Por Altamiro Borges
Segundo os dados oficiais, o desemprego vitimou 12,3 milhões de trabalhadores no ano passado – 36% a mais do que em 2015. A taxa de desocupação bateu no alarmante índice de 12% no quarto trimestre de 2016, o que representa um aumento de 2,7% em relação ao trimestre anterior. Essa é a maior taxa de desemprego da série histórica do indicador do IBGE, iniciado em 2012. Para agravar ainda mais o quadro, cresceu o número de trabalhadores no setor informal, sem carteira assinada e sem direitos trabalhistas. No trágico 2016, o ano do "golpe dos corruptos", o país perdeu 1,4 milhões de empregos formais. E a renda média dos assalariados também declinou durante o ano.
Em decorrência das políticas de ajuste fiscal, que servem apenas para garantir os lucros dos rentistas, também houve queda do número de empregados no setor público. Segundo a pesquisa, nos dois últimos trimestres do ano passado houve retrações em setores como o da administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais, que juntos registraram queda de 1,3% na taxa média móvel de desocupação, o equivalente a 199 mil pessoas.
Muitos "midiotas" que acreditam na imprensa golpista já devem estar arrependidos da besteira que fizeram. Eles hoje compõem a trágica estatística dos desempregados! Reproduzo abaixo artigo da economista Laura Carvalho que mostra como a sociedade foi manipulada.
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Como mostram os dados apresentados no "Texto para Discussão" nº 2.132, de Sergio Gobetti e Rodrigo Orair, do Ipea, as despesas do governo federal cresceram em termos reais a taxas acima do PIB nos últimos quatro mandatos presidenciais: em média, 3,9% no segundo mandato de FHC; 5,2% e 4,9% nos dois mandatos de Lula e 4,2% no primeiro mandato de Dilma, já contabilizando as "pedaladas".
Os investimentos públicos, que certamente fariam parte de qualquer plano que visasse o pleno emprego, passaram de uma expansão de 21,4% no segundo governo Lula para uma queda de 0,5% no primeiro mandato de Dilma.
O que causou a deterioração fiscal foi, portanto, o crescimento menor de receitas, que passou de 6,5% no segundo mandato de FHC para 5,2% e 4,9% nos dois governos Lula e apenas 2,2% no primeiro mandato de Dilma.
Concluído o ano eleitoral de 2014 –o único marcado por uma maior expansão de despesas–, o governo federal passou a se dedicar a solucionar o problema de falta de arrecadação tributária por meio do corte de gastos e investimentos públicos.
O que vimos desde então foi a escalada do desemprego e a queda do rendimento médio dos trabalhadores. A redução no consumo e o endividamento crescente das famílias, por sua vez, fizeram os lucros das empresas –também endividadas– e os investimentos privados despencar.
Como não poderia deixar de ser em tal cenário, a arrecadação tributária passou a sofrer quedas sucessivas, tornando o quadro fiscal muito mais grave do que aquele que deu origem à estratégia.
Em meio aos muitos erros que marcaram o primeiro governo Dilma –das manobras fiscais às desonerações tributárias pouco criteriosas e o represamento exagerado de tarifas–, a gastança desenfreada, enquanto política de pleno emprego, nem sequer aparece na foto.
Em vez dos "fatos alternativos" à la Donald Trump, mais carinho com os dados ajudaria no diagnóstico da crise e na busca das melhores saídas.
Muitos “midiotas” acreditaram nas lorotas do Partido
da Imprensa Golpista (PIG) de que bastaria derrubar Dilma Rousseff para a
economia voltar a crescer e gerar emprego. Michel Temer, com o seu programa “Ponte
para o Futuro” – também apelidado de “pinguela para o inferno” – foi exibido como o homem de confiança do “deus-mercado” e o banqueiro Henrique
Meirelles, nomeado como czar da economia, como o “salvador da pátria”. Pobres
midiotas, tão facilmente manipulados. Serviram de massa de manobra – de patinhos amarelos – dos golpistas. Na semana passada, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou os dados oficiais sobre
o desemprego em 2016.
Segundo os dados oficiais, o desemprego vitimou 12,3 milhões de trabalhadores no ano passado – 36% a mais do que em 2015. A taxa de desocupação bateu no alarmante índice de 12% no quarto trimestre de 2016, o que representa um aumento de 2,7% em relação ao trimestre anterior. Essa é a maior taxa de desemprego da série histórica do indicador do IBGE, iniciado em 2012. Para agravar ainda mais o quadro, cresceu o número de trabalhadores no setor informal, sem carteira assinada e sem direitos trabalhistas. No trágico 2016, o ano do "golpe dos corruptos", o país perdeu 1,4 milhões de empregos formais. E a renda média dos assalariados também declinou durante o ano.
Em decorrência das políticas de ajuste fiscal, que servem apenas para garantir os lucros dos rentistas, também houve queda do número de empregados no setor público. Segundo a pesquisa, nos dois últimos trimestres do ano passado houve retrações em setores como o da administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais, que juntos registraram queda de 1,3% na taxa média móvel de desocupação, o equivalente a 199 mil pessoas.
Muitos "midiotas" que acreditam na imprensa golpista já devem estar arrependidos da besteira que fizeram. Eles hoje compõem a trágica estatística dos desempregados! Reproduzo abaixo artigo da economista Laura Carvalho que mostra como a sociedade foi manipulada.
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Mito da gastança não explica a escalada do desemprego
Por Laura Carvalho - Folha de S.Paulo, 02/02/2017
Os dados de mercado de trabalho recém-divulgados pelo IBGE confirmam a profundidade da crise econômica que caracterizou o biênio 2015-2016: a taxa de desemprego, que ainda caía até o fim de 2014, quase dobrou em dois anos. O número de desempregados já chega a 12,3 milhões de pessoas –1,3 milhão a mais do que toda a população da Grécia.
Por Laura Carvalho - Folha de S.Paulo, 02/02/2017
Os dados de mercado de trabalho recém-divulgados pelo IBGE confirmam a profundidade da crise econômica que caracterizou o biênio 2015-2016: a taxa de desemprego, que ainda caía até o fim de 2014, quase dobrou em dois anos. O número de desempregados já chega a 12,3 milhões de pessoas –1,3 milhão a mais do que toda a população da Grécia.
Diante dos fatos, o slogan "não pense em crise,
trabalhe" parece cada vez mais uma piada de mau gosto. Para a maior parte
dos brasileiros desempregados, pensar na crise nunca foi tão necessário e
encontrar trabalho nunca foi tão difícil.
Mas, se atribuir o problema ao excesso de brasileiros
pessimistas e preguiçosos não convence, responsabilizar o primeiro governo
Dilma e a tal gastança desenfreada por todos os males vividos em 2015 e 2016
ainda encontra eco em boa parte das análises econômicas de botequim – e dos
grandes jornais.
O editorial desta Folha desta
quarta-feira (1º) concluiu, por exemplo, que a crise é "um preço altíssimo
a pagar (...) pela ilusão de que seria possível basear uma política de pleno
emprego na expansão contínua dos gastos do governo".
Como mostram os dados apresentados no "Texto para Discussão" nº 2.132, de Sergio Gobetti e Rodrigo Orair, do Ipea, as despesas do governo federal cresceram em termos reais a taxas acima do PIB nos últimos quatro mandatos presidenciais: em média, 3,9% no segundo mandato de FHC; 5,2% e 4,9% nos dois mandatos de Lula e 4,2% no primeiro mandato de Dilma, já contabilizando as "pedaladas".
Dentro desse total, os gastos com funcionalismo tiveram sua
menor expansão (0,2%) justamente no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Já o
total das despesas com benefícios sociais, incluindo aposentadorias e pensões
do INSS, seguro-desemprego, Bolsa Família e outros benefícios, cresceu 5,2% no
governo Dilma, ante 5,9% no segundo mandato de FHC, por exemplo.
Os investimentos públicos, que certamente fariam parte de qualquer plano que visasse o pleno emprego, passaram de uma expansão de 21,4% no segundo governo Lula para uma queda de 0,5% no primeiro mandato de Dilma.
O que causou a deterioração fiscal foi, portanto, o crescimento menor de receitas, que passou de 6,5% no segundo mandato de FHC para 5,2% e 4,9% nos dois governos Lula e apenas 2,2% no primeiro mandato de Dilma.
Concluído o ano eleitoral de 2014 –o único marcado por uma maior expansão de despesas–, o governo federal passou a se dedicar a solucionar o problema de falta de arrecadação tributária por meio do corte de gastos e investimentos públicos.
O que vimos desde então foi a escalada do desemprego e a queda do rendimento médio dos trabalhadores. A redução no consumo e o endividamento crescente das famílias, por sua vez, fizeram os lucros das empresas –também endividadas– e os investimentos privados despencar.
Como não poderia deixar de ser em tal cenário, a arrecadação tributária passou a sofrer quedas sucessivas, tornando o quadro fiscal muito mais grave do que aquele que deu origem à estratégia.
Em meio aos muitos erros que marcaram o primeiro governo Dilma –das manobras fiscais às desonerações tributárias pouco criteriosas e o represamento exagerado de tarifas–, a gastança desenfreada, enquanto política de pleno emprego, nem sequer aparece na foto.
Em vez dos "fatos alternativos" à la Donald Trump, mais carinho com os dados ajudaria no diagnóstico da crise e na busca das melhores saídas.
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