quarta-feira, 15 de abril de 2015

Sair das cordas e partir para o ataque

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Agora que a histeria golpista das manifestações da direita dá sinais nítidos de arrefecimento, está mais do que na hora de o governo Dilma romper o cerco em que se encontra, tomar a iniciativa do combate e acuar o adversário. Todos sabemos que é difícil ganhar por nocaute, mas por pontos ainda é possível. Basta um mínimo de coragem política. No day after do fracasso dos coxinhas, Dilma foi bem. Pela primeira vez, criticou com a contundência necessária a redução da maioridade penal. Pensei em dez ações com potencial para fazer com que o governo vire a página dos terríveis primeiros 100 dias, refaça as pontes com quem a elegeu e imponha baixas ao inimigo.

1) Seguir criticando a redução da maioridade penal. De preferência, subindo o tom à medida em que o debate no Legislativo e na sociedade se acirrar.

2) Dilma deve deixar claro (de forma veemente e não do jeito adocicado como fez na semana passada) que seu governo é contra o PL 4330 e que não tem nada a ver com isso. O movimento dos analfabetos políticos não hesitará em usar as redes sociais para poupar os carrascos da CLT, que evidentemente são Cunha e os deputados que votam com ele, e responsabilizar Dilma. Disseminar mentiras e calúnias é com eles mesmos.

3) Como é preciso zelar pela maldita governabilidade, ganha cada vez mais importância o papel do vice-presidente Michel Temer como articulador político do governo. Além de pôr um freio no parlamentarismo das trevas de Cunha, isso ajuda na colagem de cacos da base no Congresso,

4) A esta altura não é mais possível retirar do Congresso as MPs 664 e 665 que dificultam o acesso a direitos previdenciários e trabalhistas, pois o sinal emitido seria de falta de rumos e fraqueza do governo. Mesmo assim , é perfeitamente possível negociar com os parlamentares e com as centrais sindicais apenas ajustes nas distorções, deixando de fora das MPs penalizações escrachadas aos trabalhadores, como o aumento do prazo mínimo necessário para a obtenção do seguro desemprego.

5) Acelerar o processo de fechamento dos acordos de leniência com as empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato, a exemplo do que já está praticamente acertado com a Engevix. Isso é fundamental para salvar a engenharia nacional e preservar centenas de milhares de empregos. Ao mesmo tempo, empreender esforços para mostrar à opinião pública que esses acordos nada tem a ver com impunidade e tampouco com perdão do que foi desviado. Ainda sobre a Lava Jato, a publicação do balanço da Petrobras é um passo decisivo para a empresa e para o Brasil. Tomara que não demore.

6) Entrar de sola no debate da reforma política. Caso contrário, a Câmara dos Deputados, primeiro, e o Senado, em seguida, estarão a cavaleiro para aprovar um arremedo de reforma, com consequências catastróficas para o sistema político brasileiro, que ficaria ainda pior.

7) O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, declarou recentemente que o governo desistiu de enviar agora um projeto de regulação econômica da mídia para o Congresso. Disse que prefere ouvir mais a sociedade e recolher propostas e sugestões, de forma a formatar um projeto com mais respaldo político e social.. Se é isso, mãos à obra, senhor ministro. O governo é fundamental para destravar esse debate, afinal, essa interdição só interessa aos coronéis da mídia, não ao povo brasileiro.

8) Enquanto a regulação não vem, entender, enfim, que é preciso travar uma guerra diária contra o massacre midiático. O novo ministro da Secom, Edinho Araújo, entraria para a história se fizesse com que o governo parasse de irrigar os cofres da mídia mais canalha do planeta. Mas se desconcentrar fortemente as verbas publicitárias destinadas ao PIG já será um avanço. Fora isso, o óbvio : Dilma ter que superar, nem que seja no tranco, sua falta de gosto pela política, aparecer mais, falar mais, usar mais as redes sociais, polemizar mais. Falta a ela e a seus ministros uma política articulada de comunicação que não deixe ataque sem resposta e que dê mais visibilidade às ações do governo.

9) Superar a fase apenas retórica de diálogo com as entidades da sociedade e movimentos sociais, avançando para um processo orgânico e permanente de consultas e conversas produtivas com os movimentos. O que não pode continuar acontecendo é as centrais sindicais tomarem conhecimento do ajuste do Levy na véspera do passagem do ano, e pela imprensa. Isso depois de a presidenta ter se comprometido com os dirigentes sindicais a não tomar nenhuma medida que afetasse os trabalhadores sem ouvi-los.

10) É urgente a definição dos rumos estratégicos do governo. Coisa do tipo de onde partimos e onde queremos chegar. Se o governo diz que está superado modelo baseado no consumo e que o ajuste de Levy é transitório, o que Dilma propõe para colocar no lugar, com que cronograma e a partir de que políticas macroeconômicas definitivas?

3 comentários:

MEDICO57 disse...

Concordo plenamente, porém falta a nossa presidente CORAGEM.

MEDO DO PIG

Ribeiro disse...

Vi que ninguém comentou até agora.
Por que?
Será que os coxinhas estão sem tempo porque estão lendo Reinaldo Azevedo?
Augusto Nunes?

Jbmartins-Contra o Golpe disse...

Acho quê está sob pressão, tem que negociar muitas coisas com o PMDB traidor do povo, muito difícil governar assim.