domingo, 17 de dezembro de 2017

Aliados entregam Gilmar Mendes às baratas?

Do blog Nocaute:

Alguns meses atrás, o jornalista Lucas Ferraz, o mesmo que revelou o caso do aeroporto de Cláudio (MG), onde o governo de Minas Gerais gastou R$ 14 milhões para construir um aeroporto dentro da fazenda do tio de Aécio Neves que à época era governador do Estado, publicou pela Agência Publica uma matéria na qual mostra a aquisição pelo governo do Mato Grosso da faculdade criada por Gilmar Mendes e sua família em Diamantino, no interior do estado. A ação é alvo de inquérito civil do Ministério Público que apura a legalidade do negócio, fechado há quatro anos ao custo de R$ 7,7 milhões.

Quase seis meses depois da publicação da matéria de Lucas, a Revista Veja e a IstoÉ resolveram expor o caso em suas edições. Na IstoÉ, o ministro é matéria de capa sob o título: “A suspeita transação de Gilmar Mendes”. Segundo a revista, o Ministério Público “vê indícios de ilegalidades na venda da universidade para o governo do Mato Grosso”. Além da suspeita de superfaturamento, o negócio foi realizado sem a autorização da Assembleia Legislativa e com recursos extra-orçamentários do Estado, afirma a matéria.

Outra questão que chamou a atenção do Ministério Público foi a diferença na metragem do terreno informada pela irmã de Gilmar Mendes em comparação com a metragem feita pelos técnicos do governo. “A referida unidade de ensino foi previamente avaliada pela Coordenadoria de Avaliação de Imóveis com área total 164.852,49m2 e área construída de 5727,93m2 (4.967,93m2 edifício e 760m2 galpão). Porém, ao ofertar a referida unidade ao Estado, a sócia diretora da UNED, Maria da Conceição Mendes França, especificou metragem distinta, a saber: área total de 16.4852 ha e área construída de 7.565,2lm2”.

Na revista Veja, uma matéria de quase dez páginas questiona o envolvimento de Gilmar Mendes com os executivos da JBS. “Como magistrado, Gilmar Mendes é implacável com a JBS e os irmãos Batista. Mas, em privado, a relação entre eles reúne um histórico de vultosos patrocínios, favores e até um inusitado caso de lobby”, afirma a revista. Através de imagens de câmeras de segurança, a matéria mostra encontro de Gilmar Mendes com Joesley Batista no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Gilmar é sócio do Instituto com seu filho Francisco Schertel Mendes. Patrocínios são a principal fonte de renda do Instituto, que fatura em média, R$20 milhões por ano.

Segundo a reportagem da Veja alguns colegas de Gilmar Mendes, que pediram para não ser identificados para evitar animosidades na corte, acham que a situação é imprópria. Diz um deles: ”Essa circunstância traz constrangimento. Embora evitemos verbalizar o assunto, esse sentimento é geral”. Para Gilmar Mendes não há problema algum em ele ser sócio do IDP, “Não vejo nenhum problema (em ser ministro do Supremo e sócio do IDP). Eu era professor antes de ser ministro”, disse ele.

Na IstoÉ, o ministro é chamado de “o unânime”, por conta de sua atuação desagradar tanto a esquerda como a direita. O que será que houve no ninho das serpentes? Estão jogando Gilmar às baratas.

* Leia a reportagem de Lucas Ferraz para a Agência Publica:

https://apublica.org/2017/06/a-faculdade-estatizada-no-mato-grosso/

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