Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Esta é mais uma da série de cartas abertas aos golpistas. No futuro, é possível que elas sejam reunidas num livro.
Caro ministro Gilmar:
O senhor desonra a Justiça. É a pior espécie de juiz que pode existir: aquele que se move por razões políticas. Sabemos antecipadamente qual será seu voto quando se trata de um tema político. Isto, em si, é uma afronta à dignidade da Justiça.
O senhor sabe, ou deveria saber, que no mundo civilizado sua conduta é intolerável.
Há um caso exemplar em curso nos Estados Unidos. Uma juíza da Suprema Corte, Ruth Bader Ginsburg, fez alguns comentários sobre o candidato à presidência Donald Trump.
Chamou-o de “enganador”, e acusou-o de ter um ego enorme.
Caro Gilmar: são elogios perto das coisas que o senhor fala de Lula e do PT sem nenhuma cerimônia e nenhum pudor.
Pois as palavras da ministra geraram uma tempestade política entre os americanos. Trump disse que ela deveria renunciar. Especialistas em ética se ergueram contra a ministra. Editoriais de jornais condenaram-na energicamente.
Repare, aqui, a diferença, caro Gilmar: nenhum jornal jamais publicou um editorial que reprovasse as barbaridades que o senhor pronuncia sistematicamente contra o PT.
Isso mostra a aliança que existe entre as grandes companhias de mídia e alguns juízes do STF. Eu diria: as duas partes se merecem.
A juíza americana, diante da repercussão de suas afirmações, recuou humildemente. Lamentou ter-se pronunciado em algo que não lhe cabe - política. “Juízes devem evitar falar sobre política. No futuro, terei mais cuidado.”
Juízes que atuam como políticos rebaixam, ao mesmo tempo, a política e a Justiça. É o seu caso, ministro Gilmar.
A péssima imagem do Poder Judiciário perante a sociedade deriva, em boa parte, do senhor. Mais recentemente, é verdade, outro juiz deu uma contribuição milionária para a desmoralização da Justiça, Sérgio Moro, com sua fixação em punir petistas e apenas petistas.
E antes de vocês dois, não podemos esquecer, tivemos Joaquim Barbosa, a quem a mídia proporcionou holofotes em doses extraordinárias em troca do massacre do PT no julgamento do Mensalão.
Caro Gilmar: insisto no ponto de que as declarações da ministra Rute foram nada perto do que o senhor fala todos os dias.
Nos Estados Unidos, um juiz como o senhor não existiria. A opinião pública não tolera a intromissão de juízes nos debates políticos.
Caro Gilmar: o senhor não é apenas um mau juiz. É também um golpista.
Confio que, no futuro, comentários políticos de juízes provoquem no Brasil o mesmo tipo de indignação que existe nos Estados Unidos e em outros países socialmente avançados. Quem quer fazer política deve se submeter às urnas.
O senhor é o retrato togado de um país explorado abjetamente por um plutocracia sem limites em sua ganância portentosa.
Sinceramente.
Paulo
Esta é mais uma da série de cartas abertas aos golpistas. No futuro, é possível que elas sejam reunidas num livro.
Caro ministro Gilmar:
O senhor desonra a Justiça. É a pior espécie de juiz que pode existir: aquele que se move por razões políticas. Sabemos antecipadamente qual será seu voto quando se trata de um tema político. Isto, em si, é uma afronta à dignidade da Justiça.
O senhor sabe, ou deveria saber, que no mundo civilizado sua conduta é intolerável.
Há um caso exemplar em curso nos Estados Unidos. Uma juíza da Suprema Corte, Ruth Bader Ginsburg, fez alguns comentários sobre o candidato à presidência Donald Trump.
Chamou-o de “enganador”, e acusou-o de ter um ego enorme.
Caro Gilmar: são elogios perto das coisas que o senhor fala de Lula e do PT sem nenhuma cerimônia e nenhum pudor.
Pois as palavras da ministra geraram uma tempestade política entre os americanos. Trump disse que ela deveria renunciar. Especialistas em ética se ergueram contra a ministra. Editoriais de jornais condenaram-na energicamente.
Repare, aqui, a diferença, caro Gilmar: nenhum jornal jamais publicou um editorial que reprovasse as barbaridades que o senhor pronuncia sistematicamente contra o PT.
Isso mostra a aliança que existe entre as grandes companhias de mídia e alguns juízes do STF. Eu diria: as duas partes se merecem.
A juíza americana, diante da repercussão de suas afirmações, recuou humildemente. Lamentou ter-se pronunciado em algo que não lhe cabe - política. “Juízes devem evitar falar sobre política. No futuro, terei mais cuidado.”
Juízes que atuam como políticos rebaixam, ao mesmo tempo, a política e a Justiça. É o seu caso, ministro Gilmar.
A péssima imagem do Poder Judiciário perante a sociedade deriva, em boa parte, do senhor. Mais recentemente, é verdade, outro juiz deu uma contribuição milionária para a desmoralização da Justiça, Sérgio Moro, com sua fixação em punir petistas e apenas petistas.
E antes de vocês dois, não podemos esquecer, tivemos Joaquim Barbosa, a quem a mídia proporcionou holofotes em doses extraordinárias em troca do massacre do PT no julgamento do Mensalão.
Caro Gilmar: insisto no ponto de que as declarações da ministra Rute foram nada perto do que o senhor fala todos os dias.
Nos Estados Unidos, um juiz como o senhor não existiria. A opinião pública não tolera a intromissão de juízes nos debates políticos.
Caro Gilmar: o senhor não é apenas um mau juiz. É também um golpista.
Confio que, no futuro, comentários políticos de juízes provoquem no Brasil o mesmo tipo de indignação que existe nos Estados Unidos e em outros países socialmente avançados. Quem quer fazer política deve se submeter às urnas.
O senhor é o retrato togado de um país explorado abjetamente por um plutocracia sem limites em sua ganância portentosa.
Sinceramente.
Paulo
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