Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:
A votação final do impeachment está próxima e a temperatura política não pode cair. Assim, os portais amanhecem com mais uma rodada de manchetes envolvendo delações contra o PT. A dobradinha Lava Jato e mídia continua funcionando a todo vapor.
As novas informações prestadas por Ricardo Pessoa, da UTC, e por três executivos da Andrade Gutierrez não são exatamente novas. As doações oficiais das empreiteiras ao PT seriam ou fruto de pressão de integrantes do governo ou disfarce para valores de propina exigidos pelo partido nos contratos das empreiteiras com o governo federal.
Que se investiguem essas informações e, caso comprovadas, punam-se os responsáveis.
Agora, como a imprensa tradicional não quer informar ninguém, mas manipular a opinião pública para que esta endosse a narrativa que dá sustentação ao golpe de estado que estamos vivendo, cabe à blogosfera levantar os pontos incongruentes dessa narrativa.
O principal deles é o fato de que as empreiteiras doaram valores semelhantes para as campanhas de Dilma e Aécio em 2014. A Andrade Gutierrez doou mais ao tucano, inclusive. A empreiteira tem uma relação orgânica com o PSDB, tendo recebido o controle da estatal mineira Cemig, em 2010. A cúpula da Andrade Gutierrez torceu por Aécio Neves na última eleição.
Diante desses fatos, acreditar que as doações ao PT foram fruto de propina e pressões e as destinadas ao PSDB são ideológicas e desinteressadas é inocência ou má-fé. As empreiteiras doam para os partidos esperando fecharem grandes contratos no futuro governo, por óbvio, qualquer que seja o partido vitorioso.
Criminalizar doações legais a apenas um dos partidos é seletividade penal grosseira. Mas serve muito bem aos interesses dos golpistas. "O assalto dos bolivarianos aos cofres públicos" é a novela eterna que não pode sair do ar até que o governo caia de vez.
Em um contexto mais amplo, a narrativa engendrada pela Lava Jato insere-se na missão diuturna da mídia cartelizada: criminalizar a classe política. Os donos e executivos das empreiteiras, pagadores de propina e portanto corruptores, são pintados como uns pobres coitados, achacados pelos malvados petistas.
No fim desta reportagem do Estadão, sobre a delação de um ex-diretor da Andrade Gutierrez, consta este patético trecho: "Ao final da audiência, o juiz da Lavato (sic) perguntou. “Esse comportamento, pagamento de propinas, o sr. se arrepende?” “Eu, se pudesse voltar ao tempo, eu me arrependeria”, afirmou o delator."
Na verdade o cidadão poderia se arrepender agora mesmo, afinal, não é necessário voltar no tempo para fazê-lo. De qualquer forma, não é comovente? Os pagadores de propina sofrem demais no país dos petralhas.
A votação final do impeachment está próxima e a temperatura política não pode cair. Assim, os portais amanhecem com mais uma rodada de manchetes envolvendo delações contra o PT. A dobradinha Lava Jato e mídia continua funcionando a todo vapor.
As novas informações prestadas por Ricardo Pessoa, da UTC, e por três executivos da Andrade Gutierrez não são exatamente novas. As doações oficiais das empreiteiras ao PT seriam ou fruto de pressão de integrantes do governo ou disfarce para valores de propina exigidos pelo partido nos contratos das empreiteiras com o governo federal.
Que se investiguem essas informações e, caso comprovadas, punam-se os responsáveis.
Agora, como a imprensa tradicional não quer informar ninguém, mas manipular a opinião pública para que esta endosse a narrativa que dá sustentação ao golpe de estado que estamos vivendo, cabe à blogosfera levantar os pontos incongruentes dessa narrativa.
O principal deles é o fato de que as empreiteiras doaram valores semelhantes para as campanhas de Dilma e Aécio em 2014. A Andrade Gutierrez doou mais ao tucano, inclusive. A empreiteira tem uma relação orgânica com o PSDB, tendo recebido o controle da estatal mineira Cemig, em 2010. A cúpula da Andrade Gutierrez torceu por Aécio Neves na última eleição.
Diante desses fatos, acreditar que as doações ao PT foram fruto de propina e pressões e as destinadas ao PSDB são ideológicas e desinteressadas é inocência ou má-fé. As empreiteiras doam para os partidos esperando fecharem grandes contratos no futuro governo, por óbvio, qualquer que seja o partido vitorioso.
Criminalizar doações legais a apenas um dos partidos é seletividade penal grosseira. Mas serve muito bem aos interesses dos golpistas. "O assalto dos bolivarianos aos cofres públicos" é a novela eterna que não pode sair do ar até que o governo caia de vez.
Em um contexto mais amplo, a narrativa engendrada pela Lava Jato insere-se na missão diuturna da mídia cartelizada: criminalizar a classe política. Os donos e executivos das empreiteiras, pagadores de propina e portanto corruptores, são pintados como uns pobres coitados, achacados pelos malvados petistas.
No fim desta reportagem do Estadão, sobre a delação de um ex-diretor da Andrade Gutierrez, consta este patético trecho: "Ao final da audiência, o juiz da Lavato (sic) perguntou. “Esse comportamento, pagamento de propinas, o sr. se arrepende?” “Eu, se pudesse voltar ao tempo, eu me arrependeria”, afirmou o delator."
Na verdade o cidadão poderia se arrepender agora mesmo, afinal, não é necessário voltar no tempo para fazê-lo. De qualquer forma, não é comovente? Os pagadores de propina sofrem demais no país dos petralhas.
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