sábado, 24 de novembro de 2018

A rainha de Copas cortará cabeças

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O desenho que se vai esboçando – ou já bem esboçado, a esta altura – do que será o governo Jair Bolsonaro vai, cada vez mais, lembrando o trecho de “Alice no país das Maravilhas” em que surge a Rainha de Copas, que traduz seu poder e seu mando em apenas uma recorrente frase: “Cortem-lhe a cabeça!”.

A corte do ex-capitão, tem três categorias. Ou apenas duas, se quisermos ser mais rigorosos e desconsiderarmos a família, que exerce, nela, ministérios sem pasta, mas com poder.

As eleições no meio do mandato de Trump

Charge: Antonio Rodriguez
Por Kjeld Jakobsen, na revista Teoria e Debate:

As chamadas midterm elections (eleições de meio de mandato) nos Estados Unidos ocorreram no último dia 6 de novembro. Nesse país, há eleições legislativas a cada dois anos e presidenciais a cada quatro. O mandato dos deputados é de dois anos, e o dos senadores, seis. O mandato dos governadores é de quatro anos, mas as eleições não coincidem necessariamente com as presidenciais. Dessa forma, as eleições de 2018 renovaram os mandatos de toda a Câmara de Deputados federais, de um terço do Senado e de 36 governos estaduais, além de eleger deputados e senadores estaduais, prefeitos e vereadores.

O lugar de Temer na história do Brasil

Por Rodrigo Perez Oliveira, no site Jornalistas Livres:

Michel Temer está se despedindo do Palácio do Jaburu. Pois sim, apesar do grande esforço para ser presidente, mesmo sem voto, Temer não quis morar no Palácio do Planalto. Ficou com medo dos fantasmas, dizem as boas línguas. Deve ser um lugar com energia carregada mesmo.

Resta saber qual será o destino de Temer: a cadeia ou algum cargo no governo de Jair Bolsonaro. Só o tempo dirá. O que dá pra fazer agora é tentar entender os impactos do governo de Michel Temer na sociedade brasileira.

Qual é o lugar de Michel Temer na história do Brasil?

A calculada crueldade contra o Mais Médicos

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Vamos reconhecer que num país no qual a saúde pública atingiu um nível de calamidade pública, o ataque de Jair Bolsonaro ao programa Mais Médicos é uma iniciativa que está além do debate ideológico. O argumento de que o programa se destina a "financiar" a ditadura cubana tem a lógica da crueldade, este elemento político que busca se fortalecer pela ausência explícita de compaixão.

"O Mais Médicos é o Bolsa Família da saúde pública", define Eduardo Tadeu Pereira, atual diretor da Associação Brasileira de Municípios, ex-prefeito de Várzea Grande, em São Paulo, um dos pioneiros na defesa do programa.

O Brasil submisso aos Estados Unidos

Editorial do site Vermelho:

Os sinais emitidos pelo presidente eleito Jair Bolsonaro e sua equipe indicam que o governo da direita, que tomará posse em 1º de janeiro de 2019, seguirá uma política externa vexatória. Na outra ponta desta relação de submissão aos Estados Unidos, as autoridades de Washington não se fazem de rogadas e apresentam suas exigências. Que estão expostas com clareza na entrevista do ex-embaixador no Brasil e alto funcionário da diplomacia estadunidense, Thomas Shannon, publicada nesta quinta-feira (22) no jornal Folha de São Paulo.

Quantas privatizações Bolsonaro prometeu?

Por Jean Wyllys, no site Mídia Ninja:

Nos EUA, o presidente Trump, em plena guerra comercial com os chineses, saiu de acordos multilaterais de livre-comércio, aplicou gigantescas barreiras tarifárias para garantir a produção com conteúdo nacional e lançou um mega programa de desonerações fiscais, e também tem conseguido garantir baixo desemprego e crescimento.

Em Israel, que é o país economicamente mais avançado no Oriente Médio, o Banco Central não mantém o câmbio flutuante, as tarifas de importação são pesadas e o Estado não só tem forte papel indutor na economia como é também administrador de boa parte de setores importantes, como transportes, infra-estrutura, energia etc.

A propósito da "Escola Sem Partido"

Por Lejeune Mirhan, no site da Fundação Maurício Grabois:

A direita tem utilizado o termo “escola sem partido”. Eles saíram na frente e se apropriaram de um slogan que tem tido certo apelo popular, pois leva um cidadão com informações medianas a apoiar a proposta por achar que a escola esta sendo “aparelhada” por partidos políticos de esquerda. O projeto eleitoral vencedor no segundo turno das eleições em 28 de outubro é claramente fascista, autoritário. E esta claro que aprovar uma legislação que restrinja as liberdades de discussões nas escolas passa a ser prioritário para esse grupo que venceu o pleito. Na prática, o que eles querem é “uma escola só com um partido, o deles”.


A campanha suja contra os médicos cubanos

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Por uma destas infelizes coincidências, nesta mesma quarta-feira em que o governo brasileiro abriu as inscrições para contratar 8,5 mil profissionais brasileiros em lugar dos cubanos que estão voltando ao seu país, recebi da amiga Valeria de Britto Mello um texto meu publicado no Balaio em 2013, logo após a implantação do programa Mais Médicos.

Ali já estava bem claro que, enquanto o governo de Dilma Rousseff e os médicos cubanos se dedicavam aos pacientes desassistidos nos grotões e nas periferias, a classe médica nativa estava mais interessada em garantir a reserva de mercado.

Um país sem educação

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Não existe nada mais importante para o Brasil que a educação. Infelizmente, o presidente eleito Jair Bolsonaro sabe disso, e como não gosta do país, está fazendo de tudo para destruir o setor. O recente vaivém na indicação do ministro responsável pela pasta – método que se tornou regra, voltando atrás de decisões e culpando os outros por suas barbeiragens – teve pelo menos desta vez o mérito da clareza. Ele não voltou atrás para melhorar sua decisão, foi exatamente o contrário.

Saída de cubanos afeta centros urbanos

Por Wagner de Alcântara Aragão, no site Brasil Debate:

Os mais de 8 mil cubanos do Mais Médicos começam a deixar o Brasil nesta segunda quinzena de novembro, convocados pelo governo de Cuba em resposta à hostilidade do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e seus apoiadores, para com os profissionais do país irmão. A partida dos latino-americanos prejudicará a assistência à saúde em quase 1,5 mil municípios nas cinco regiões brasileiras. Segundo o Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, 611 cidades correm o risco de ficar sem nenhuma equipe médica.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A nova direita e a batalha ideológica

Do site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Panorama completo dos aparelhos organizativos das classes dominantes no Brasil da década de 1980 até os dias atuais, o livro A nova direita - Aparelhos de ação política e ideológica no Brasil contemporâneo (Expressão Popular), de autoria do professor Flávio Casimiro, será lançado na quarta-feira, 28 de novembro, em São Paulo. A atividade tem início às 19h30 e ocorre no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé (Rua Rego Freitas, 454, sala 83, próximo ao metrô República).

O silêncio do STF diante do bolsonarismo

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Há algo de podre no silêncio do STF diante da quantidade colossal de barbaridades perpetradas por Bolsonaro e companhia.

Onde estão Gilmar Mendes e suas diatribes? Segundo Gilmar, o PT tinha um ‘plano perfeito’ para se ‘eternizar’ no poder. Deu no que deu.

Cinco ministros anunciados são ou foram alvos de investigação: Onyx Lorenzoni, Luiz Henrique Mandetta, Tereza Cristina, Paulo Guedes, Marcos Pontes.

Cadê Luiz Fux, que repetiu sem parar que Lula era um “candidato condenado em segunda instancia inelegível”?

O PFL no poder

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

O nome atual é Democratas, apelido DEM, mas o partido que se torna agora sócio majoritário de Bolsonaro no poder – noves fora o PSL, por enquanto um ajuntamento – foi o velho PFL, a dissidência do PDS, partido da ditadura, que caiu fora quando o regime perdeu os dentes, juntando-se ao PMDB para eleger Tancredo.

Faz todo sentido o reencontro num governo que, chefiado por um civil eleito, tem forte prevalência militar.

Esquartejar Caixa vai levar Brasil ao caos

Charge: Marcio Baraldi
Por Cláudia Motta, na Rede Brasil Atual:

Em dezembro de 2014 a Caixa Econômica Federal tinha 101.484 empregados para atender 78 milhões de clientes. Hoje são 86.427 e esse número deve cair para menos de 85 mil bancários para cuidar de 102,6 milhões de contas.

Isso porque o banco público, responsável pela gestão do FGTS e de programas sociais como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), anunciou mais um programa de desligamento de empregados (PDE) com o objetivo de cortar 1.626 postos de trabalho. Segundo comunicado da Caixa, a adesão dos bancários interessados deverá ocorrer entre 26 e 30 de novembro.

Vem aí a Internacional Progressista

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

O avanço da extrema-direita e de líderes autoritários pelo mundo, cujo símbolo maior é o norte-americano Donald Trump, tem feito a festa da turma do 1% mais rico, enquanto os trabalhadores enfrentam condições de vida cada vez difíceis.

Essa é a visão dos idealizadores de uma frente progressista internacional a ser lançada nos próximos dias com a provável presença do petista Fernando Haddad.

Por trás da iniciativa estão o senador dos EUA Bernie Sanders, um autodeclarado socialista ainda ativo em seus 77 anos, e o economista grego Yanis Varoufakis, ministro da Fazenda do governo de esquerda de seu país em 2015 que em vão lutou contra a ortodoxia econômica europeia.

O pseudodilema obtuso na política externa

Por Marcelo Zero, no blog Viomundo:

E continua, impávido anão, o FEBEAPÁ sobre política externa no país.

Não bastassem as trapalhadas sem fim da armada Bolsoleone e de seu chanceler inquisidor, agora surge na imprensa, aqui e acolá, a percuciente “tese” de que o Brasil “terá” necessariamente de escolher entre alinhar-se à China ou aos EUA, em sua política externa.

De onde surgiu essa “coisa”, não sei. Só sei que se trata de um pseudodilema de evidente obtusidade.

Lava-Jato abre novas frentes contra o PT

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

Fiquem atentos para a série de ações desencadeadas nos últimos dias.

1) Lava Jato tornou Fernando Haddad réu por corrupção (ver documento aqui).

2) Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras, acusado pela Lava Jato de ser o responsável pela entrega de propinas ao PT, recebe nova condenação da juíza Gabriela Hardt (documento aqui). O fato produz série de matérias na grande imprensa associando o PT à corrupção.

Dependência nossa, imperialismo deles

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Neste Dia da Consciência Negra (20 de novembro) quero fazer minha homenagem aos negros brasileiros apresentando minha visão do imperialismo moderno, que se realiza através de sansões econômicas e hegemonia ideológica – com a conivência de nossas elites periféricas dependentes. Minha visão da dominação moderna, neoliberal, que tem como principais prejudicados no Brasil seu povo negro.

O imperialismo moderno – dos países ricos ou industriais – sobre os demais países ou sociedades pré-capitalistas passou por fases desde que foi inaugurado pelo Reino Unido e pela França em meados do século XIX. Só então, depois de haverem realizado sua revolução industrial e capitalista, esses países tiveram forças suficientes para dominar os impérios tradicionais da Ásia e da África e reduzi-las à condição de colônia, na Índia, por exemplo, ou de quase-colônia, na China. Antes disso, no século XVI, Espanha e Portugal, no quadro do mercantilismo, precisaram de menor poderio econômico e militar para conquistar as sociedades primitivas ou pouco desenvolvidas da América Latina.

A legitimação da cultura da violência

Por Leonardo Boff, em seu blog:

A campanha eleitoral de Jair Bolsonaro para a presidência de República se caracterizou pela pregação de muito ódio, exaltação da violência a ponto de ter como herói um dos mais perversos torturadores, Brilhante Ustra e admirar a figura de Hitler. Fez ameaças aos opositores que não teriam outra alternativa senão a prisão ou o exílio. Pregou ódio a homoafetivos, aos negros e negras e aos indígenas. O Movimento dos Sem Terra e dos Sem Teto seriam considerados terroristas e como tal tratados. Os quilombolas nem serviriam para reprodução. Foram ofensas sobre ofensas a vários grupos de pessoas e minorias políticas. Talvez a maior desumanidade mostrou quando disse às mães chorosas que procuravam corpos e ossos de seus entes queridos desaparecidos pela repressão por parte dos órgãos de controle e repressão da ditadura militar: “quem procura ossos são os cães”, Bolsonaro disse.

Toffoli e a tutela militar

Por Jeferson Miola, em seu blog:                     

Quando foi anunciado como Ministro da Defesa por Bolsonaro em 13/11/2018, o general Fernando Azevedo e Silva exercia o cargo de Assessor Especial, nível CJ-3, no gabinete do presidente do STF, Dias Toffoli [Portaria de nomeação nº 265, de 27/9/2018].

Não é o caso de se questionar as habilidades, o caráter ou os atributos profissionais do ex-Chefe do Estado-Maior do Exército; mas sim de se interrogar sobre a presença, no mínimo insólita, de um general do Exército como Assessor Especial da presidência da Suprema Corte – fato, aliás, sem precedentes nem mesmo nos períodos ditatoriais.