terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Romero Jucá e a “suruba selecionada”

Por Altamiro Borges

Na preparação do “golpe dos corruptos”, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) nunca criticou os abusos do Ministério Público Federal (MPF) e o partidarismo de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo contrário. Ele até incentivou estas práticas arbitrárias como forma de desgastar a presidenta Dilma e pavimentar o terreno para o impeachment. Numa conversa vazada com Sérgio Machado, ex-diretor da Petrobras, ele inclusive confessou que apenas o golpe poderia “estancar a sangria” das investigações sobre a corrupção na estatal. Por isto agora o chefão do PMDB, que inclusive foi defecado do “ministério de notáveis” do covil golpista, está preocupado com a “suruba selecionada” do STF.

Segundo matéria do Estadão nesta terça-feira (21), o líder de Michel Temer no Senado defende a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para retirar o foro privilegiado de magistrados e integrantes do MPF caso o STF leve adiante a proposta de restringir o foro de políticos somente para crimes cometidos no exercício do mandato eletivo. “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”, afirmou Romero Jucá ao jornalista Ricardo Brito. “A afirmação de Jucá – investigado na Lava Jato – foi uma reação à proposta em debate no STF de restringir o alcance da prerrogativa dos políticos ao mandato em exercício”, enfatiza o Estadão.

Sobre “suruba selecionada”, o chefão do PMDB entende bem. O senador participou ativamente da “suruba” que resultou no golpe do impeachment e que envolveu os “justiceiros” da Lava-Jato, os ministros tucanos do STF, os agentes partidarizados da Polícia Federal e um exército de “calunistas” da mídia golpista. De fato, é urgente restringir os poderes arbitrários do MPF, do STF e da PF – entre outros aparatos de coerção e hegemonia do Estado. Mas isto não significa salvar a pele da quadrilha que patrocinou o “golpe dos corruptos” e tomou de assalto o Palácio do Planalto. Romero Jucá adora as “surubas” quando elas são contrárias à democracia e ao voto popular. Agora, porém, ele deseja apenas “estancar a sangria” das investigações.

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