Por Miguel Enriquez, no blog Diário do Centro do Mundo:
Ironicamente, Nunes, que também dá seus pitacos no noticioso Jornal da Manhã, foi apresentado aos ouvintes do Morning Show como uma voz que iria reforçar a diversidade ideológica do programa (pausa para uma gargalhada).
Afinal, quem acompanha suas múltiplas carreiras (blogueiro da Veja, âncora do Roda Viva e apresentador do programa Os Livres, da TV Cidade Verde, afiliada da Bandeirantes, no Mato Grosso) acostumou-se com as raivosas diatribes antipetistas e obscurantistas do personagem.
Por sua vez, numa emissora que abrigou e/ou abriga, profissionais do calibre de Rachel Sheherazade, Marco Antonio Villa e do próprio Azevedo, Nunes sentiu-se em casa para emitir barbaridades e massacrar a informação, sem compromisso com a verdade ou preocupação com o ridículo.
Um dos pontos altos de sua trajetória nestes poucos meses a serviço da Jovem Pan foi seu posicionamento de absoluto apoio à brutal intervenção policial promovida pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito João Dória na cracolândia, no domingo, 21 de maio, um dos pilares da política higienista da dupla tucana, a internação compulsória dos usuários de drogas da região, criticado por 10 entre 10 autoridades em saúde pública, à frente o médico Drauzio Varella.
Ao deitar falação sobre o tema, Nunes criticou os opositores dessas medidas, acusando-os de completo desconhecimento desse grave problema de saúde pública. Ao mesmo tempo, apresentou-se como uma espécie de autoridade no assunto, esgrimindo o fato de residir nas vizinhanças da cracolândia, isto é, na avenida São Luiz, um dos endereços mais caros da capital paulista (seria o mesmo que alguém que morasse nas imediações de um quartel se arvorasse em autoridade na arte da guerra ou do vizinho de um hospital que pretendesse sair receitando tratamentos a seus amigos e parentes).
Aos 67 anos de idade, o jornalista Augusto Nunes foi contratado pela rádio Jovem Pan no início deste ano para uma espinhosa missão: preencher a vaga aberta com a demissão do repórter investigativo de direita Claudio Tognolli no programa matinal de variedades da emissora, o Morning Show.
Biógrafo oficial de personalidades impolutas como o delegado Romeu Tuma Jr. e o cantor Lobão, Tognolli caíra em desgraça, supostamente, como ele mesmo revelou, por ter se indisposto com Reinaldo Azevedo, hoje na Bandeirantes, à época a estrela maior da guinada ultraconservadora da rádio, aprofundada a partir de 2014 pelo herdeiro e atual presidente da Pan, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o “Tutinha”.
Biógrafo oficial de personalidades impolutas como o delegado Romeu Tuma Jr. e o cantor Lobão, Tognolli caíra em desgraça, supostamente, como ele mesmo revelou, por ter se indisposto com Reinaldo Azevedo, hoje na Bandeirantes, à época a estrela maior da guinada ultraconservadora da rádio, aprofundada a partir de 2014 pelo herdeiro e atual presidente da Pan, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o “Tutinha”.
Ironicamente, Nunes, que também dá seus pitacos no noticioso Jornal da Manhã, foi apresentado aos ouvintes do Morning Show como uma voz que iria reforçar a diversidade ideológica do programa (pausa para uma gargalhada).
Afinal, quem acompanha suas múltiplas carreiras (blogueiro da Veja, âncora do Roda Viva e apresentador do programa Os Livres, da TV Cidade Verde, afiliada da Bandeirantes, no Mato Grosso) acostumou-se com as raivosas diatribes antipetistas e obscurantistas do personagem.
Por sua vez, numa emissora que abrigou e/ou abriga, profissionais do calibre de Rachel Sheherazade, Marco Antonio Villa e do próprio Azevedo, Nunes sentiu-se em casa para emitir barbaridades e massacrar a informação, sem compromisso com a verdade ou preocupação com o ridículo.
Um dos pontos altos de sua trajetória nestes poucos meses a serviço da Jovem Pan foi seu posicionamento de absoluto apoio à brutal intervenção policial promovida pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito João Dória na cracolândia, no domingo, 21 de maio, um dos pilares da política higienista da dupla tucana, a internação compulsória dos usuários de drogas da região, criticado por 10 entre 10 autoridades em saúde pública, à frente o médico Drauzio Varella.
Ao deitar falação sobre o tema, Nunes criticou os opositores dessas medidas, acusando-os de completo desconhecimento desse grave problema de saúde pública. Ao mesmo tempo, apresentou-se como uma espécie de autoridade no assunto, esgrimindo o fato de residir nas vizinhanças da cracolândia, isto é, na avenida São Luiz, um dos endereços mais caros da capital paulista (seria o mesmo que alguém que morasse nas imediações de um quartel se arvorasse em autoridade na arte da guerra ou do vizinho de um hospital que pretendesse sair receitando tratamentos a seus amigos e parentes).
Outra pérola da figura, desta vez uma demonstração de seu descompromisso com os fatos, aconteceu na edição desta quarta feira, 14, no Morning Show, por conta da denúncia da jornalista Miriam Leitão, que supostamente teria sido vítima de assédio e ofensas de militantes do Partido dos Trabalhadores num voo da Avianca.
Ao comentar o episódio, os integrantes do programa, Nunes entre eles, atribuíram a responsabilidade ao ex-presidente Lula, que teria insuflado a militância contra Miriam, em um discurso durante o Congresso do PT na semana passada – na verdade, Lula ridicularizou a funcionária da Globo, criticando-a pelas sucessivas bolas fora em seus comentários sobre economia.
Para reforçar o que acredita ser um viés antidemocrático do ex-presidente, Nunes, do alto de sua ignorância bem posta, mencionou o caso da analista Sinara Polycarpo, demitida pelo Santander, após Lula pedir sua cabeça, por enviar aos clientes do banco um relatório com projeções pessimistas para a economia brasileira diante de uma eventual vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais.
Detalhe: tratava-se, na verdade, da reeleição de Dilma e a demissão de Sinara ocorreu em julho de 2014, quatro anos depois de Lula ter deixado a presidência da República.
Além de cometer esse erro crasso, Nunes foi mais longe: depois de sustentar que o falecido Emilio Bottin, então presidente do banco espanhol, foi obrigado a colocar a funcionária no olho da rua, propôs que a indenização de R$ 450 mil obtida por ela na Justiça do Trabalho fosse bancada por Lula.
Ao comentar o episódio, os integrantes do programa, Nunes entre eles, atribuíram a responsabilidade ao ex-presidente Lula, que teria insuflado a militância contra Miriam, em um discurso durante o Congresso do PT na semana passada – na verdade, Lula ridicularizou a funcionária da Globo, criticando-a pelas sucessivas bolas fora em seus comentários sobre economia.
Para reforçar o que acredita ser um viés antidemocrático do ex-presidente, Nunes, do alto de sua ignorância bem posta, mencionou o caso da analista Sinara Polycarpo, demitida pelo Santander, após Lula pedir sua cabeça, por enviar aos clientes do banco um relatório com projeções pessimistas para a economia brasileira diante de uma eventual vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais.
Detalhe: tratava-se, na verdade, da reeleição de Dilma e a demissão de Sinara ocorreu em julho de 2014, quatro anos depois de Lula ter deixado a presidência da República.
Além de cometer esse erro crasso, Nunes foi mais longe: depois de sustentar que o falecido Emilio Bottin, então presidente do banco espanhol, foi obrigado a colocar a funcionária no olho da rua, propôs que a indenização de R$ 450 mil obtida por ela na Justiça do Trabalho fosse bancada por Lula.
0 comentários:
Postar um comentário