014. Exceto, vamos ao ponto, se viesse a receber a benção do sistema financeiro, tal como se encaminha para receber agora. Essa é a principal incógnita da equação eleitoral no momento presente.
O linguajar da pré-candidata Marina Silva não usa xale. O chega prá lá que deu em Ronaldo Caiado surgiu meio extemporâneo e truculento, mas foi esperto. Quem se abalaria a defender o conhecido ícone do reacionarismo? Ocorre que o senador expulso do noivado Rede-PSB é também um dos representantes parlamentares do agronegócio e foi a este que Marina enviou claro e duro recado. Contribuinte importante do PIB brasileiro por intermédio da produção de alimentos para o mercado interno, o agronegócio responde ainda por enorme fatia das exportações do País.
Em meio a intenso conflito de interesses com o sistema financeiro, disputa com este os valores da taxa de juros e as oscilações do câmbio. A ambos falta a possibilidade de elevar a taxa de extração de mais-valia, vedada pela legislação social existente e pela defesa do valor real do salário mínimo. O lacrimejante empresariado industrial tem sido subalterno nesta peleja, incapaz de aproveitar as oportunidades de negócios constantemente criadas pelas políticas de governo, aguardando, talvez, o cenário em que os investimentos venham a ter risco zero. Foi nesta operação de divide e multiplica que a pré-candidata Marina Silva meteu sua colher, revelando em que prato comeria: o do sistema financeiro.
Menos pelas relações de amizade com familiares do Banco Itaú e muito mais pelos assessores próximos, alguns autorizados, Marina só embroma com seu vocabulário peculiar quando fala para o povo. Aos que mandam na economia suas declarações são, agora, cristalinas. Foi só depois dessa tomada de posição, enfiada sem aviso prévio goela abaixo de Eduardo Campos, que o levou pelas mãos para um encontro com banqueiros em São Paulo. Declarações posteriores igualando os governos de Fernando Henrique Cardoso aos de Luiz Inácio Lula da Silva nada tem de surpreendentes. São avanços naturais no quintal de Aécio Neves, tendo tomado conta, desde já, do de Eduardo Campos. Novas e intensas emoções aguardam o mundo político.
Não dou muito valor aos quase vinte milhões de votos que Marina Silva obteve em 2010. Inesperados, sim, mas sem capacidade de me convencer de que representavam um eleitorado cativo, como o de José Serra, antes que resultado de variáveis conjunturais. Ao contingente anti-petista por convicção, mas ao qual o candidato José Serra não apetecia, como não apetece, somaram-se os desgarrados da esquerda que encontraram na então verde Marina uma saída honrosa, deixando-os em paz com a lembrança da própria consciência. Mais os votos verdes, claro, mas não é para ser esquecido que volume significativo do eleitorado verde encontra-se nas áreas urbanas do Sudeste.
Afirmações contra-factuais são imunes a falsificação e não muito bem vistas. Mas suspeito que se o Rede existisse como partido independente, sua eventual candidata Marina Silva, agora madura, e há muito em circulação, dificilmente chegaria à dezena de milhões de votos em 2014. Exceto, vamos ao ponto, se viesse a receber a benção do sistema financeiro, tal como se encaminha para receber agora. Essa é a principal incógnita da equação eleitoral no momento presente.
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