Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
É unânime a convicção de que o governo Michel Temer acabou.
Acabou mesmo, mas é contraditório que, justamente por isso, tenha se tornado extremamente perigoso nestes estertores finais.
Temer passou a mendigar qualquer apoio e o apoio que há disponível é aquele que vem dos empresários, dispostos a comprar barato a liquidação dos direitos do povo brasileiro.
Ontem, um anúncio de página inteira da Confederação Nacional da Industria, a CNI, faz um “comunicado” (comunicado, como aos empregados) à Nação, dizendo que “não pode haver retrocessos nos avanços duramente conquistados nos últimos meses”.
Não se preocupa em dizer quais foram os avanços “duramente conquistados nos últimos meses”, quem sabe o desemprego de 14 milhões de brasileiros, o aumento do déficit público ou a perda total da capacidade de investimento, público e privado, ou ainda o fim da proteção à indústria brasileira embutida na política de conteúdo nacional da Petrobras?
Aliás, que Petrobras, se esta só faz vender, fechar, paralisar?
Maria Cristina Frias, em sua coluna de hoje, na Folha, diz que as entidades empresariais ” se mobilizam para pressionar parlamentares a aprovarem as reformas trabalhista e da Previdência depois da crise política que afetou o governo federal”
Tradução possível para essa “mobilização” é a de que, no varejo, vão tentar a adesão que o governo Temer já não é capaz de dar-lhe no atacado. Com as fontes tradicionais de financiamento da política entupidas pelo processo de delações e escândalos, não é demais imaginar que se venha a comprar “picadinho” o que antes vinha a granel.
Na sua estupidez estratégica e esperteza tática, o empresariado – salvo cada vez mais raras exceções – eles anunciam que “não importa quem esteja no Executivo”, vão cuidar da formação de “suas” bancadas parlamentares.
Catando, em meio ao cenário de devastação política, os deputados que ainda estejam em condições de serem consumidos, ao menos até a eleição de 2018, quando irão para o lixo.
Diz a CNI que o fará “em estreita observância da Constituição Federal” naquilo que, para ela, é intocável: a eleição indireta de presidente neste ano e meio final. Período em que, claro, nada deverá ser observado, muito menos estritamente, no que há de “mexível” na Carta: os direitos da população e a preservação do patrimônio nacional.
Na carniça da presidência de Temer, as moscas excitam-se e parece demais querer que se entenda que nada pode solucionar a crise senão a reconstrução do principal pilar de qualquer governo: a legitimidade.
A elite empresarial brasileira, corroída pela financeirização de suas atividades, enriqueceu de dinheiro e empobreceu-se de projetos.
O país é uma feira, na hora da xepa, para comprar barato leis que, já meio podres, não duram para além de 2018.
É unânime a convicção de que o governo Michel Temer acabou.
Acabou mesmo, mas é contraditório que, justamente por isso, tenha se tornado extremamente perigoso nestes estertores finais.
Temer passou a mendigar qualquer apoio e o apoio que há disponível é aquele que vem dos empresários, dispostos a comprar barato a liquidação dos direitos do povo brasileiro.
Ontem, um anúncio de página inteira da Confederação Nacional da Industria, a CNI, faz um “comunicado” (comunicado, como aos empregados) à Nação, dizendo que “não pode haver retrocessos nos avanços duramente conquistados nos últimos meses”.
Não se preocupa em dizer quais foram os avanços “duramente conquistados nos últimos meses”, quem sabe o desemprego de 14 milhões de brasileiros, o aumento do déficit público ou a perda total da capacidade de investimento, público e privado, ou ainda o fim da proteção à indústria brasileira embutida na política de conteúdo nacional da Petrobras?
Aliás, que Petrobras, se esta só faz vender, fechar, paralisar?
Maria Cristina Frias, em sua coluna de hoje, na Folha, diz que as entidades empresariais ” se mobilizam para pressionar parlamentares a aprovarem as reformas trabalhista e da Previdência depois da crise política que afetou o governo federal”
Tradução possível para essa “mobilização” é a de que, no varejo, vão tentar a adesão que o governo Temer já não é capaz de dar-lhe no atacado. Com as fontes tradicionais de financiamento da política entupidas pelo processo de delações e escândalos, não é demais imaginar que se venha a comprar “picadinho” o que antes vinha a granel.
Na sua estupidez estratégica e esperteza tática, o empresariado – salvo cada vez mais raras exceções – eles anunciam que “não importa quem esteja no Executivo”, vão cuidar da formação de “suas” bancadas parlamentares.
Catando, em meio ao cenário de devastação política, os deputados que ainda estejam em condições de serem consumidos, ao menos até a eleição de 2018, quando irão para o lixo.
Diz a CNI que o fará “em estreita observância da Constituição Federal” naquilo que, para ela, é intocável: a eleição indireta de presidente neste ano e meio final. Período em que, claro, nada deverá ser observado, muito menos estritamente, no que há de “mexível” na Carta: os direitos da população e a preservação do patrimônio nacional.
Na carniça da presidência de Temer, as moscas excitam-se e parece demais querer que se entenda que nada pode solucionar a crise senão a reconstrução do principal pilar de qualquer governo: a legitimidade.
A elite empresarial brasileira, corroída pela financeirização de suas atividades, enriqueceu de dinheiro e empobreceu-se de projetos.
O país é uma feira, na hora da xepa, para comprar barato leis que, já meio podres, não duram para além de 2018.
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