terça-feira, 21 de abril de 2015

O PT e o blogueiro de Alckmin

Por Lelê Teles, no blog Maria Frô:

Há pouco descobrimos, estarrecidos, que Alckmin pagava com dinheiro público um mentecapto que mantinha uma página na internet recheada de mentiras, falsificações e mau caratismo para achincalhar a imagem de petistas e somente de petistas.

O imoral ganhava 70 mil lascas por mês para alimentar quase meio milhão de midiotas que reproduziam suas fraudes na internet como se verdade fossem.

O mais estarrecedor de tudo isso é que Fernando Gouveia não é o único a inventar mentiras para servir como ração para os midiotas.

Nessa semana, o site da CBN mancheteou a informação falsa de que o irmão de secretário de Haddad estava metido em maracutaias. Um prato cheio para os revoltados online compartilharem.



Só que era mentira. O corrupto na verdade é irmão do secretário de habitação de Alckmin. A CBN corrigiu o erro, tirou o nome de Haddad da manchete, mas o nome de Alckmin não entrou.

Baudrillard falava sobre essa tática malandra da errata, “você lança uma informação. Enquanto ela não for desmentida, ela é verossímil. A não ser que ocorra um acidente, ela jamais será desmentida em tempo real. Mesmo se for desmentida mais tarde, ela não será mais totalmente falsa, porque obteve credibilidade.”

Sacou? Estão errando de propósito.

Veja essa do Estadão. Hoje, o jornalão falsificou o depoimento da esposa de Vaccari, o ex-tesoureiro do PT, tentando fazer do casal uma dupla de milionários pilantras. Segundo o jornal, Giselda Vaccari afirmou que recebia 300 mil lascas mensais como pagamento de sua aposentadoria.

Imagina uma informação dessas, tendo como fonte o Estadão, nas mãos de um canalha como o implicante Gravataí Merengue e seu meio milhão de papagaios midiotizados!

Um prato cheio para quem tem fome de assassinar reputações.

Mas o diabo é que no depoimento Giselda diz que recebe 3 mil reais e não 300 mil.

De onde veio o milagre da multiplicação? Da vontade de sacanear. Já fizeram isso antes.

No dia 17 de novembro de 1993, a revistaveja, sempre ela, trazia na capa o deputado Ibsen Pinheiro e a manchete: “Até tu, Ibsen? Um baluarte do Congresso naufraga em dólares suspeitos.”

O jornalista Luiz Costa Pinto afirmava que Ibsen Pinheiro, então presidente da Câmara, o homem que conduziu o processo de impeachment de Collor, teria 1 milhão de dólares em sua conta bancária. Colaram a imagem dele com a dos Anões do Orçamento.

Pronto.

Cassaram o mandato de Ibsen e seus direitos políticos. Descobriu-se depois que tudo era uma fraude, Ibsen havia movimentado apenas modestos mil dólares em sua conta bancária. A justiça inocentou o ex-deputado.

O jornalista da revista Veja produziu esse lixo jornalístico em conluio com o que ele mesmo classificou como “uma boa fonte do submundo político brasiliense.”

E quem era essa boa fonte, nada mais nada menos que Waldomiro Diniz, que mais tarde seria demonizado pela mesma revista Veja por estar próximo a Zé Dirceu.

Fizeram o mesmo com Alceni Guerra. O então ministro da saúde de Collor que fez a besteira de se aproximar de Leonel Brizola, inimigo figadal dos Marinho.

Jornalistas acusaram Guerra de ter superfaturado uma licitação para a compra de bicicletas, mochilas e gaurda-chuvas.

Alexandre Garcia, o ex porta-voz do general Figueiredo, apareceu na TV pedalando e com um guarda-chuva aberto. Só faltou I’m Singing in the Rain como BG.

Alceni virou chacota nacional. Teve que deixar a pasta. Nove meses depois o TCU o inocentou, o MPU e o STF também não viram nada de errado na gestão do ex-ministro.

As fraudes, as mentiras e os “erros certos” estão por toda parte e são antigas. Digo erros certos porque eles nunca erram pro lado errado. Como disse Jonathan Duran, pai do garotinho que sofreu racismo na Oscar Freire, esses mal-entendidos só acontecem contra os negros.

Lembro desse descaramento desde a falsificação das imagens da Praça da Sé onde ocorria um gigantesco comício pró diretas e a Globo transmitiu como se fosse uma comemoração pelo aniversário da cidade de São Paulo.

Depois veio a manipulação no debate entre Collor e Lula. Boni confessou que a Globo colocou gotas de suor de glicerina no rosto de Collor, lhe deram uma pasta cheia de papéis em branco e queriam até salpicar caspas em seu paletó para lhe dar um ar mais “humano”.

A ética deveria ser um imperativo categórico no jornalismo. O jornalista vive de sua credibilidade. Se o leitor não confia em quem escreve, se pensa que estão a lhe enganar, ele fecha o jornal e vai bater um papo com os amigos no boteco, ali vale tudo.

Mas o que os midiotas querem na verdade é um jornalismo de botequim, feito com o fígado, contra os inimigos do patrão e dos homens de bens.

Esse tipo de fofoquismo que faz Ricardo Noblat, aquele que se escondeu atrás de uma moita para ouvir Dias Tófoli lhe xingar. O mesmo Noblat do desprezível caso dos cabides.

O milagre da multiplicação de 3 mil em 300 mil, ou de um mil em um milhão, é a tática suja do jornalismo de esgoto. Os Gravataís Merengues estão por toda a parte, chegaram a colocar um deles na Academia Brasileira de Letras. Um tributo à fraude, ao mau caratismo e à fuleiragem.

A objetividade em si, nos ensinava Grosser, não existe. Mas a vontade de ser objetivo pode ou não existir. Só que o lace desse falso jornalismo com sangue nos olhos não é a objetividade, é o objetivo. E o objetivo é destruir reputações, manipular a opinião pública a alimentar os hematófagos midiotas.

Há quem se preste a isso. Por 70 mil lascas mensais, muitos jornalistas estão a se converter ao gravataismo. O que mais tem nas redações hoje em dia é Gravataís.

Palavra da salvação.

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