Foto: Handson Chagas |
A força da internet nos dias atuais foi o tema que abriu o segundo dia de debates do seminário Desafios da Comunicação nas Administrações Públicas, promovido pelo Centro de Mídia Barão de Itararé, em São Luís do Maranhão, neste sábado (26). Para especialistas, garantir o acesso da população à internet é ponto fundamental para a democracia e deve ser política pública.
A coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Renata Mieli, foi uma das palestrantes e defendeu que o primeiro desafio é garantir o acesso à internet de modo democrático para a sociedade, acompanhando pela política de fomento do uso e de ações do poder público em produzir habilidade, apropriação do uso da tecnologia.
“No campo do acesso, é um gargalho estrutural”, apontou. Segundo ela, temos 34 milhões de domicílios conectados à internet, sendo que a maioria esmagadora é por meio do celular.
Renata lembrou que o setor privado aliado ao atual governo caminham na direção contrária da democratização do acesso. A proposta é transformar a banda larga de internet fixa em um serviço de dados nos moldes dos serviços oferecidos em smartphones. Significa dizer que, diferentemente do acesso livre em que é vendido o serviço de velocidade, a população terá acesso à internet, mas limitando o serviço.
“O modelo de dados é excludente. Temos que prestar atenção nas políticas, pois há poucos instrumentos de universalização e de acesso à internet. Colocaram na mão da iniciativa privada a tarefa de fazer essa expansão”, disse ela, advertindo que os interesses privados estão longe de atender às necessidades da população nesse processo de democratização. “O poder público também tem que agir”, reforçou.
Para o jornalista e editor da revista Fórum, Renato Rovai, o “desafio das administrações públicas é ter um maior alcance para aumentar a conexão com a população de forma que a população possa interagir, participar”.
O jornalista e professor Leandro Fortes apontou as transformações que os meios de comunicação viveram por conta da revolução tecnológica. Citou como exemplo a forma de apuração da informação, em que o jornalista tinha que ir até a Secretaria da Fazenda de um Estado para levantar um dado do orçamento, por exemplo, e hoje faz isso diretamente da redação por meio da internet.
“A internet é uma força motriz que modificou a relação das pessoas com a informação”, frisou o professor. “Saímos da revolução industrial e entramos na revolução virtual rapidamente”, disse ele.
Para Leandro Fortes, as administrações públicas ainda não acompanharam essa mudança. Ele citou o release, instrumento de informações em que o conteúdo de informação enviado pelas secretarias de comunicação antecipando notícia ou dados aos meios de comunicação.
“Release não é notícia”, declarou ele, apontando que diante das novas formas de comunicação, quem ganhou foi o usuário, que não tem mais a intermediação exclusiva do jornalista para ter acesso à informação. “É sem filtro e as pessoas avaliam a informação pura. Os processos estão se exaurindo graças a internet”, afirmou.
E acrescenta: “Essa força da internet que modificou a relação das pessoas com os meios, que antes era só feito pela seção de cartas”.
Redes sociais
Especialista em redes sociais, Juan Pessoa falou sobre a ações práticas promovidas pelo governo do Maranhão na tentativa levar informação a um número maior de pessoas, furando o bloqueio da mídia privada, que trata a informação como mercadoria.
Apresentou dados que mostram que, em 2005, o tempo médio em que o brasileiro permanece conectados à internet por 4 horas e que 67% dos brasileiros usam a internet para se informar, tendo o smartphone como principal meio. Ele também citou que o horário de maior acesso é entre 11 horas e meio-dia.
Citando o geografo Milton Santos, Juan destacou que a estratégia adotada no Maranhão é disputar espaço e ocupar território, “criando novos pontos e novos modos”.
“Quando se fala em território falamos de espaço, o Facebook é, portanto, um território”, frisou. “É preciso avançar na regionalização e municipalização. E pode ir além, falar com mulheres de 15 a 30 anos, ou seja, produzir um conteúdo para chegar ao que é de direito dele na informação”.
Ele salientou, no entanto, que “a técnica de comunicação não se sobrepõe à política”. “Estamos em função de um conteúdo baseado em realizações”, destacou.
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