domingo, 17 de maio de 2015

PSOL expulsa deputado infiel do RJ

Por Altamiro Borges

Reunida neste sábado (16), a direção nacional do PSOL decidiu expulsar das suas fileiras o deputado federal Cabo Daciolo, eleito no ano passado após liderar uma greve dos bombeiros no Rio de Janeiro. A decisão teve 53 votos favoráveis e apenas um contra. Em outra votação, por 31 a 24, a sigla optou por não requerer o mandato do parlamentar junto à Justiça Eleitoral. Entre outras críticas, o deputado foi acusado de contrariar o programa partidário ao propor a mudança do parágrafo primeiro da Constituição Federal, substituindo "todo poder emana do povo" por "todo o poder emana de Deus".

Para o deputado Chico Alencar (RJ), líder da bancada do PSOL na Câmara Federal, a proposta era insustentável. "Colidiu com um ponto fundamental do nosso partido, que é a defesa do Estado laico. Respeitamos todas as crenças, mas o discurso fundamentalista religioso não pode ser tolerado". Em outros ocasiões, o parlamentar - que é evangélico e militar - já havia indignado a militância da sigla. Ele se desgastou ao posar para foto com o deputado fascista Jair Bolsonaro e ao defender a libertação dos 12 policiais que participaram do assassinato do pedreiro Amarildo de Souza, em 2013, na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, no Rio Janeiro.

Com a sua expulsão, a bancada do PSOL na Câmara Federal cai de cinco para quatro deputados. Reproduzo abaixo a nota publicada no site da legenda:

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Diretório Nacional do PSOL decide desligar o deputado Cabo Daciolo dos quadros do partido

Por maioria de votos, os membros do Diretório Nacional do PSOL aprovaram, na tarde de sábado (16), o parecer da Comissão Nacional de Ética do partido pelo desligamento do deputado Cabo Daciolo (PSOL/RJ). A decisão da Comissão de Ética teve como base pedido do Diretório Estadual do PSOL do Rio de Janeiro de expulsão do deputado, considerando algumas iniciativas tomadas por ele, em desacordo com o estatuto e o programa do PSOL.

Duas atitudes adotadas pelo parlamentar do Rio foram levadas em consideração pela Comissão de Ética para elaborar o seu parecer, aprovado ontem por 54 votos a 1. A primeira foi a apresentação, pelo deputado, da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) nº 12/2015, que propõe alterar o trecho da Constituição Federal que afirma “Todo poder emana do povo”, por “Todo poder emana de Deus”, ferindo a concepção do PSOL em defesa do Estado laico. 

A segunda foi a cobrança feito pelo parlamentar para que o partido se engajasse na defesa dos policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, acusados pelo assassinato do assistente de pedreiro Amarildo Souza, em maio de 2013. No entendimento da Comissão de Ética, tal atitude vai na contramão do engajamento de sua militância na campanha “Cadê Amarildo?” e na luta contra a criminalização dos moradores das periferias em todo o país.

Com essa decisão, o Diretório Nacional do PSOL encaminhará o desligamento de Cabo Daciolo dos quadros do partido. A notificação oficial será feita ainda essa semana.

A reunião deste sábado aprovou, no entanto, que o PSOL não recorrerá à Justiça Eleitoral para solicitar o mandato do deputado.

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