Charge: Venes/Carta Capital |
Há na Terra plana um país chamado Brasil onde ninguém passa “fome de verdade”.
Ao menos é o que pode pensar o leitor dos jornais, hoje.
Salvo pelas capas do Extra e de O Globo, nenhum deles traz destaque para o fato de Jair Bolsonaro ter dito que não se passa fome no Brasil, embora cada repórter, redator, editor e o que mais houver de bam-bam-bans em cada um deles já tenha sido abordado, na rua, numa lanchonete ou num restaurante por alguma sombra humana que lhe peça um pão, um salgado, uma quentinha ou marmitex.
“A dor da gente não sai no jornal”, cantou o Chico Buarque, se é que àquelas fantasmagorias concedem o nome de gente.
Não é só Bolsonaro que carrega o mal da indiferença ao ser humano; ele apenas leva a desumanidade a ser a idolatria dos insensíveis, porque acham-se soberbos, já que nada lhes falta.
A fome, para eles, não existe de verdade porque a verdade não existe, o que há apenas é preguiça, vagabundagem, devassidão ao “botar filhos no mundo”.
E, afinal, o “líder” já isentou de impostos a whey protein e só não fica “bombadão” quem não quiser.
Mas como coração e cérebros só se lhes atrofiam, esquecem que há 70 anos alguém perdeu uma eleição porque acreditaram que ele não precisava dos “votos dos marmiteiros”, como alguém, agora, não terá o voto dos famintos.
Afinal, ele diz, “não há fome de verdade” no Brasil.
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