terça-feira, 14 de janeiro de 2014

"Rolezinhos" e a luta de classes

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá Miro, fiquei curioso para saber como você imagina que vai se concluir essa luta de classes. Qual é o mecanismo para a redistribuição de renda? Temos exemplo de como isso ocorreu no mundo com sucesso? Imagino que não sejam questões simples, mas se der uma luz já ajuda para entender seu ponto de vista.

antonio disse...

Não se pode dizer que esses jovens estejam na miséria, passando privações e desempregados.O próprio texto diz que graças às conquistas sociais a situação não está pior.
A Educação é que é terrivel.No estado mais rico da união.Mas miseráveis não são.Tem boas roupas e calçados, tem acesso a banda larga, tablets, celulares, moradia, alimentação, etc, etc.Tem coisas que seus avós e pais não tiveram. Lazer gratuito na cidade não falta.Falta é educação inclusiva e cultura de verdade.

LITERATURA BRASILEIRA NA ESPANHA disse...

O capitalismo fez de todos nós seres consumistas. Sua capacidade de inventar novas necessidades é absurda e, por se tratar de um ser social, todas as novas necessidades criadas, mais cedo ou mais tarde, se tornam básicas ao ser humano (somente o animal se contenta com alimento e o abrigo).

Assim, temos que superar este sistema econômico se quisermos que o consumismo desapareça, pois este não se resume em usar Nike. Apesar de essa marcar ser um ótimo ícone para batermos no capitalismo, tem consumista para qualquer hora ou ocasião: tem o das roupas, o dos tênis, o dos livros, o dos teatros, cinemas, saraus, o consumista das viagens, o que não usa nike, vai trampá de bike, mas gosta de Paris e não morre sem ir a Machu Pichu. Tem o consumista de "cultura" - na verdade de espetáculos (e este muitas vezes é sensacionalista) -, o consumista de restaurantes, de acampamentos selvagens, de música, de esporte, de tecnologia.


Algumas pessoas acreditam que o sujeito que usa Nike e frequenta shopping é pura futilidade, e o mochileiro que não bebe coca cola seria o extremo oposto (pensamento que, como muitos, promove desunião na classe trabalhadora).


Nosso inimigo pode ser a Nike e a Coca Cola, mas não pode ser o pobre que usa sapatos dessa marca e bebe refrigerante. Em termos marxistas, não podemos simplesmente considerá-lo “alienado”, pois todos somos alienados do resultado do nosso trabalho.


Então, nesse momento em que os jovens pobres brasileiros insistem em realizar os famosos ROLEZINHOS, temos de tratá-los como o que são, isto é, filhos da classe trabalhadora, filhos da classe que gera valores, que constrói o país e o carrega nas costas sem ficar com nada. Não podemos criminalizar os pobres por quererem os produtos consumidos pelas classes média e rica, pois tudo pertence à classe trabalhadora. Ou pelo menos deveria pertencer, uma vez que o resultado daquilo que produzimos nos é roubado.


É tudo nosso, podemos quebrar ou queimar, porque é tudo nosso.


Os rolezinhos nada mais são do que mais uma expressão da luta de classes. Como disse Frantz Fanon, o colonizado quer dormir na cama do colonizador. E é por isso que o rico não dorme tranquilamente, sabe que o trabalhador e a trabalhadora, cedo ou tarde vão, com bases teóricas ou não, tomar de volta aquilo que construíram, aquilo que é seu.


Acontece que quando nós, os trabalhadores e trabalhadoras, tomarmos nas mãos o destino da produção, em um sistema comunista, a Nike vai se tornar uma fábrica de calçados e estes voltarão a ter valor de uso. As coisas terão essência ao invés de aparência. Mas para isso temos que desbancar o rico do controle, e isso pode começar sim com uma ameaça espontânea, como os rolezinhos, por exemplo.


Assim, gostemos ou não, frequentemos ou não os shoppings, temos que lembrar que eles foram construídos e funcionam diariamente (inclusive sendo abastecidos) devido à exploração da classe trabalhadora. Desse modo, deveríamos poder dar ao shopping e à cidade como um todo o destino que desejarmos.


De nossa parte, o rumo que queremos é o comunista. É pra isso que trabalhamos.