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Por Mariana Serafini, no site Vermelho:
A sede do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé foi palco, na noite desta quarta-feira (21), para o lançamento da nova página do MST na internet. Em clima descontraído, na companhia de “amigos do Barão e do MST”, João Pedro Stédile, da direção nacional da entidade, conversou com militantes dos movimentos sociais, blogueiros progressistas e jornalistas de esquerda sobre os desafios da reforma agrária e o papel dos movimentos nesta nova conjuntura política.
A nova página de notícias do MST, apresentada pela equipe de comunicação, está mais dinâmica, mas o grande diferencial é a plataforma que foi criada a partir de código aberto e em breve será disponibilizada a outros movimentos sociais e coletivos que tenham interesse em criar ou renovar suas páginas.
Stédile falou sobre os novos desafios para a conquista da reforma agrária e destacou alguns pontos da conjuntura política atual que devem ser considerados nesta batalha. De acordo com ele, o lema “A terra pertence a quem nela trabalha” já não se encaixa ao novo modelo do agronegócio, hoje a luta vai além, cabe ao agricultor familiar trabalhar para garantir a soberania alimentar dos brasileiros.
“Neste novo perfil da reforma agrária os problemas não são mais os latifúndios, são as grandes multinacionais que aplicam as mesmas técnicas em várias partes do mundo. O desafio agora não é apenas distribuir a terra, mas produzir alimentos orgânicos para garantir a soberania alimentar, por isso é uma ‘reforma agrária popular’, porque envolve todo o povo”, explicou.
Segundo Stédile, os danos causados pelos agrotóxicos aplicados neste modelo do agronegócio são, muitas vezes, irreversíveis para o organismo humano, o meio ambiente e a sociedade. Isso porque, além de extremamente nocivos à saúde, também devastam a biodiversidade e atingem diretamente, por mais que a relação pareça distante, a vida nas grandes cidades.
Nos últimos 12 anos, mais de cinco milhões de trabalhadores do campo perderam seus empregos, isso porque, o uso dos agrotóxicos dispensa a mão de obra do pequeno agricultor.
Ao mesmo tempo, os casos de cânceres causados direta ou indiretamente pelo excesso de produtos químicos embutidos nos alimentos aumentaram consideravelmente. Isso sem falar no desequilíbrio ambiental que já atinge até mesmo grandes metrópoles como São Paulo, que padece há meses com a falta de água.
Stédile explica que nos últimos anos a expansão da monocultura de cana no estado de São Paulo atingiu mais de 6 milhões de hectares, o que causou um desmatamento capaz de desequilibrar atmosfera na região e dificultar a chegada da chuva. Este dano é irreversível em curto prazo.
Por conta de todas essas consequências já causadas pelo modelo de agronegócio imposto pelas grandes multinacionais e bancos internacionais instalados no país é que o MST acredita que este seja o momento de levar a questão da reforma agrária e da soberania alimentar para o debate popular. Cabe aos movimentos sociais travar este diálogo com a sociedade e pressionar o governo.
“Nós estamos numa situação difícil, por um lado temos Kátia Abreu no ministério da Agricultura e por outro o Patrus, que vem da esquerda, no do Desenvolvimento Agrário, nós vamos cobrar uma postura mais à esquerda do governo, como sempre fizemos, mas também vamos aplaudir as ações que eles acertarem, é assim que o MST atua, com autonomia para criticar quando for preciso e bater palma quando merecer”, afirmou.
Para Stédile, o desafio dos movimentos sociais neste novo governo da presidenta Dilma Rousseff é manter a coerência com as bandeiras histórias e levar o debate para a sociedade a ponto de mobilizar grandes manifestações de rua, sem deixar de fazer a crítica construtiva à nova administração.
Estiveram presentes no bate-papo, o diretor do Barão de Itararé, Altamiro Borges, os jornalistas José Reinaldo Carvalho, do Portal Vermelho; Rodrigo Viana, do blog Escrevinhador; Paulo Henrique Amorin, do Conversa Afiada; Conceição Oliveira, do blog Maria Frô; Nilton Viana, editor do Brasil de Fato; o editor da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, e outros jornalistas e ativistas. A jornalista Laura Capriglione foi responsável pela mediação da mesa.
Todo o evento foi transmitido ao vivo pela internet em diversos sites e blogs de esquerda. A transmissão ficou por conta dos membros do coletivo Fora do Eixo.
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