quarta-feira, 25 de janeiro de 2023
Democracia e soberania demandam coragem
Charge: Henfil |
Os terríveis acontecimentos do dia 8 de janeiro voltaram a colocar em discussão o papel das forças armadas na vida nacional, pois não há dúvida de que militares da reserva e da ativa tiveram algum grau de participação na pior agressão sofrida pela democracia brasileira desde a ditadura militar.
No esteio do choque nacional e mundial com a violenta e covarde tentativa de golpe de Estado, produziram-se muitos artigos com críticas severas às forças armadas.
Alguns chegaram a afirmar que essas forças, além de serem muito dispendiosas, não servem para nada e, por conseguinte, poderiam ser extintas.
Obviamente, isso seria um erro crasso. Os países que não têm realmente forças armadas constituídas são muito poucos.
As conexões tenebrosas do bolsonarismo
Charge: José Augusto Camargo |
Se Jair Bolsonaro já pensava em não voltar ao Brasil para responder à Justiça pelos muitos crimes que cometeu no exercício da Presidência, a revelação do genocídio programado dos índios Ianomami deve reforçar essa disposição de fuga.
O ministro do STF Gilmar Mendes está dizendo que "a apuração de responsabilidades é urgente".
Em seu plano de impunidade pela fuga, ele continuará contando com suas conexões internacionais tenebrosas, e especialmente com o apoio da extrema direita americana-cubana, que teve papel relevante na produção do ambiente político e na longa lista de ações golpistas que levaram ao 8 de janeiro no Brasil, em tudo semelhante ao ataque ao Capitólio americano em 6 de janeiro de 2021.
Na Europa, sobe a temperatura dos conflitos
Reprodução da internet |
Um grande número de brasileiras e brasileiros ainda vê a Europa como um manso lago de tranquilidade em meio às convulsões mundiais.
É verdade que se há conflitos raciais, eles não são tão dramáticos como o dos Estados Unidos. Se há violência armada, ela não é tão comum como, de novo, a dos Estados Unidos. Se há tensões sociais, pobreza e desigualdades, não são tão gritantes como na América Latina e na África. Se há polarização política, ela não é tão grande como a que existe no Brasil, e assim por diante.
Mas o fato é que a temperatura das tensões e conflitos está subindo no continente europeu.
Propostas para democratizar a comunicação
Por Akemi Nitahara, na Agência Brasil:
Fortalecer a rede de comunicação pública e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ampliar o fomento da comunicação regional e popular e reformar o decreto 2.615 de 1998, que regulamenta o Serviço de Radiodifusão Comunitária no país, instituído pela Lei 9.612 de 1998. Estas foram algumas das reivindicações apresentadas por entidades ligadas à democratização das comunicações que participaram hoje (24) de uma roda de diálogo sobre o tema no Fórum Social Mundial, que começou ontem em Porto Alegre.
Relançamento da integração latino-americana
Chefes de governo de 33 países assinam Declaração de Buenos Aires (24/01/23). Foto: Ricardo Stuckert/ABr |
“Nada deve nos separar” - Presidente Lula na VII Cúpula da Celac
“A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações” - Constituição brasileira, artigo 4º
O retorno do Brasil à Celac marca o relançamento da integração latino-americana e a retomada de uma perspectiva decolonial e soberana de desenvolvimento no hemisfério.
A Celac, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, foi criada em fevereiro de 2010 como reflexo, sobretudo, da convergência geopolítica dos principais governos progressistas e antineoliberais da América do Sul.
Ao lado de Lula, outros governantes sul-americanos como Néstor e Cristina Kirchner, Hugo Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa e Tabaré Vázquez tiveram papel relevante na concretização desta iniciativa de dimensão hemisférica.
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
Joaquim Barbosa detona o general Mourão
Charge: Fraga |
O general Hamilton Mourão, que foi humilhado no cargo decorativo de vice-presidente pelo “capetão” Jair Bolsonaro e depois se elegeu senador pegando carona oportunisticamente na cavalgada bolsonarista no Rio Grande do Sul, segue produzindo cenas deploráveis e vexaminosas na política. Em entrevista à Folha no sábado (21), o milico criticou o presidente Lula por ter demitido o insubordinado comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, afirmando que a medida seria “péssima para o país”.
Sua opinião desqualificada gerou fortes reações. A mais incisiva, porém, foi a do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa – que nem de longe pode ser identificado como um simpatizante de Lula. Pelas redes sociais, o ministro aposentado do STF detonou o milico-fascistoide:
Nova greve na TV do “apóstolo” Valdemiro
Por Altamiro Borges
Iniciada em 12 de janeiro, a nova greve dos funcionários da TV Mundial, pertencente a Valdemiro Santiago – o mercador da fé arrogante que se autodenomina “apóstolo” –, segue em curso sem perspectiva de solução. No sábado passado (21), os grevistas lançaram um manifesto reafirmando sua disposição de luta:
“Somos trabalhadores e trabalhadoras da Igreja/TV Mundial e há mais de três anos enfrentamos o descaso no que se refere aos atrasos recorrentes nos salários e benefícios. A gota d'água para que fosse decretada a greve, a partir da 0h do dia 12 de janeiro, é que, além dos atrasos recorrentes, nem o décimo terceiro salário nos foi pago”.
Iniciada em 12 de janeiro, a nova greve dos funcionários da TV Mundial, pertencente a Valdemiro Santiago – o mercador da fé arrogante que se autodenomina “apóstolo” –, segue em curso sem perspectiva de solução. No sábado passado (21), os grevistas lançaram um manifesto reafirmando sua disposição de luta:
“Somos trabalhadores e trabalhadoras da Igreja/TV Mundial e há mais de três anos enfrentamos o descaso no que se refere aos atrasos recorrentes nos salários e benefícios. A gota d'água para que fosse decretada a greve, a partir da 0h do dia 12 de janeiro, é que, além dos atrasos recorrentes, nem o décimo terceiro salário nos foi pago”.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
Metade dos golpistas já saiu da cadeia
Reprodução da internet |
Os fanáticos bolsonaristas, que clamam por ditadura militar, amam a tortura e rosnam contra os direitos humanos, deram sorte de viver em uma democracia. O jornal Estadão, em matéria do repórter André Borges, informa que “dois domingos após os atos golpistas que destruíram os prédios dos Três Poderes, em Brasília, praticamente metade dos extremistas que foram detidos pelas forças policiais já não está detida na prisão”.
A democracia em risco
Charge: Alex Bannykh |
Não nos iludamos de novo: nossa frágil democracia continua em risco. Recordo do governo João Goulart e suas propostas de reformas de base, ao início da década de 1960. As Ligas Camponeses levantavam os nordestinos. Os sindicatos defendiam com ardor os direitos adquiridos no período Vargas. A UNE era temida por seu poder de mobilização da juventude.
Era óbvia a inquietação da elite brasileira. Passou a conspirar articulada no IBAD, no IPES e outras organizações, até eclodir nas Marchas da Família com Deus pela Liberdade. Contudo, o Partido Comunista Brasileiro tranquilizava os que sentiam cheiro de quartelada – acreditava-se que Jango se apoiava num esquema militar nacionalista. E, no entanto, em março de 1964 veio o golpe militar. Jango foi derrubado, a Constituição, rasgada; as instituições democráticas, silenciadas; e Castelo Branco empossado sem que os golpistas disparassem um único tiro. Onde andavam “as massas” comprometidas com a defesa da democracia?
O general Etchegoyen e a covardia
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil |
Setores das Forças Armadas, certamente frustrados com o fracasso do atentado no domingo infame, encontraram um porta-voz para mandar recados em tom de ameaça ao presidente Lula. Trata-se do general da reserva Sérgio Etchegoyen, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do golpista Michel Temer.
Etchegoyen emergiu das sombras, onde atua com desenvoltura, e reapareceu num programa de entrevistas para afrontar Lula. Disse que o presidente praticou “ato de profunda covardia” ao manifestar a desconfiança de que militares tenham sido coniventes com a invasão e depredação do Palácio do Planalto.
Ação contra golpistas é a maior da história
Charge: Toni |
Os números da megaoperação impressionam: 943 prisões preventivas decretadas e 454 pessoas liberadas, mas usando tornozeleiras, sem acesso às redes sociais e com passaportes confiscados, enquanto seguem sendo investigadas.
E, ao que tudo indica, os que participaram da destruição golpista das sedes dos Três Poderes passarão uma longa temporada na cadeia, pois responderão pelos seguintes crimes:
1) Crime contra o estado democrático: tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o estado democrático de direito. Pena: prisão de quatro a oito anos.
2) Golpe de estado: tentar depor, com emprego de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. Pena: de quatro a 12 anos.
Sai dessa, Mourão
Charge: Bira Dantas |
Até pouco antes da meia-noite, o general Hamilton Mourão não havia oferecido resposta ao ex-ministro Joaquim Barbosa, que definiu como “hipocrisia” a sua crítica à demissão do chefe do Exército por Lula.
Fica complicada a situação de Mourão. Primeiro, porque sua ala no Exército foi derrotada com o expurgo de um omisso diante da tentativa de golpe.
Segundo porque Barbosa tem reputação junto à esquerda e à direita e não pode ser acusado de ser aliado do PT ou de Lula, ou estaremos desconhecendo a História e o caso do mensalão.
Mourão também se complica porque sua situação não se restringe à questão do golpe, mas também à situação do povo yanomami, condenado à fome e à morte pelo governo do qual ele foi vice-presidente.
Fica complicada a situação de Mourão. Primeiro, porque sua ala no Exército foi derrotada com o expurgo de um omisso diante da tentativa de golpe.
Segundo porque Barbosa tem reputação junto à esquerda e à direita e não pode ser acusado de ser aliado do PT ou de Lula, ou estaremos desconhecendo a História e o caso do mensalão.
Mourão também se complica porque sua situação não se restringe à questão do golpe, mas também à situação do povo yanomami, condenado à fome e à morte pelo governo do qual ele foi vice-presidente.
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