domingo, 16 de novembro de 2014

Lava-Jato e o cartel do Metrô de SP

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O delegado Igor Romário de Paula, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado, estreou na tevê na edição do Jornal Nacional de sexta-feira 14, falando sobre as prisões de executivos de empreiteiras denunciadas pelo doleiro Alberto Yousseff no âmbito do acordo de delação premiada da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

Diz a locução de Willian Bonner:

“O delegado que conduz as investigações na Polícia Federal diz que há indícios consistentes de vários crimes, como formação de quadrilha, cartel, corrupção, fraude em licitações e lavagem de dinheiro”

De Paula, um dia antes, tornara-se conhecido nacionalmente. Matéria do Jornal O Estado De São Paulo arrolou esse delegado como membro de um grupo de delegados que insulta Dilma Rousseff e Lula no Facebook e faz proselitismo político-partidário em favor do ex-candidato a presidente Aécio Neves.

Abaixo, trecho da matéria do Estadão sobre delegados anti-Dilma da PF



A matéria do Jornal Nacional, além de dar voz aos autoproclamados inimigos políticos de Dilma, Lula e do PT, trata de acusar o partido de estar institucionalmente envolvido nos crimes.



A matéria, porém, poderia ter lembrado que essas empreiteiras que tiveram seus executivos presos também estão envolvidas em outros escândalos envolvendo outros partidos, com destaque para o PSDB.

Empresas citadas na operação Lava Jato são conhecidas como “As quatro irmãs”. São elas Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez e prestam serviços também para governos do PSDB.

A Odebrecht, entre outras, foi alvo de denúncia do Ministério Público por suspeita de formação de cartel em São Paulo para a construção da Linha 5 do Metrô.

Em 2012, o Ministério Público do Estado de São Paulo ofereceu denúncia formal à Justiça contra 14 representantes de empresas que compõem o consórcio vencedor da licitação para a construção da Linha 5 – Lilás, do Metrô.

A denúncia foi formulada pelo promotor de Justiça Marcelo Batlouni Mendroni, do Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos (GEDEC).

Foram denunciados, entre outros, executivos da Construtora Norberto Odebrecht Brasil S/A, da Construtora OAS Ltda e da Construtora Queiroz Galvão S/A.

De acordo com a denúncia, os 14 envolvidos dividiram entre as empresas que representavam os contratos dos trechos de 3 a 8 da linha 5 do Metrô, direcionando a licitação da obra. Para o Ministério Público, eles sabiam previamente qual empresa seria a vencedora de cada um dos trechos em licitação porque combinaram o preço que seria apresentado por cada concorrente do grupo.

O jornal Folha de S. Paulo, naquele ano, publicou reportagem demonstrando que já se sabia, quatro meses antes do edital, quais os consórcios e empresas seriam vencedoras da licitação, registrando em cartório os nomes dos vencedores muito antes de proclamado o resultado da licitação.

Apesar de a mídia estar tentando vender ao país que a atuação criminosa dessas empresas teve início “em 2003” exclusivamente com o governo Lula, todos sabem que esse tipo de atuação corruptora de empreiteiras sempre existiu.

A diferença, hoje, após a chegada do PT ao poder, é que a corrupção praticada desde sempre por empreiteiras está sendo investigada sem tréguas.

Aliás, surpreendeu-se quem quis com as prisões de corruptores na última sexta-feira. Logo após o segundo turno das eleições deste ano, este Blog já vinha avisando que os corruptores entrariam na roda.

Dois dias após o segundo turno (28/10), esta página já explicava O que Dilma quis dizer com “Não vai ficar pedra sobre pedra” durante entrevista que tinha acabado de conceder ao Jornal Nacional.



Apesar da tentativa de exploração política por parte da mídia e do PSDB, é mais do que positivo que a Operação Lava Jato esteja expondo à luz do dia os métodos de empresas que cresceram e se tornaram as maiores do mundo corrompendo políticos e agentes públicos vinculados a TODOS os partidos.

Por conta disso, apesar de a mídia estar tentando vender a ideia de que essas empresas só começaram a fazer negociatas com empresas públicas ligadas ao governo do PT, o fato é que será muito difícil impedir que venham à luz negócios nebulosos dessas empreiteiras com governos de partidos de oposição como os de São Paulo e de Minas Gerais.

Vários colunistas da grande mídia estão achando que Dilma, Lula e o PT serão prejudicados por um nível de combate à corrupção que jamais existiu no país, mas estão redondamente enganados.

Este Blog afiança aos seus leitores que, nos próximos meses, sobretudo após as festas de fim de ano, a presidente da República e seu antecessor começarão a entrar para a história como os únicos governantes que abriram a caixa-preta da corrupção institucionalizada que vige neste país desde sempre. Quem viver, verá.

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