Por Marcela Belchior, no site da Adital:
A base de apoio que ajudou a reeleger a presidente da República Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores - PT) no último dia 26 de outubro agora intensifica a pressão para evitar que a mandatária recue do projeto de governo na formação da equipe ministerial. Para isso, movimentos sociais, militantes e intelectuais lançam o manifesto "Em defesa do programa vitorioso nas urnas”, que circula na Internet e alerta para a subordinação da gestão às forças conservadoras do país.
Segundo o documento, os rumores de indicação do diretor do Bradesco Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e da ruralista Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura sinalizam para uma regressão da agenda que saiu vitoriosa nas urnas. "Ambos são conhecidos pela solução conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e comunidades indígenas”, destaca o manifesto.
De acordo com o texto, divulgado como petição pública, reunindo adesões em todo o Brasil, as propostas de governo foram anunciadas claramente na campanha presidencial e apontaram para a ampliação dos direitos dos trabalhadores e não para a regressão social. Entretanto, não é o que se observa nos primeiros contornos da nova gestão, que parece priorizar parcerias político-eleitorais com os chamados partidos de elite. "A sociedade civil não pode ser surpreendida depois das eleições e tem o direito de participar ativamente da definição dos rumos do governo que elegeu”, critica.
O manifesto relembra quais forças estão em jogo: "A campanha presidencial confrontou dois projetos para o país no segundo turno. À direita, alinhou-se o conjunto de forças favorável à inserção subordinada do país na rede global das grandes corporações, à expansão dos latifúndios sobre a pequena propriedade, florestas e áreas indígenas e à resolução de nosso problema fiscal não com crescimento econômico e impostos sobre os ricos, mas com o mergulho na recessão para facilitar o corte de salários, gastos sociais e direitos adquiridos”, assinala.
"A proposta vitoriosa unificou partidos e movimentos sociais favoráveis à participação popular nas decisões políticas, à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico com redistribuição de renda e inclusão social”, contrapõe o manifesto.
De acordo com o texto, a presidenta Dilma "ganhou mais uma chance” ao ser reeleita e deve dialogar com as forças que a elegeram. "A presidenta Dilma Rousseff ganhou mais uma chance nas urnas não porque cortejou as forças do rentismo e do atraso e sim porque movimentos sociais, sindicatos e milhares de militantes voluntários foram capazes de mostrar, corretamente, a ameaça de regressão com a vitória da oposição de direita”, afirma.
"A oposição não deu tréguas depois das eleições, buscando realizar um terceiro turno em que seu programa saísse vitorioso. Nosso papel histórico continua sendo o de derrotar esse programa, mas não queremos apenas eleger nossos representantes políticos por medo da alternativa”, atenta o manifesto.
Signatários
O documento não declara autoria específica, mas indica 61 signatários, entre entidades e grupos, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Fora do Eixo, o Mídia Ninja, o Levante Popular da Juventude e a Rede Ecumênica da Juventude (Reju). Além disso, assinam o manifesto o teólogo Leonardo Boff, o membro da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Gilberto Cervinski, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo (Universidade de São Paulo - USP) e o ex-porta-voz da Presidência da República André Singer.
Em entrevista à Adital, Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que também aderiu ao manifesto, destaca que mesmo os movimentos sociais que fazem críticas ao primeiro mandato de Dilma encamparam mobilização pela reeleição da presidenta. Agora, se busca uma maior interlocução entre o Palácio do Planalto e a sociedade. "Os movimentos sociais querem interferir com mais força nos rumos do governo”, aponta.
Segundo ele, mesmo derrotadas nas urnas, as forças conservadoras querem impor sua política ao país, pressionando o governo federal de maneira violenta. Isso, destaca Borges, resvala diretamente no desequilíbrio da economia. Além disso, ele destaca a composição conservadora do Congresso Nacional, que desfavorece o projeto social defendido pelos setores de esquerda.
Então, sem eco social, a balança pode acabar, de fato, pesando para o lado dos donos do capital privado. "Pressionando pelo cumprimento de compromissos de campanha como a reforma política e a regulação econômica da mídia, nós jogamos com maior participação popular”, avalia.
Para assinar
Até o último dia 27 de novembro, o documento já reunia pelo menos 4.500 assinaturas. Para ler o manifesto na íntegra e aderir ao abaixo-assinado, clique aqui.
A base de apoio que ajudou a reeleger a presidente da República Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores - PT) no último dia 26 de outubro agora intensifica a pressão para evitar que a mandatária recue do projeto de governo na formação da equipe ministerial. Para isso, movimentos sociais, militantes e intelectuais lançam o manifesto "Em defesa do programa vitorioso nas urnas”, que circula na Internet e alerta para a subordinação da gestão às forças conservadoras do país.
Segundo o documento, os rumores de indicação do diretor do Bradesco Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e da ruralista Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura sinalizam para uma regressão da agenda que saiu vitoriosa nas urnas. "Ambos são conhecidos pela solução conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e comunidades indígenas”, destaca o manifesto.
De acordo com o texto, divulgado como petição pública, reunindo adesões em todo o Brasil, as propostas de governo foram anunciadas claramente na campanha presidencial e apontaram para a ampliação dos direitos dos trabalhadores e não para a regressão social. Entretanto, não é o que se observa nos primeiros contornos da nova gestão, que parece priorizar parcerias político-eleitorais com os chamados partidos de elite. "A sociedade civil não pode ser surpreendida depois das eleições e tem o direito de participar ativamente da definição dos rumos do governo que elegeu”, critica.
O manifesto relembra quais forças estão em jogo: "A campanha presidencial confrontou dois projetos para o país no segundo turno. À direita, alinhou-se o conjunto de forças favorável à inserção subordinada do país na rede global das grandes corporações, à expansão dos latifúndios sobre a pequena propriedade, florestas e áreas indígenas e à resolução de nosso problema fiscal não com crescimento econômico e impostos sobre os ricos, mas com o mergulho na recessão para facilitar o corte de salários, gastos sociais e direitos adquiridos”, assinala.
"A proposta vitoriosa unificou partidos e movimentos sociais favoráveis à participação popular nas decisões políticas, à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico com redistribuição de renda e inclusão social”, contrapõe o manifesto.
De acordo com o texto, a presidenta Dilma "ganhou mais uma chance” ao ser reeleita e deve dialogar com as forças que a elegeram. "A presidenta Dilma Rousseff ganhou mais uma chance nas urnas não porque cortejou as forças do rentismo e do atraso e sim porque movimentos sociais, sindicatos e milhares de militantes voluntários foram capazes de mostrar, corretamente, a ameaça de regressão com a vitória da oposição de direita”, afirma.
"A oposição não deu tréguas depois das eleições, buscando realizar um terceiro turno em que seu programa saísse vitorioso. Nosso papel histórico continua sendo o de derrotar esse programa, mas não queremos apenas eleger nossos representantes políticos por medo da alternativa”, atenta o manifesto.
Signatários
O documento não declara autoria específica, mas indica 61 signatários, entre entidades e grupos, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Fora do Eixo, o Mídia Ninja, o Levante Popular da Juventude e a Rede Ecumênica da Juventude (Reju). Além disso, assinam o manifesto o teólogo Leonardo Boff, o membro da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Gilberto Cervinski, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo (Universidade de São Paulo - USP) e o ex-porta-voz da Presidência da República André Singer.
Em entrevista à Adital, Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que também aderiu ao manifesto, destaca que mesmo os movimentos sociais que fazem críticas ao primeiro mandato de Dilma encamparam mobilização pela reeleição da presidenta. Agora, se busca uma maior interlocução entre o Palácio do Planalto e a sociedade. "Os movimentos sociais querem interferir com mais força nos rumos do governo”, aponta.
Segundo ele, mesmo derrotadas nas urnas, as forças conservadoras querem impor sua política ao país, pressionando o governo federal de maneira violenta. Isso, destaca Borges, resvala diretamente no desequilíbrio da economia. Além disso, ele destaca a composição conservadora do Congresso Nacional, que desfavorece o projeto social defendido pelos setores de esquerda.
Então, sem eco social, a balança pode acabar, de fato, pesando para o lado dos donos do capital privado. "Pressionando pelo cumprimento de compromissos de campanha como a reforma política e a regulação econômica da mídia, nós jogamos com maior participação popular”, avalia.
Para assinar
Até o último dia 27 de novembro, o documento já reunia pelo menos 4.500 assinaturas. Para ler o manifesto na íntegra e aderir ao abaixo-assinado, clique aqui.
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